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Fundamentos Geográficos Do Turismo

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Por:   •  17/3/2014  •  6.239 Palavras (25 Páginas)  •  567 Visualizações

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Problemas para o turismo no Rio de Janeiro (final do século XIX, início do século XX)

O Rio de Janeiro apresentava problemas básicos de infraestrutura, já há algum tempo superados por outras gran¬des cidades no mundo sendo o principal deles a falta de água. Para termos uma ideia do drama do abastecimento de água na cidade, em 1889 Nova Iorque dispunha de 568 litros de água por habitante; Paris, 300 litros; Londres, 175 litros; e o Rio de Janeiro não dispunha nem de 65 litros por habitante (LESSA, 2000).

Os problemas com alojamento também eram graves na ci¬dade.Os viajantes estrangeiros foram quase unânimes ao relata¬rem as más condições das hospedagens, como afirma (DARWINapud LEITÃO, 1934):

É raro que nelas se encontre soalho, e nunca há vidraças ou caixilhos; (...) Os quartos de dormir comunicam todos uns com os outros e o viajante dorme como pode, num girau de madeira, coberto de um colchão muito delgado. (...) a casa e pessoa são na maioria das vezes horrivelmente sujas e não há facas, colheres ou garfos, e estou convencido que se¬ria difícil encontrar na Inglaterra uma casa, por mais pobre, tão desprovida das coisas mais necessárias à vida

A natureza exuberante da cidade do Rio de Janeiro até os primeiros anos do século XX não era considerada intensamente atrativa. Os principais destinos turísticos mundiais ao longo des¬te período foram as cidades modernas como Paris, na França.

Turistificação do Rio antigo

Knafou (1996) explica o processo de turistificação do espa¬ço a partir de três fatores, a saber:

• turísticos ou não. Daí a importância de considerarmos os turistas como a primeira fonte de turistificação, pois se não há turistas, o lugar não foi turistificado; sendo assim, o Rio de Janeiro não era considerado uma cidade turísti¬ca, pois não apresentava fluxo turístico receptivo. Os pou¬cos viajantes temporários que se “atreviam” a visitar a cidade eram, em sua maioria, artistas e estudiosos.

*O segundo fator é o mercado, apontado como a segun¬da fonte de turistificação, pois nesse caso a percepção dos lugares como destinos turísticos estaria atrelado a sua concepção como produto turístico e sua inserção no mercado.Também nesse caso o Rio de Janeiro não se enquadrava, pois não estava inserido no mercado turís¬tico que se firmava em escala mundial.

*O terceiro fator e última fonte de turistificação apontada por Knafou (1996) são os planejadores e promotores ter¬ritoriais, pois a intervenção destes planejando os lugares e preparando-os para o turismo resulta na racionalidade imposta pelo mercado bem como da competitividade es¬pacial entre os destinos turísticos. Projetos visando aos melhoramentos em sua estrutura urbana e seu embele¬zamento foram muitos, mas até então nunca aplicados. A turistificação da cidade do Rio de Janeiro, portanto, dependeria do turista, através do surgimento de fluxos turísticos receptivos, direcionados à cidade; dependeria do mercado, ou seja, da consolidação da cidade do Rio de Janeiro, como um produto turístico inserido e ade¬quado para o “consumo” no mercado turístico; e de¬penderia dos planejadores territoriais, que elaborariam planos de ação, objetivando desenvolver o turismo na cidade do Rio de Janeiro.

Modernidade e turismo

Somente no início do século XX, mais precisamente a par¬tir dos governos do presidente Rodrigues Alves e do prefeito Pe¬reira Passos, o projeto da modernidade, não apenas para o Rio de Janeiro, mas para o Brasil, começou a se tornar realidade. Mas o que vem a ser modernidade?

Trigo (2000) afirma que para alguns pesquisadores a mo¬dernidade teria sido iniciada no período Paleolítico. Outros indica¬riam épocas mais recentes, como a Renascença.

A ideia de modernidade veio surgir coincidindo, apro¬ximadamente, com a emergência do capitalismo como modo de produção dominante nos países da Europa, estando rela¬cionada ao desenvolvimento científico e tecnológico aplicado na produção (SANTOS, 1996). Dessa forma o turismo passa a ser pensado como um fenômeno da modernidade, pois eclode junto ao capitalismo industrial. A modernidade e seus fluxos se direcionavam predominantemente às cidades modernas da época, como Paris e Londres.

A engenharia e a arquitetura passaram a desenvolver no¬vas técnicas e recursos, possibilitando uma verdadeira revolução na área da construção civil e, por conseguinte, no setor hoteleiro, propiciando estímulo maior às viagens.

“O Direito à Preguiça”, lançado em 1883, em que condenava o ex¬cesso de trabalho e a ideologia burguesa que embrutecia o prole¬tariado, difundindo o dogma do trabalho, típico da modernidade. Para Lafargue, poucas horas de trabalho seriam suficientes para manutenção, só festejando pelo resto do dia e da noite. No en¬tanto, mesmo com o aumento do tempo livre, a maior parte dos trabalhadores assalariados não dispunha de recursos, ficando as viagens por lazer, assim como acontecia com a aristocraAs melhorias nas condições das cidades também foram importantes para o desenvolvimento das viagens. Como o au¬mento da segurança, através do estabelecimento do policia¬mento regular em várias localidades e a implantação de tra¬tamento de água e rede de esgoto, aumentando a salubridade e diminuindo o risco de adquirir doenças que amedrontavam não apenas os viajantes, mas os residentes também. O aumen¬to da alfabetização, possibilitando ao povo ler mais, também com rápido desenvolvimento das tecnologias de comunicação, divulgando informação através de livros, mapas, guias, jornais e revistas, tornaram a leitura importante estímulo ao desejo de viajar. Estes e outros fatores marcantes da modernidade foram responsáveis pelo surgimento de um importante fenômeno so-cioespacial: o turismo moderno.

Evolução urbana e modernidade no Rio de Janeiro

Muitos desejavam fazer do Rio de Janeiro a “Paris dos Tró¬picos”, já que Paris era indicada naquele período como o principal exemplo de cidade bela, moderna e atraente, características que o Rio de Janeiro não possuía. Com isso, a cidade não apresen¬tava capacidade de atrair investimentos, imigrantes capacitados ou mesmo turistas. Mas se o aspecto visível da cidade, ou seja, sua forma, se assemelhasse ao de Paris, sua atratividade aumen¬taria sensivelmente.

O engenheiro Paulo de Frontin, membro do Clube de Enge¬nharia, sugeriu a criação de uma comissão para traçar as ações prioritárias para a transformação da estrutura urbana no Rio de Janeiro. Estas foram apresentadas no dia 15 de janeiro de 1901, divididas em oito itens:

1) saneamento

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