Epidemiolgia Da Febre Aftosa No Brasil
Pesquisas Acadêmicas: Epidemiolgia Da Febre Aftosa No Brasil. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Penca • 19/6/2014 • 9.559 Palavras (39 Páginas) • 477 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
A febre Aftosa (FA) também conhecida como doença do pé e da boca (foot and mouth disease) foi descoberta na Itália no século XVI. No século XIX, a doença foi observada em vários países da Europa, Ásia, África e América. (Darsie et al., 2001; Schütz, 2003).
É uma enfermidade viral, muito contagiosa, de evolução aguda, que afeta naturalmente os animais biungulados domésticos e selvagens: bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos. Entre as espécies não biunguladas, foi demonstrada a susceptibilidade de elefantes e capivaras. É considerada zoonose, porém com raros casos em humanos e em situações muito especiais. Caracteriza-se por febre e formação de vesículas na cavidade bucal e espaços interdigitais. (Pituco, 2006; Olascoaga et al., 1999)
Com o desenvolvimento da agricultura houve também uma grande preocupação em controlar esta enfermidade e no início do século passado vários países decidiram combatê-la. A enfermidade agora está presente de forma endêmica em algumas regiões da Ásia, América do Sul, África e no Oriente Médio. Surtos da doença têm ocorrido em alguns países como Grécia, Taiwan, Argentina, Brasil, Uruguai, Japão e recentemente, no Reino Unido. Os prejuízos são causados pelas perdas diretas devido aos sinais clínicos, com conseqüente queda na produção, e pelas perdas indiretas através dos embargos econômicos impostos pelos países importadores (UFES, 2006)
Os países desenvolvem programas de erradicação da FA, que tornou-se uma doença restrita, que reflete a situação de subdesenvolvimento dos países afetados. Com a institucionalização da OMC - Organização Mundial do Comércio, em 1994, e aprovação do Acordo Sanitário e Fitosanitário, as exigências sanitárias foram ampliadas. O comércio de animais e seus produtos tornaram-se competitivos em produtividade e qualidade (Lyra et al., 2002).
2. ETIOLOGIA
O vírus pertence à família Picornaviridae , gênero aphthovirus,. Seu genoma é constituído por uma única molécula de RNA, com aproximadamente 8 kilobases. (Pituco, 2006; UFES, 2006; Olascoaga et al, 1999; Brown, 1999) O vírus não tem envelope, mede 27 nm de diâmetro e apresenta simetria icosaédrica, na microscopia eletrônica as partículas virais apresentam-se lisas e circulares (UFES, 2006). Foi demonstrado como agente etiológico da febre aftosa em 1897 (Pituco, 2006).
São conhecidos 7 sorotipos antigênica e imunogênicamente diferentes: O, A, C, SAT 1, SAT 2, SAT 3 e Ásia 1, localizados em diferentes regiões geograficas. No Brasil foram identificados 03 tipos: A, O e C . O agente apresenta grande tendência a mutações que originaram numerosos subtipos e centenas de cepas diferentes, mas com certo grau de proteção cruzada entre os subtipos (Olascoaga et al, 1999; Brown, 1999; Pituco, 2006; UFES, 2006) mas não há imunidade cruzada entre os sorotipos, a imunidade para um tipo não confere proteção para outros, o que representa uma dificuldade para os programas de vacinação (UFES, 2006).
O aparecimento de novos subtipos em uma região leva a falhas de imunidade das vacinas utilizadas e como conseqüência, podem aparecer surtos. Estas diferenças genéticas entre os agentes de doenças são o motivo pelo qual se impõem barreiras sanitárias para evitar que o vírus seja trazido junto com animais, produtos e subprodutos importados, mesmo que sejam agentes de doenças já existentes no País (Pituco, 2006).
O vírus da febre aftosa é lábil em pH ácido (menor que 6) e alcalino (maior que 9), é sensível aos desinfetantes químicos como carbonato de sódio a 4%, formol a 10%, Hidróxido de sódio 2% (soda cáustica) e meios físicos como calor, radiação ultravioleta, ionização por raios gama e luz solar (Pituco, 2006; Olascoaga et al, 1999), mas o vírus da FA é extremamente resistente no meio ambiente e sobrevive bem em material orgânico como fezes, sangue e em condições de alta umidade e de pouca incidência solar. É inativado em pH abaixo de 6,0 (UFES, 2006).
3. DISTRIBUIÇÃO DOS SOROTIPOS
A distribuição dos sorotipos é descrita no quadro abaixo segundo as diferentes regiões geográficas nas quais se encontram:
REGIÃO VÍRUS
América do Sul O, A, C
Europa O, A, C
África O, A, C, SAT1, SAT2, SAT3
Ásia O, A, C, Ásia 1
A . Norte e Central Área livre
Caribe Área livre
Oceania Área livre
No geral, os tipos A e O ocorrem mais freqüentemente do que os outros (UFES, 2006)
4. PROPAGAÇÃO VIRAL
O alto contágio natural da febre FA é um reflexo de uma série de fatores, incluindo os seguintes: a grande quantidade de animais ungulados, os quais são susceptíveis, a enorme quantidade vírus liberado por um animal contaminado, o alcance a secreções e excreções (saliva, sêmen, leite, urina e fezes) que podem estar contaminadas , a multiplicidade de rotas de infecção, a pequena quantidade de vírus que pode iniciar uma infecção, a moderada estabilidade do vírus no meio ambiente, Donaldson & Alexandersen, 2002. Os títulos mais altos do vírus se encontram no líquido das vesículas e no epitélio das lesões, (Pituco, 2006).
O mecanismo mais comum pelo qual o vírus é disseminado entre os ruminantes e de suínos para ruminantes, é pelo transporte de animais infectados e transmissão aerógena a animais susceptíveis. Essas partículas originam-se principalmente do trato respiratório e são emitidas na expiração de animais infectados. O próximo mecanismo mais comum de transmissão é pelo transporte de produtos animal contaminados, incluindo carne, leite, graxaria, etc (Donaldson e Alexandersen, 2002).
Os animais susceptíveis podem infectar-se por contato direto com o conteúdo de vesículas, saliva ou excreções e secreções dos animais doentes. Há também o contágio de forma indireta por água, alimentos ou fômites (vestimenta, instrumentos, equipamentos etc.) contaminados. A infecção se transmite, sobretudo por aerossóis, sendo a via digestiva (faringe) a mais comum para penetração do vírus, ocorrendo ainda, pelas vias respiratórias (inalação) e úbere, (Pituco, 2006).
A FA também pode ser transmitida mecanicamente, por exemplo, por ordenhadeiras contaminadas, veículos de transporte, especialmente aqueles usados por animais e pessoas. Além
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