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Resenha Bordieu A Dominação Masculina

Por:   •  26/5/2019  •  Resenha  •  947 Palavras (4 Páginas)  •  369 Visualizações

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Resenha do B        ORDIEU Pierre. A Dominação Masculina por: KUHNER Maria Helena. Rio de Janeiro: B Brasil, 2005.

Resenha por: Jéssica Ribeiro da Silva França

  Bourdieu alega ter como incentivo à sua obra o porquê de não haver um maior número de transgressões ou subversões, sendo a ordem do mundo grosso modo respeitada e facilmente perpetuada, juntamente com seus privilégios, injustiças e relações de dominação; dentre estas, a masculina, para ele, exemplo por excelência desta submissão paradoxal.

    A dominação masculina é definida pelo autor como uma violência simbólica, invisível as próprias vítimas e especialmente aplicada pelas vias simbólicas da comunicação e do conhecimento; sendo as instâncias fator principal para a elaboração e imposição de seus princípios, exercidos inclusive no universo privado como a Escola e o Estado, campos de ação que, para o Bordieu, devem ser o foco principal nas lutas feministas.

De acordo com o autor, a questão principal é a revelação dos processos responsáveis pela transformação da história em natureza, do arbitrário cultural em natural; devolvendo, assim, à diferença entre o masculino e feminino seu caráter puramente arbitrário e contingente. As aparências biológicas, conjugadas aos efeitos reais nos corpos e mentes, do “longo trabalho coletivo de socialização do biológico e de biologização do social”, seriam propícios na inversão dos efeitos e causas, naturalizando, assim, essa construção social.

Dessa forma, segundo o autor, durante a socialização homens e mulheres incorporam, como esquemas inconscientes de percepção e apreciação, as estruturas históricas da ordem masculina; arriscando-se, portanto, quando buscando compreender o fenômeno utilizam de modos de pensamento que são também produtos dessa mesma dominação.

Para prevenir que esse círculo vicioso continue, é indispensável que haja a quebra da familiaridade enganosa de nossa tradição alcançando a necessária “objetivação do sujeito da objetivação científica”. O autor relata que essa relação social de dominação dificilmente aflora-se na consciência dos envolvidos, como parte de sua própria constituição ou de um sistema de relações de sentido aparentemente independentes de qualquer relação de força:

Arbitrária em estado isolado, a divisão das coisas e das atividades (...) segundo a oposição entre o masculino e o feminino recebe sua necessidade objetiva e subjetiva de sua inserção em um sistema de oposições homólogas, alto/baixo, em cima/embaixo, na frente/atrás (...). Esses esquemas de pensamento, de aplicação universal, registram como que diferenças de natureza, inscritas na objetividade, das variações e dos traços distintivos (...) que eles contribuem para fazer existir, ao mesmo tempo que as “naturalizam” (...); de modo que as previsões que elas engendram são incessantemente confirmadas pelo curso do mundo.

Segundo Bourdieu, essa concordância entre as estruturas objetivas e cognitivas, entre a “conformação do ser e as formas do conhecer, entre o curso do mundo e as expectativas”, faz com que a divisão entre os sexos  seja algo aparentemente natural e inevitável; objetivamente presente em tudo que nos cerca, nos objetos, no social, e também incorporada nos corpos e hábitos dos sujeitos.

É comum aos dominantes, de acordo com o autor, a tendência a apresentar como universal sua maneira particular de ser; sendo uma evidência da força da dominação masculina o fato de que esta dispensa qualquer justificação. A ordem social ratifica essa dominação de maneira concreta ,inclusive quanto à estruturação do espaço e do tempo, por meio da divisão social do trabalho, cujas características são bastante distintas para os dois sexos. Assim, “as disposições (habitus) são inseparáveis das estruturas (...) que as produzem e reproduzem, tanto nos homens como nas mulheres” e a “violência simbólica se institui por intermédio da adesão que o dominado não pode deixar de conceder ao dominante”.

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