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Herman Kruse

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Por:   •  5/9/2014  •  3.100 Palavras (13 Páginas)  •  501 Visualizações

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ff* Assistente Social. Mestre e Doutora em Serviço Social pela PUC/SP. Docente do Departamento de Serviço Social da UEL. srapires@sercomtel.com.br

RESUMO:

O assunto do presente texto é o instrumental técnico, entendido por nós como um manancial de meios, técnicas, instrumentos, recursos e procedimentos, em princípio ilimitados, acionados obrigatoriamente para o desenvolvimento eficaz da ação. Enfoca tal assunto na trajetória histórica do Serviço Social brasileiro a partir da década de 1970, tomando como referência principal uma pesquisa bibliográfica realizada pela autora em documentos correspondentes a treze eventos nacionais realizados a partir de fins da década de 1960. Trata-se, portanto, de uma sistematização dos resultados obtidos com essa pesquisa, localizando o instrumental técnico na referida trajetória, contemplando, para isso, dois elementos articulados: o entendimento e o tratamento dispensado a ele pela categoria profissional.

PALAVRAS CHAVE : Instrumental técnico, técnica, história do Serviço Social, prática profissional, processo de renovação do Serviço Social brasileiro.

ABSTRACT:

The subject of this text is the technical instrument understood as a source of means, techniques, instruments, resources and procedures, at first unlimited, set compulsorily for the efficient development of the action. It focuses this subject in the Social Work historical trajectory starting from the 1970s, taking as a main reference a bibliographical research carried out by the author in documents corresponding to thirteen national events that occurred from the end of the 1960s on. It is a systematization of the results obtained with this research, placing the technical instrument in this trajectory, considering two articulated elements: the understanding and the treatment given to it by the professional category.

KEY WORDS: Technical instrument, technique, Social Work history, professional practice, modernization process of the Brazilian Social Work.

INTRODUÇÃO:

Em uma outra oportunidade[1], ao efetuarmos uma abordagem histórico-conceitual acerca do termo técnica, indicamos que na literatura pertinente ao assunto ela tende a ser abordada sob uma dimensão de produção e sob uma dimensão de Técnica Social. Na primeira, é inserida no campo da produção material em sentido restrito, denotando o fazer/fabricar e tendo seu significado associado à tecnologia. Na segunda, expressa a totalidade das "práticas e instrumentos que têm por objetivo final a modelação do comportamento humano e das relações sociais" (MANNHEIM, 1962, p. 257), campo no qual, por sua funcionalidade no controle social e na reprodução ideológica, podem ser inclusas diversas disciplinas profissionais, dentre elas o Serviço Social.

Porém, por sua proposta e decorrentes limites impostos, naquela oportunidade foi apenas apontada uma outra dimensão sob a qual a técnica também pode ser visualizada: a de instrumental técnico empregado no âmbito da prática de diferentes agentes profissionais, dentre eles o assistente social, e entendido aqui como um manancial de meios, técnicas, instrumentos, recursos e procedimentos, em princípio ilimitados, acionados obrigatoriamente para o desenvolvimento eficaz da ação.

Essa dimensão de instrumental técnico foi objeto de uma investigação por nós empreendida que objetivava, mediante pesquisa documental, examinar como o instrumental técnico comparece na trajetória histórica do Serviço Social brasileiro a partir da década de 1970, ou seja, no contexto posterior ao Movimento de Reconceituação ou no interior do processo mais amplo que se inaugura a partir dele e que é denominado por Netto (1991) de Processo de Renovação do Serviço Social brasileiro.

Buscando materiais que expressassem um tratamento coletivo à questão e que, assim, retratassem discussões e posições hegemônicas na categoria profissional, naquela investigação tomou-se como fonte de pesquisa os anais, relatórios e/ou publicações decorrentes de todos os eventos de abrangência nacional realizados a partir do ano de 1970. Aos onze eventos[2] que preenchiam este critério somou-se, por sua importância inquestionável, o I Seminário de Teorização do Serviço Social realizado em 1967 na cidade de Araxá e os Sete Encontros Regionais sobre o Documento de Araxá que ocorreram em 1968.

O texto que agora se apresenta se constitui em uma sistematização dos resultados obtidos com essa pesquisa. Portanto, se propõe, a partir da análise das fontes mencionadas, a localizar o instrumental técnico na referida trajetória histórica do Serviço Social, abordando nisso dois elementos articulados: o entendimento e o tratamento dispensado a ele pela categoria profissional.

Embora o marco cronológico final da pesquisa e deste texto seja o ano de 1992, entendemos que a apresentação dos resultados obtidos ainda se faz válida para uma reflexão atual sobre o instrumental técnico no Serviço Social. A isso concorre, a nosso ver, tanto a inexistência de estudos posteriores perseguindo o mesmo objetivo como, e principalmente, o fato de que no VII CBAS, último congresso analisado, já se delineava a tendência interpretativa que se visualiza hoje no interior da profissão.

2. O INSTRUMENTAL TÉCNICO ANTES DO MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO

Avaliando o período histórico que cronologicamente vai do início da profissão no Brasil, em fins da década de 1930, até meados dos anos de 1960, é possível afirmar que ele é grandemente valorizado pela categoria profissional, tendo sido, inclusive, elemento motivador para a aproximação ao Serviço Social norte-americano nos anos de 1940. Sob o ponto de vista dos assistentes sociais brasileiros, assim como dos europeus, essa aproximação se justificava pela necessidade de corrigir a fragilidade, em termos operativos, do projeto profissional hegemônico de orientação neotomista-cristã. O recolhimento do arsenal técnico-operativo que se encontrava bastante desenvolvido no Serviço Social norte-americano permitiria a concretização, com um maior nível de racionalidade técnica, do ideário cristão.

Também é possível afirmar que em nenhum momento o Serviço Social criou ou possuiu instrumental técnico próprio. Ao contrário, por sua condição de receptáculo das Ciências Sociais[3], o elenco utilizado foi recolhido de outras disciplinas profissionais, o que nos permite falar em um processo de adoção do Instrumental técnico. É possível asseverar ainda que o Serviço Social brasileiro, bem como o

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