Fichamento Relações Etnico-Raciais na escola
Por: Marcelo Magalhães • 2/9/2021 • Resenha • 2.622 Palavras (11 Páginas) • 193 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
LICENCIATURA EM MÚSICA
PROF. ORIENTADOR: EDUARDO MIRANDA
DISCENTE: SIBELE NEVES ALMEIDA SÁ
Fichamento do texto:
GOMES, Nilma Lino et al. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal, v. 10639, n. 03, p. 39-62, 2005.
Introdução
De acordo com a autora, a discussão sobre relações raciais no Brasil é permeada por uma diversidade de termos e conceitos. (p.39)
É importante destacar o papel dos movimentos sociais, do Movimento Negro, os quais redefinem e redimensionam a questão social e racial na sociedade brasileira, dando-lhe uma dimensão e interpretação políticas. (p.39)
Esse texto aproxima a articulação entre a reflexão teórica, a prática social e o campo educacional. (p.40)
Negras são denominadas aqui as pessoas classificadas como pretas e pardas nos censos demográficos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (p.40)
A autora traz referências sobre identidade, como a de Philip Gleason, que diz “atenção à demanda de precisão e consistência na sua aplicação”. (p.40)
A enorme popularização do termo tem resultado em um efeito oposto, tornando o termo identidade, um crescente uso mais relaxado e irresponsável do mesmo. (p.40)
Identidade
A discussão sobre identidade já é permeada de complexidade e usos diversos. (p.40)
A identidade é uma realidade sempre presente em todas as sociedades humanas. (p.40)
Para Silvia Novaes, a identidade nos diz que a mesma só pode ser usada no plano do discurso e aparece como um recurso para a criação de um coletivo, nós índios, nós mulheres, nós homossexuais, nós homens, nós negros, nós professores. (p.41)
O conceito de identidade deve ser investigado e analisado porque ele é um conceito vital para os grupos sociais contemporâneos que o reivindicam (NOVAES,1993: 24). (p.41)
A identidade se refere a um modo de ser no mundo e com os outros. É importante na criação das redes de relações e de referências culturais dos grupos sociais. (p.41)
Indica traços culturais que se expressam através de práticas linguísticas, festivas, rituais, comportamentos alimentares e tradições populares referências civilizatórias que marcam a condição humana. (p.41)
A identidade não se prende apenas ao nível da cultura. Ela envolve, também, os níveis sócio-político e histórico em cada sociedade. (p.41)
A identidade vista de uma forma mais ampla e genérica é invocada quando “um grupo reivindica uma maior visibilidade social face ao apagamento a que foi, historicamente, submetido” (NOVAES,1993: 25). (p.41)
Ainda de acordo com Novaes (1993), esse processo pode ser notado quando nos referimos aos negros, aos índios, às mulheres, entre outros socialmente segregados. (p.41)
A ênfase na identidade resulta, também, na ênfase da diferença. (p.41)
A busca da identidade por parte de um grupo social evoca a diferença deste em relação à sociedade ou ao governo ou a outro grupo e instituição (p.41)
Ea possui um processo de elaboração e diminuição das diferenças internas do próprio grupo e dos vários grupos que formam, naquele momento de reivindicação, um único sujeito político. (p.41)
“É exatamente no domínio da cultura que estes grupos (sejam mulheres ou índios) resgatam sua autonomia e reafirmam a sua diferença” (NOVAES,1993: 27). (p.42)
Nesse sentido, o meu mundo, o meu eu, a minha cultura, são traduzidos também através do outro, de seu mundo e de sua cultura, do processo de decifração desse outro, do diferente. (p.42)
É como um processo de espelhamento. Essas imagens “permitem alterações, tanto na minha auto-imagem como na minha conduta, as ações que assumo em função do outro” (NOVAES, 1993: 109). (p.42)
Nenhuma identidade é construída no isolamento. Ao contrário, é negociada durante a vida toda por meio do diálogo, parcialmente exterior, parcialmente interior, com os outros. (p.42)
Esse é um movimento pelo qual passa todo e qualquer processo identitário e, por isso, diz respeito, também, à construção da identidade negra. (p.42)
Identidade negra
A construção da identidade negra não pode prescindir da discussão sobre a identidade enquanto processo mais amplo, mais complexo. (p.42)
Enquanto sujeitos sociais, é no âmbito da cultura e da história que definimos as identidades sociais (todas elas, e não apenas a identidade racial, mas também as identidades de gênero, sexuais, de nacionalidade, de classe, etc.). (p.42)
Reconhecer-se numa identidade supõe, portanto, responder afirmativamente a uma interpelação e estabelecer um sentido de pertencimento a um grupo social de referência. (p.42)
Somos, então, sujeitos de muitas identidades (LOURO, 1999). (p.43)
A identidade negra se constrói gradativamente, num movimento que envolve inúmeras variáveis, causas e efeitos, desde as primeiras relações estabelecidas no grupo social mais íntimo, no qual os contatos pessoais se estabelecem permeados de sanções e afetividades e onde se elaboram os primeiros ensaios de uma futura visão de mundo. (p.43)
Geralmente este processo se inicia na família e vai criando ramificações e desdobramentos a partir das outras relações que o sujeito estabelece. (p.43)
A identidade negra é entendida, aqui, como uma construção social, histórica, cultural e plural. (p.43)
Implica a construção do olhar de um grupo étnico/racial ou de sujeitos que pertencem a um mesmo grupo étnico/racial, sobre si mesmos, a partir da relação com o outro. (p.43)
Construir uma identidade negra positiva em uma sociedade que, historicamente, ensina aos negros, desde muito cedo, que para ser aceito é preciso negar-se a si mesmo é um desafio enfrentado pelos negros e pelas negras brasileiros(as). (p.43)
Será que, na escola, estamos atentos a essa questão? (p.43)
Será que incorporamos essa realidade de maneira séria e responsável, quando discutimos, nos processos de formação de professores(as), sobre a importância da diversidade cultural? (p.43)
Para entender a construção da identidade negra no Brasil é importante considerá-la, como uma tomada de consciência de um segmento étnico-racial excluído da participação na sociedade, para a qual contribuiu economicamente, com trabalho gratuito como escravo, e também culturalmente, em todos os tempos na história do Brasil (MUNANGA,1994: 187). (p.43)
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