O Fichamento sobre o livro do autor Karl Marx sobre a questão judaica
Por: isabelleneco • 8/11/2017 • Resenha • 2.239 Palavras (9 Páginas) • 854 Visualizações
Matéria: Oficina de texto em Segurança Pública
Professora: Paula Velloso
Aluna: Isabelle Paragó Neco
- Fichamento sobre o livro do autor Karl Marx sobre a questão judaica
Karl Heinrich Marx nasceu no dia 5 de maio de 1818, em Tréveris, na Alemanha e morreu em 14 de março de 1883, em Londres, na Inglaterra. Descendente de judeu, ficou conhecido por ser o fundador da doutrina comunista moderna e foi também um intelectual e revolucionário. No ano de 1835 e boa parte de 1836, Karl estudou Direito, História, Filosofia, Arte e Literatura na Universidade de Bonn. No final de 1836, fora para Berlim, onde se propagavam as ideias de Hegel, destacado como filósofo e idealista alemão. Marx se alinhou com os "hegelianos de esquerda", que procuravam analisar as questões sociais, fundamentados na necessidade de transformações na burguesia da Alemanha. Karl Marx foi, junto com seu amigo Friedrich Engels, o fundador do marxismo – também conhecido como socialismo científico. Juntos, analisaram a sociedade capitalista a fundo, refletindo sobre as instituições que a regulavam e as relações humanas, para chegar a um conjunto de ideias que serviriam de base para a teoria marxista. O alemão foi autor de muitas obras nas quais defendeu suas ideias, ‘’A questão judaica’’ foi uma delas, foi publicada em 1844 no primeiro e único dos Anais Franco-Alemães, cujo o objeto central do livro é a crítica a sociedade burguesa e ao capitalismo. Karl Marx desenvolve esse objeto central através à crítica de duas instâncias, a primeira crítica se refere ao estado Alemão, cujo ainda não tinha se tornando um Estado laico, ou seja, não havia a separação do Estado para com a religião, era um Estado cristão. E a segunda crítica se dava pelos direitos humanos que foram fundados na França, através da Revolução Francesa, e que representavam a sociedade burguesa. Essa crítica era feita devido aos limites da Revolução Burguesa e a retórica dos direitos humanos da época. Ele usa como plano de fundo a análise da questão judaica. Diferente de Bauer, Marx faz uma análise política e social e não teológica. Ele substitui a crítica filosófica por uma crítica de caráter mais político e social, ao passo que Bauer se mantém preso à concepção da filosofia crítica cuja ação acreditava-se ser capaz de engendrar profundas modificações na realidade humana. O ponto de partida de toda a crítica de Marx a Bruno Bauer foi o fato de este não ter explorado a questão judaica naquilo que ela apresentava de mais fértil, ou seja, de não tê-la transformado numa ampla crítica social. Pelo contrário, Bauer analisou o problema judeu pela ótica da religião e de sua relação com o cristianismo, bem como a relação de ambas com o Estado cristão, reduzindo o problema a uma questão puramente teológica. Ademais, acreditava que só a sua supressão teórica, através da dialética, levaria à liberdade humana. Para ele, os judeus, enquanto mantivessem a sua religião, seriam incapazes de serem emancipados já que de nada valeria que a lei geral do Estado lhes outorgasse a igualdade de direitos se a sua lei mosaica lhes impedisse de exercer seus direitos e deveres de cidadãos, como a participação nas sessões parlamentares realizadas aos sábados. Em sua visão, o Estado cristão, agia de forma coerente e legítima, recusando aos judeus a igualdade de direitos com os cristãos, além deles serem os primeiros responsáveis por sua própria opressão na medida em que se mantinha fiel a uma religião que favorecia e engendrava o egoísmo, a usura e a tendência de se isolarem e se preocuparem apenas com os seus problemas, ignorando a humanidade. Logo, a emancipação do judeu só seria alcançada, apenas com o abandono de sua religião. Em suma, Bauer dirige sua crítica ao Estado cristão, e não ao Estado geral, afirmando que a questão política fundamental da relação do Estado moderno com a religião se resolveria automaticamente pela própria ausência da religião. O jovem Marx, por sua vez, dirige sua crítica contra o idealismo de Bauer e se mostra comprometido com a profunda mudança da dialética hegeliana, de modo que o problema judeu possui, para ele, um fundo social que é a verdadeira razão de sua existência, sendo que, para se tratar da emancipação dos judeus, deve-se antes interrogar-se a respeito da natureza da emancipação à qual se almeja. A emancipação política preconizada por Bauer como sendo a emancipação final dos judeus não significaria a sua liberdade na medida em que o Estado seria o próprio mediador da emancipação e do homem emancipado, entre a sua existência particular e a sua vida genérica enquanto membro de uma sociedade igualitária apenas no plano ideal, ou seja, politicamente, de modo que, por mais que a emancipação política – através da transformação do Estado cristão em Estado puramente político – significasse um avanço e, de fato, segundo Marx, a emancipação desejável no marco do atual estágio de desenvolvimento social, ela seria sempre parcial e limitada. Para Karl, não há sequer o direito de exigir que os judeus abandonem o judaísmo, pois quando se convertem, reconhecem o Estado Cristão como o Estado de direito. O Estado político, cujo exemplo mais perfeito para Marx seriam os Estados Unidos, suprimiu idealmente a propriedade privada ao abolir o censo de fortuna e a religião e ao conceder ao cidadão o direito à livre escolha de culto. O que não significa que o Estado burguês possa prescindir nem da religião nem da propriedade privada. Longe de eliminar de fato as diferenças provenientes de religião, nascimento, ocupação etc., o Estado só existe sobre essas premissas, ele só se sente como Estado político e só faz valer a sua genialidade em contraposição a esses seus elementos, sendo que o limite da emancipação política se manifesta imediatamente no fato de que o Estado pode ser um Estado livre sem que o homem seja um homem livre. A crítica da emancipação política é, para Marx, a crítica final da questão judaica e a sua verdadeira dissolução no problema de sua época. A partir da emancipação política, a questão judaica perde definitivamente o seu caráter particular e se insere no problema da emancipação geral da humanidade. Essa é a marca da passagem de Marx do democratismo liberal-radical para o comunismo, além de marcar o momento preciso do assentamento das bases do materialismo histórico através da total integração do homem na sociedade e da atividade humana na atividade social, ou seja, a união interativa entre o sujeito e o objeto, entre o homem e o seu meio. Os direitos do cidadão são definidos como os “direitos políticos”, ou seja, direitos que não podem ser exercidos senão em comunidade com os outros. A participação na comunidade e mais precisamente na comunidade política, no Estado, forma seu conteúdo, constatando-se que os direitos do homem, distintos dos direitos do cidadão, nada mais seriam do que os direitos dos membros da sociedade civil-burguesa, do homem egoísta, separando o homem da comunidade. Em sua análise realizada, Marx retém da revolução burguesa o que ele chama de “emancipação política”, ou seja, a delimitação de uma esfera da política como esfera do universal, à distância da sociedade, ficando esta reduzida, ao mesmo tempo, à combinação de interesses particulares e de existências individuais, decompostos em elementos, fazendo desta emancipação política um momento necessário e transitório no processo da emancipação humana. O fato de esse momento ser concebido pela burguesia como o da realização da emancipação humana faz dele o momento por excelência da “ilusão política”, mostrando a indissociabilidade entre “emancipação” e “ilusão”. Simultaneamente, os elementos particulares da vida civil se destacam como se fossem independentes, a ilusão política coincide, para ele, com a ilusão da independência desses elementos, ou com a representação ilusória dos direitos do homem que têm por fim mantê-la. Ao chegar à conclusão de que os direitos do cidadão, do membro do Estado, se remetem a uma comunidade onde a realidade ainda está por ser definida, cujos direitos dos homens se remetem a uma separação egoísta do burguês. Portanto, ao escrever A questão judaica, Marx quis demonstrar, contra a tese de Bauer, que o direito de exprimir convicções religiosas, como as dos judeus, que se colocam como um povo à parte, uma comunidade particular, quebra com a lógica da comunidade política, exaltando o elemento individual, particular, trazido pelas concepções sobre os direitos dos homens originadas na Revolução Francesa, em detrimento da vida do Estado, da citada comunidade política. Marx elaborou suas proposições acerca dos direitos do homem associando-os sempre aos direitos de uma classe burguesa, fazendo uma crítica da emancipação política, tirando da questão judaica o caráter particular ao suplantá-la e inseri-la se no problema da emancipação geral da humanidade. Nessa obra, ele percebe que os direitos humanos, são direitos históricos, e argumenta que esses são criados pela burguesia, ou seja, são direitos representativos de uma classe específica, a famosa classe burguesa. Marx diz que a religião é um problema, pois ela é uma forma de alienação e precisa ser superada. A religião impedia a própria cidadania, pois quem era judeu não poderia ocupar cargos públicos na Alemanha. Quando Marx trata da religião, ele abrange todo e qualquer tipo de religião, não apenas a judaica. Por conseguinte, o primeiro passo para desconstruir esse quadro seria, para Marx, a emancipação do Estado para com a religião. Marx afirma que temos que promover tanto a emancipação humana como a política. Para ele, essa última proporcionava a igualdade perante a lei sem distinção de qualquer natureza, todavia essa igualdade não significava que os homens eram iguais de fato, ou seja, no âmbito político os homens eram iguais, mas não no âmbito social. Há 2 motivos que justificam a ineficiência da emancipação política para Marx, um seria que a declaração de direitos iguais no papel não significava que todos possuíam os mesmos mecanismos de acesso aos bens públicos. O Segundo motivo era, tornar o problema apolítico, ou seja, transferir o problema para a sociedade civil. Os motivos para a emancipação política eram: a preservação da sociedade burguesa e o desenvolvimento da produção capitalista, gerando com isso uma individualização da sociedade. Com revolução política propagou-se a ideia de que não caberia ao Estado se ocupar de interesses particulares e sim de interesses gerais, fazendo com que a sociedade civil passasse a se ver progressivamente separada do Estado, não pertencente mais a ele. Pois, o que era da sociedade civil era interesse particular e cabia ao Estado defender os interesses gerais. Foi assim que os interesses burgueses deixaram de ter um caráter político e passou a ter um caráter social. Marx dizia enquanto houver transferência dos conflitos sociais para a sociedade civil o homem nunca vai ser emancipar. O problema da desigualdade social para ele, não poderia ser resolvido em âmbito político e sim social, pois o papel do direito é manter a ordem social e não modifica-la. Quando o Estado transfere o problema da desigualdade social para a sociedade civil, muito antes de anular as diferenças sociais, ele pressupõe que essas diferenças existam. Sendo assim, Marx defende a ideia de que a emancipação humana seria a solução para a superação desse quadro. O primeiro passo da emancipação humana é pôr fim a alienação decorrente do capitalismo e o segundo é conseguir a igualdade real entre os homens, que seria a igualdade social. Marx afirmava que para acabar com essa desigualdade seria necessária uma revolução comunista e a classe que iria promover essa revolução seria o proletariado. Segundo ele, a emancipação política era irreal, pois mantinha o interesse burguês. Os direitos humanos eram privados, egoístas e separados dos outros homens e da sua comunidade, ou seja, um direito alienado. A emancipação política representava apenas os interesses da burguesia, pois possibilita que ela participasse do processo político e, ao mesmo tempo, impedisse a modificação da estrutura social em que ela administra os seus negócios. Essa emancipação, porém, é incompleta e se opera apenas na ordem política e não social, é uma igualdade ilusória, não representando uma melhoria em grande parte dos problemas sociais, em especial os de natureza econômica, se tornando, para Marx, insuficiente. A verdadeira emancipação era a humana, que era real, prática e desalienada. Essa, tinha como objetivo consertar os problemas sociais pretensamente apolíticos, que estão na sociedade civil e que é o espaço onde a burguesia opera, sendo uma ideia política contrária ao domínio da burguesia. A forma de conseguir essa emancipação humana seria com a revolução comunista e com a tomada do poder pelo proletariado.
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