Inovação em saúde
Seminário: Inovação em saúde. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: DanielleBDS • 9/8/2014 • Seminário • 4.270 Palavras (18 Páginas) • 190 Visualizações
estudos avançados 28 (80), 2014 223
Inovação em saúde
sociedade industrial construiu um arcabouço ideológico que legitimou
a concretização do acúmulo de conhecimentos e de tecnologias
impactantes como meios para viabilizar um mundo mais igualitário, confortável
e seguro. Esses meios, fundamentados na ciência e na tecnologia (sem a
valorização e observância da perspectiva da precaução), seriam capazes de prover
o mundo de abundância, diminuindo e/ou controlando a escassez, a fome,
as calamidades naturais, as pandemias etc. Considerava-se que os problemas
econômicos eram exclusivos das ciências econômicas, os problemas de saúde
pública próprios das ciências da saúde, os problemas sociais específicos das
ciências sociais e das iniciativas assistencialistas para consolidar a modernidade
e administrar os riscos. Entretanto, com a “globalização” caracteriza-se como
desafio a formulação do pensar baseado na complexidade, considerando as
múltiplas vertentes que configuram as realidades dinâmicas e integradas de
processos definidores do desenvolvimento (Navarro; Cardoso, 2005).
O processo tecnológico e suas inovações apresentam-se para a sociedade
como fator paradoxal. Ele gera expectativas positivas e negativas, incertezas e
desafios, como fatores demonstrativos das constantes construções e reconstruções
das noções de risco, a partir do impacto informacional e do contexto social e
conjuntural que envolve determinado risco.
A dinâmica dos processos tecnológicos atuais está ancorada na perspectiva
do tríplice diálogo entre saber científico, interesses da indústria e do mercado,
voltados para otimização do lucro por meio da capacidade do potencial de
inovação.
Sublinha-se que a inovação tecnológica compreende a avaliação, a seleção
e o fomento de iniciativas representativas do conhecimento científico de grande
potencial de uso social e enquanto produto que alimenta o processo tecnológico
de mercado, onde circulam projetos que hoje envolvem, por exemplo,
Inovação tecnológica
e as questões reflexivas
do campo da biossegurança
Marli B. M. de Albuquerque Navarro I,
Telma Abdalla de Oliveira Cardoso II,
Nery Cunha Vital III
e Bernardo Elias Correa Soares IV
A
224 estudos avançados 28 (80), 2014
biotecnologia, nanotecnologia, clonagem, uso de células tronco etc. Esses
projetos requerem a participação efetiva da biossegurança como área avaliadora
do potencial de risco ao ambiente e à saúde pública (abrangendo a saúde
humana e animal), dos instrumentos fiscalizatórios e das práticas laboratoriais e
sua relação com a segurança.
A complexidade que hoje está situada no campo da biossegurança
envolve, sobretudo, a distribuição dos riscos. É exigido da sociedade um
posicionamento constante no sentido da elaboração frequente de escolhas.
As ações cotidianas, antes voluntárias e mais motivadas pelo desejo e pela
afetividade, são substituídas por processos cognitivos, que devem abalizar tais
escolhas. Somos contemporâneos de uma variedade de riscos globais com
importantes dimensões pessoais (Navarro; Cardoso, 2005). “Os artefatos e
as práticas da biotecnociência são percebidos como uma espécie de Jano de
duas faces: uma prometedora e outra ameaçadora e a percepção pública dessas
práticas está determinada por crenças, visões de mundo e ideologias, muitas
vezes incomensuráveis entre si e nem sempre legítimas para a sociedade como
um todo” (Schramm, 2004, p.2).
Biotecnologia
Atualmente encontra-se à nossa disposição uma multiplicidade de
tecnologias que permitem, por exemplo, alterações genéticas em animais de
laboratório; questiona-se se tais tecnologias podem ser aplicadas também ao
homem (Winnacker, 2000).
As biotecnologias, em geral, compreendem a utilização de agentes
biológicos, animais e plantas e determinadas células humanas, objetivando a
obtenção de processos, produtos e serviços.
Como qualquer nova tecnologia, os riscos e os impactos das biotecnologias
são ainda pouco conhecidos, e, portanto, objeto de uma criteriosa análise
de risco. Essas análises devem ser respaldadas por estudos de segurança e de
impacto ambiental, quando cabível. Atualmente, ainda há pouco conhecimento
das consequências e das técnicas de controle sobre as construções genéticas,
após a inserção no genoma da célula hospedeira; portanto, as análises de risco
devem
...