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INOVAÇÃO E CULTURA ESCOLAR

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Por:   •  19/5/2014  •  1.319 Palavras (6 Páginas)  •  392 Visualizações

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INOVAÇÃO E CULTURA ESCOLAR

Na antropologia a cultura é vista como um sistema comum de significados, aceitos com conteúdos implícitos e explícitos, que são, deliberadamente ou não, aprendidos e participados pelos membros de um grupo social (Erickson, 1987: 12). Assim é parte da cultura de um grupo tanto o que é instituído através de códigos, normas, sistemas de ação, como o instituinte, ou seja, as pressões de mudanças ou acréscimos ao existente que não se institucionalizaram. Assim, a cultura vive um processo ativo, contínuo, vivo através do qual as pessoas criam e recriam o mundo em que vivem.

São muitos os estudos que relacionam a cultura de uma organização e as dificuldades de implementar mudanças. Num excelente trabalho sobre as mudanças no ensino básico do estado de Minas Gerais, Teixeira (ANPED ,1998) nos diz que:

A cultura, não importa qual seja, delineia o caráter da organização,

mais que isso, as organizações podem ser consideradas, na sua essência, como realidades socialmente construídas que se constituem mais na cabeça e nas mentes de seus membros do que em conjuntos de regras e regulamentos.

Lembra a autora que, se consideramos apenas os aspectos racionais da organização, deixamos de lado sua vida profunda, espontânea, resultante da integração de seus membros. Para ela, a cultura organizacional é constituída na sua base por um conjunto de valores, crenças e pressupostos que definem os modos pelos quais a organização conduz seus negócios.

Esse núcleo de crenças e pressupostos básicos está expresso nas estruturas, sistemas, símbolos, mitos e padrões de recompensa dentro da organização. Esta não nasce como cultura, mas transforma-se em cultura ao longo de sua história. (...)

A partir de autores como Morgan (1996), Torres (1997), Schein (1991), Sarmento (1994), dentre outros, aponta que:

A função básica da cultura da organização é resolver os problemas fundamentais do grupo, assegurando sua sobrevivência e adaptação ao ambiente externo e a integração de seus processos internos, para preservar a capacidade de continuidade e sobrevivência do mesmo. Ao fazer isso a cultura reduz os níveis de ansiedade no interior da organização, proporcionando maior segurança aos atores em ação. É essa segurança que se vê ameaçada diante de propostas inovadoras. Por isso o processo de mudança cultural requer tempo para a construção compartilhada de valores e crenças novos.

Os estudos sobre a cultura organizacional de instituições diversas apontam que ela é tecida na trama das relações internas e externas da organização e a mudança, mesmo que motivada, não se faz por imposição. Assim é que somente modelos compatíveis com o modo

de ser da cultura organizacional são aceitos e absorvidos como propostas de modificações. Diz Teixeira que: Uma maneira de realizar a mudança cultural é promover a mudança de comportamento. Nem toda mudança comportamental, no entanto, representa mudança cultural, para o que é necessário que as justificativas do comportamento também sejam mudadas. Isso significa que as mudanças têm que se basear em razões intrínsecas, em novos valores e crenças, para o que é necessário que as pessoas sejam levadas a perceberem o valor daquilo que está sendo proposto e a sentirem que seus pressupostos já não

estão mais sendo confirmados pela realidade. O sentimento de ansiedade, perda de autoconfiança que isso provoca gera a motivação interna necessária para a adoção de um novo comportamento e a construção de uma nova cultura. Os profissionais de ensino têm a reputação de serem universalmente inflexíveis à mudança, sendo essa inflexibilidade atribuída por pesquisadores ao processo de seleção e socialização experimentado por todos os professores.

(...) A resistência depende da relação entre a cultura da escola e a proposta de mudança. Ou seja, a mudança é recebida com suspeição e relutância quando a expectativa de comportamento contida na nova proposta não coincide com a concepção existente no modo de vida adotado na escola. Essas concepções variam de intensidade com a qual são sustentadas. Algumas, embora enraizadas, podem ser alteradas, enquanto outras, são quase “sagradas”, tornando a mudança praticamente inconcebível. Ligadas inseparavelmente à razão de ser da instituição e à

identidade profissional dos professores essas normas, crenças e valores constituem a cultura escolar, esse modo de fazer as coisas na escola, através do qual se processa a reapropriação e a reinterpretação de normas, regras e estatutos gerados e impostos pelos sistemas de ensino, que são relativizadas e adaptadas à realidade de cada escola.

Esse é um processo dinâmico e permanente de aprendizagem

coletiva que se dá no âmbito da organização escolar. (ANPED, 1998: s/p)

Embora a citação seja longa, as palavras de Teixeira deixam entrever a complexidade de mudar uma cultura escolar ou de inovar a prática pedagógica e administrativa.

Na escola parece haver uma subcultura, em cada área do conhecimento, sobre como ensiná-la, qual a melhor sequência, como se relacionar com os alunos, que problemas priorizar, que decisões devem ou não ser tomadas quanto à avaliação, dentre outros aspectos.

Em outro trabalho, Teixeira (2002) discute os limites do uso dos referenciais oriundos da área

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