FILME DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA
Por: Valter Mangaká • 22/11/2021 • Trabalho acadêmico • 2.444 Palavras (10 Páginas) • 129 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo mostrar a teoria de Jacob Levy Moreno, médico, psicólogo, filósofo, dramaturgo turco-judeu e criador do psicodrama e pioneiro no estudo da terapia em grupo. Tem grandes contribuições no estudo dos grupos, em psicologia social e é o criador da sociometria.
A importância da teoria Moreniana para o cotidiano das pessoas e para psicoterapia é observada no filme “Doze homens e uma sentença”, onde em diversas situações pode-se ver claramente a teoria na prática.
Psiquiatra e pioneiro do psicodrama, Jacob Levy Moreno nasceu em Bucareste, Romênia, em maio de 1889. Ele cresceu sob a influência dos valores judeus e mudou-se para Viena com sua família aos 5 anos de idade, onde viveu até 1925. Quando ainda era muito jovem, conheceu algumas crianças para brincar de "Torne-se Deus". Mais tarde, a improvisação infantil foi chamada por ele como sua primeira sessão de psicodrama particular, em que ele era o diretor e o sujeito ao mesmo tempo.
Em sua juventude, ele estudou filosofia por dois anos antes de se voltar para a medicina. Ele se juntou a outros estudantes e fundou a organização "Religião do encontro", cuja influência religiosa e ideias iam contra os costumes da época. Eles brincam com crianças nos parques de Viena e usam histórias e jogos espontâneos para ajudar os pobres ou refugiados.
Antes da Primeira Guerra Mundial, ele trabalhou com prostitutas para organizá-las e ajudá-las. Nessa etapa deu-se início a sua primeira vontade de estudar o grupo por meio da psicoterapia, e a partir daí, entre 1915 e 1917, realizou atividades no campo de refugiados tirolês, onde observou a interação do grupo e suas características psicológicas.
Quando se formou médico em 1917, estava atendendo famílias e sempre se preocupou em compreender as pessoas no ambiente de atuação: trabalho, comunidade e família. Ele dizia sempre estar mais interessado em processos conscientes, criatividade humana e no presente do que em processos inconscientes, resistência do paciente e no passado.
Logo após a Primeira Guerra Mundial, os austríacos não tinham líderes sociais e políticos, sofrendo com esse fato. Na primavera de 1922, Moreno sugeriu realizar uma reunião com o povo para discutir a futura estrutura política da Áustria. Ele começou a falar em frente ao trono real, dizendo que estava procurando um líder e aconselhou o público a assumir o palco para que pudessem tomar posse. Moreno nos disse que esse teatro público foi um fiasco, mas esse foi o primeiro momento em que a experiência do drama social foi aplicada às questões políticas e sociais.
Após o primeiro encontro "cênico", o psicodramatista aproximou-se cada vez mais daqueles ligados ao teatro e, por fim, criou o teatro espontâneo, cujo objetivo é libertar o teatro tradicional daquilo que ele chama de conserva cultural. A atuação desse teatro inclui o processamento dramático das manchetes de um jornal impresso, denominado Jornal Vivo, bem como as criações espontâneas a partir de um determinado tema.
Em 1923, o caso Barbara-George originou o psicodrama terapêutico. A esposa de George, Barbara, é uma atriz que atuou no teatro espontâneo e habilmente desempenhou um papel doce e gentil no palco. George então procurou Moreno e disse que Bárbara era realmente agressiva e os dois viviam em uma situação muito infeliz. A partir desse momento, Moreno passou a atribuir papéis agressivos à esposa e a inserir o marido em cena. O teatro espontâneo se transforma em teatro terapêutico e, em seguida no psicodrama terapêutico.
O psicodramaturgo difundiu e sistematizou seus pensamentos e conceitos em diversos países, principalmente no final de sua vida. Ele morreu em maio de 1974, com 85 anos.
Conserva (2014) esclarece que Moreno é considerado o criador da Sociodinâmica, Sociometria e Sociatria, que é a ciência do tratamento dos sistemas sociais: Psicodrama (os aspectos abordados são o indivíduo e todos os papéis que ele realiza na cena dramática), Sociodrama (é quando o foco está no grupo e são abordados, preferencialmente, os papéis institucionais) e a Psicoterapia de grupo (quando há a alternância de foco). Representa para cada membro a forma como vive sua própria situação dentro do grupo, a afetividade de suas formas e de colocação no grupo e as representações que cada participante tem do grupo e dos outros.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
De todas as técnicas e métodos para aliviar a tensão, o psicodrama ainda pode ser o método mais interessante e eficaz. Ele pode resolver e lidar com as tensões de indivíduos e grupos ao mesmo tempo, combinando biologia com realidade sociológica e psicologia pessoal, psicologia social, sociologia e até antropologia.
O psicodrama é derivado da tradução de psyche (alma) e drama (ação) e é uma forma de explorar ativamente o que o indivíduo, adulto ou criança já experimentou. Em essência, é realizado em resposta pelo grupo, com o grupo e no grupo, utilizando a narração e a experiência representada. Conserva (2014) explica que, a espontaneidade e a consciência são alcançadas por meio da ação. Na oportunidade de realização pessoal, os indivíduos podem, naturalmente, cumprir seu papel, formar um relacionamento que reflita sua própria identidade e, assim, buscar novos horizontes.
Moreno (1974) afirma que se pode considerar que a matriz é o lugar onde o “eu” e suas variantes ou efeitos aparecem gradativamente. Dessa forma, os bebês podem descobrir os elementos culturais do comportamento ou o "papel", como Moreno chama de suas interações com o mundo social. Para o autor, há três tipos fundamentais de papéis: Papéis Psicossomáticos ou Fisiológicos; Papéis Psicodramáticos ou Psicológicos e; Papéis Sociais
Moreno (1974) chama de papel psicossomático aquele que está relacionado às necessidades fisiológicas necessárias para a sobrevivência, como alimentação, evacuação e descanso. Nessas situações, é por meio do exercício de funções para corporificar papéis, e por meio delas para corporificar o organismo. Portanto, os papéis psicossomáticos estabelecem uma conexão entre o ambiente e o sujeito. Eles se constituem mentores para o autodesenvolvimento.
Por outro lado, o papel psicodramático está relacionado ao conceito psicológico de "eu" e corresponde ao papel produzido pelas atividades criativas do indivíduo. Por fim, Moreno (1974) explica que, os papéis sociais correspondem às funções sociais assumidas pelos sujeitos. Por meio delas, o indivíduo se relaciona com seu ambiente de pertencimento, além disso, estas serão obtidas na matriz identidade do grupo a que pertence, portanto seu número e características dependerão da matriz referida.
Barreto (2006) explica que o Papel é uma unidade de conduta inter-relacional observável. E no contexto psicodramático são atribuídos principais papéis, são eles: Diretor: protagonista do grupo que analisa o contexto social e dirige propriamente a cena; Protagonista: desempenha um papel questionador de sua ação e emoção, atuando como um representante emocional no grupo; Ego auxiliar: atua na cena como auxiliar do protagonista e observa todo enredo dramático; Público ou plateia: são os demais participantes da cena psicodramática.
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