ANALISE DA SITUAÇÃO DA VACINAÇAO CONTRA FEBRE AFTOSA NO MUNICIPIO DE ITAQUI-RS.
Por: Wellerson Azambuja • 21/11/2016 • Artigo • 1.802 Palavras (8 Páginas) • 528 Visualizações
ANALISE DA SITUAÇÃO DA VACINAÇAO CONTRA FEBRE AFTOSA NO MUNICIPIO DE ITAQUI-RS.
Paulo Roberto Pires¹; Wellerson Azambuja²;
Palavras-chaves: Suscetíveis, Erradicação, Vírus.
Introdução
A febre aftosa (FA) é uma enfermidade altamente contagiosa que afeta principalmente bovinos, suínos ovinos e caprinos (DESIMON, 2005). Caracteriza-se por formação de vesículas na cavidade bucal, espaços interdigitais e febre. Sendo considerada uma zoonose, porém com raros casos em humanos (PITUCO, 2006). É um vírus RNA, pertence à família Picornaviridae e ao gênero Apthovirus (ANDRADE JÚNIOR et al., 2008). São conhecidos os seguintes sorotipos: O, A, C, SAT 1, SAT 2, SAT 3 e Ásia 1 (DESIMON, 2005; PITUCO, 2006). No Brasil são (03) três os presentes já identificados: A, O e C (ANDRADE JÚNIOR et al., 2008; PITUCO, 2006).
Das formas de contágio a principal é por aerossóis. Os animais infectados passam a apresentar rápida perda de peso, febre alta, vesículas e aftas na mucosa da boca e glândulas (ANDRADE JÚNIOR et al., 2008). A presença da infecção acarreta grandes perdas econômicas em consequência dos sintomas, porem a mortalidade em animais adultos é baixa. Os animais doentes ficam suscetíveis à outras doenças podendo ocorrer a morte de animais jovens e sacrifício dos animais contaminados. As propriedades que têm animais doentes são interditadas e a exportação de carne e produtos derivados é cessada ocasionando grandes prejuízos. (DESIMON, 2005).
Com o apoio do PANAFTOSA, os países organizaram seus programas de controle contra a FA, com vacinação sistemática em massa das populações bovinas. A participação ativa dos criadores foi crucial na organização dos programas nacionais de controle da FA.
1-Acadêmico do curso de Agronomia – UNIPAMPA – Itaqui-RS-Brasil.
2- Acadêmico do curso de Bacharelado em Ciências e Tecnologias – UNIPAMPA – Itaqui-RS-Brasil
Os criadores se mobilizaram e se tornaram os principais atores no financiamento e implantação das campanhas de vacinação. Além disso, eles começaram a defender, nos níveis políticos mais altos, que o setor público investisse em programas oficiais de controle da FA, e na capacitação dos serviços veterinários oficiais.
O Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) (BRASIL, 2007), tem como principal estratégia, considerada a mais eficiente a implantação gradativa de zonas livres, através de vacinação ou livres sem vacinação visando que todo o País seja livre. A febre aftosa apresenta alto contágio o que coloca em risco o agronegócio dos países onde a pecuária possui importância econômica.
Vacinação, controle de surtos e a restrição da movimentação de animais resultaram em uma diminuição no número de surtos de febre aftosa, de uma média de 1.200 focos em 1990 para cerca de 130 em 1999 (SARAIVA, 2004; BERGMANN, 2003). Como resultados das mudanças introduzidas foram reconhecidos pela OIE como livres de febre aftosa com vacinação o Uruguai (1994), a Argentina e o Paraguai (1997). E em 1999, a zona que compreende os Estados do Sul do Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, também adquiriram o mesmo status. Como medida de progressão no controle da doença, em 1996 o Uruguai e 1999 a Argentina, obtiveram o status de livre de febre aftosa sem vacinação (CORREA MELLO & LÓPEZ, 2002).
Esta Posição sanitária favorável fez com ocorresse uma diminuição no controle do vírus e subsequente o surgimento a partir dos anos 2000 (CORREA et al., 2002). Em agosto de 2000 a doença foi diagnosticada no município de Jóia, no Estado do Rio Grande do Sul. A doença se disseminou pela região e originou 22 focos, sendo diagnosticado o FA sorotipo O.
Além das medidas de controle de movimentação optou-se pelo sacrifício sanitário, sendo que 8.195 bovinos, 772 ovinos, 04 caprinos e 2.106 suínos foram sacrificados (CORREA MELLO & LÓPEZ, 2002; SEAPI, 2012).
A área do território brasileiro que é reconhecido como livre de febre aftosa e envolve 24 unidades federativas, corresponde a 77% do território nacional e onde 99% das espécies susceptíveis são criadas. Somente o Estado de Santa Catarina é considerado desde o ano de 2007, livre sem vacinação (PANAFTOSA, 2016). Dentro desses estados com status de zona livre de febre aftosa com vacinação encontra-se o Rio Grande do Sul, com uma população total de bovinos e bubalinos de aproximadamente 13 milhões de bovinos (MAPA, 2014). Tendo uma importância econômica crucial na cadeia produtiva da carne no Brasil.
As estimativas indicam que, nos próximos 20 anos, a demanda mundial por proteína animal bovina, suína e ovina duplicará. A América do Sul, especialmente o Brasil, poderá beneficiar-se desta situação e tornar-se líder mundial em exportação, porém necessita obter o status de livre de febre aftosa (NARANJO & COSIVI, 2013).
Rio Grande do Sul está classificado como livre de FA com vacinação. São duas as campanhas anuais previstas em Lei que são realizadas pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SEAPI), nos meses de maio e novembro. É obrigatória a vacinação contra a febre Aftosa, de todos os bovídeos sensíveis à doença, independentemente de sexo ou idade, a vacina utilizada é trivalente de fixador oleoso, na dose de 5mL é a recomendada nos períodos já determinados (maio e novembro) em conformidade com a situação epidemiológica de cada área (SEAPA, 1998). Sendo obrigatória a vacinação no Rio Grande do Sul, o referido levantamento teve por objetivo avaliar a evolução do processo de vacinação em bovinos no município de Itaqui-RS.
Materiais e Métodos
Este trabalho foi realizado a partir de um banco de dados de vacinação de rebanho bovino contra FA, que possui aproximadamente 190.000 bovinos. Os dados foram obtidos através de consulta no Sistema de Defesa Agropecuário/SEAPI com a colaboração da Inspetoria de Defesa Agropecuária (IDA) do município de Itaqui, Rio Grande do Sul, Brasil, região limítrofes com a Argentina. Recentemente esta região foi considerada como a área com o risco mais elevado para a introdução do vírus no RS. A IDA é uma unidade de atenção veterinária da SEAPI do Rio Grande do Sul que atua por delegação de atividade de prevenção e controle exigidos e regulamentados pelo Ministério da Agricultura. Período analisado no estudo foi de 2010 a 2015 nas campanhas realizadas no mês de maio, que abrange toda a população bovídea.
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