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O Que é a Ciência Afinal ?

Por:   •  24/8/2018  •  Resenha  •  2.799 Palavras (12 Páginas)  •  139 Visualizações

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CHALMERS, Alan F. O que é a Ciência afinal ? Tradução: Raul Filker. Editora Brasiliense. 1993.

No primeiro capítulo é abordado o raciocínio indutivista, e com foco no principal e pior deles, o indutivismo ingênuo. Segundo o autor, o indutivismo tem como princípio a observação, sendo os dados a fonte essencial para constituir uma teoria.

Após a coleta de informações, levantam-se afirmações que podem ser de dois tipos: singulares e universais. A primeira diz respeito a um acontecimento em um lugar e tempo específicos, sob determinadas circunstâncias, já a segunda, é uma ocorrência específica para todos os lugares e tempos e em qualquer circunstância que só pode ser justificada após um grande número de observações independentes, e esse processo é chamado de raciocínio indutivo, que sai do particular para o todo.

A observação mais a indução de dois fatos levam a uma conclusão dedutiva, via previsão.

1. Observa/registra;

2. Classifica/compara/analisa;

3. Indutivamente tira-se conclusões;

4. Análise de pesquisas anteriores.

As proposições de observações que formam a base da ciência são seguras porque sua verdade pode ser averiguada pelo uso direto dos sentidos. A confiabilidade das proposições de observação será transmitida às leis e teorias delas derivadas.

Para contrapor a indução, Chalmers usa a lógica, que é o que fundamenta o raciocínio dedutivo que diz que se as premissas são verdadeiras, então a conclusão, deve ser verdadeira, porém nem sempre, algumas vezes as premissas podem ser verdadeiras e a conclusão falsa porque o argumento é inválido

No segundo capítulo, o autor aponta os problemas da indução, começando com o questionamento de que a indução não pode ser explicada com um apelo à lógica, a indução não pode explicar a indução, porque ela parte do princípio da observação, e esta deve ser feita um grande número de vezes para afirmar universalmente algo, porém independente de quantas vezes sejam observadas um fato, ainda assim será um número finito, que comparado com o número infinito de situações que se podem ocorrer, dará um resultado sempre infinito.

No capítulo seguinte, o criador da obra aponta que para um indutivista a visão é o principal instrumento para observação, ressaltando duas coisas acerca da visão, que a existência de fatores e propriedades do mundo serão registrados pelo cérebro, e que dois observadores irão registrar a mesma visão.

Para contrariar essa ideia, o escritor cita “N. R. Hanson, ‘Há mais coisas no ato de enxergar que o que chega aos olhos’”(1993, p. 49) e usa de exemplos para demonstrar que não necessariamente dois ou mais observadores terão a mesma experiência ao observar o mesmo fato. E deixa claro, que o problema não está em considerar as observações e experiências feitas que são importantes, o problema está no papel que os indutivistas assumem para tais.

No capítulo 4, Chalmers apresenta a doutrina da falsicabilidade que afirma que a observação pressupõe a teoria e que, apenas teorias legitimamente adaptadas sobrevivem, já que a ciência se dá por tentativa e erro. Assim apoia-se em considerar métodos dedutivos lógicos pra checar a falsidade de leis e teorias universais. A partir do momento que uma premissa é afirmada e a conclusão negada, temos um contradição.

“Uma hipótese é falsificável se existe uma proposição de observação ou um conjunto delas logicamente possíveis que são inconsistentes com ela, isto é, que, se estabelecidas como verdadeiras, falsificariam a hipótese.” (CHALMERS, 1993, p 67). Então, a hipótese deve ser falsificável para ser aceita.

Assim, se uma teoria é informativa, ela deve correr o risco de ser falsificável. Uma teoria é falsificável porque faz afirmações sobre o mundo. Quanto mais falsificável, melhor ela será.

O falsificacionismo possui uma progressão hierárquica, a ciência começa com problemas, depois temos as hipóteses, essas hipóteses devem ser testadas e algumas chegam a ser eliminadas rapidamente, outras são submetidas a testes mais rigorosos e após uma teoria ter sido muito falsificada surge novos problemas e o processo continua.

Porém nenhuma teoria pode ser absolutamente verdadeira, mesmo passando por esse processo muitas vezes.

Na próximo capítulo, de forma geral o autor aponta que se uma teoria for mais falsificável que sua rival, então ela deverá ser aceita.

Conforme a ciência progride as hipóteses vão ficando cada vez mais falsificáveis. Se uma teoria modificada resistir aos testes de falsificação então há progresso e algo novo é aprendido, é assim que a ciência progride com acertos e erros.

No capítulo 6, Chalmers aborda sobre as limitações do falsificacionismo, dizendo que nem o indutivismo e nem o falsificacionismo podem abordar a ciência como ela realmente é, por isso como toda teoria o falsificacionismo é uma teoria falível. Ele mantém as teorias que sobrevivem aos testes e rejeita aquelas que não sobrevivem. A aceitação da teoria é sempre uma tentativa e a rejeição da mesma pode ser decisiva. Assim o autor cita exemplos como o de Newton, e a lei da Gravidade quase refutada pelo mau comportamento da órbita de Urano e outros foram mantidas e perseveradas e desenvolvidas apesar das aparentes falsificações, só com os séculos e trabalho de muitos cientistas pode-se obter resultados satisfatórios de observação e experimentos.

No capítulo seguinte, o autor afirma “O estudo histórico revela que a evolução e o progresso das principais ciências mostram uma estrutura que não é captada pelos relatos indutivista ou falsificacionista” (CHALMERS, 1993, p.110) mas ressalta que há outra base menos histórica e mais filosófica que está ligada ao atrelamento que a observação tem da teoria.

O escritor se baseia em Imre Lakatos cuja ideia é fornecer orientação para a pesquisa em duas vertentes: positiva e negativa. A heurística negativa de um programa envolve a estipulação de que as suposições básicas subjacentes ao programa, seu núcleo irredutível, não devem ser rejeitadas ou modificadas. Ele está protegido da falsificação por um cinturão de hipóteses auxiliares, condições iniciais. A heurística positiva (indica como o núcleo deve ser suplementado) é composta de uma pauta geral que indica como pode ser desenvolvido o programa de pesquisa. Esses serão progressivos ou degenerescentes, dependendo do sucesso ou fracasso persistente quando levam à descoberta

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