O Sistema De Planejamento No Sistema De Marketing
Dissertações: O Sistema De Planejamento No Sistema De Marketing. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 13/9/2014 • 8.714 Palavras (35 Páginas) • 560 Visualizações
Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação
Journal of Information Systems and Technology Management
Vol. 4, No. 1, 2007, p. 23-46
ISSN online: 1807-1775
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Recebido em/Manuscript first received: 08/08/2006 Aprovado em/Manuscript accepted: 26/10/2006
Endereço para correspondência/ Address for correspondence
Daniela Motta Romeiro Khauaja Doutoranda da Faculdade de Economia e Administração/ FEA USP. Endereço:Rua
São Paulo Antigo, 500 apt.51B, Real Parque – São Paulo / SP. CEP: 05694-011 E-mail: khauaja@yahoo.com
Marcos Cortez Campomar Professor Titular da Faculdade de Economia de Administração/ FEA USP. Endereço: Av.
Professor Luciano Gualberto, 908, prédio FEA 1, Cidade Universitária – São Paulo / SP. CEP: 05580-900. E-mail:
campomar@usp.br
ISSN online: 1807-1775
Publicado por/Published by: TECSI FEA USP – 2007
O SISTEMA DE INFORMAÇÕES NO PLANEJAMENTO
DE MARKETING: EM BUSCA DE VANTAGEM
COMPETITIVA
INFORMATION SYSTEMS IN MARKETING PLANNING: IN SEARCH FOR
COMPETITIVE ADVANTAGE
Daniela Motta Romeiro Khauaja
Faculdade de Economia e Administração- USP, São Paulo, Brasil
Marcos Cortez Campomar
Faculdade de Economia e Administração- USP, São Paulo, Brasil
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ABSTRACT
Information is an important input to perform the different activities of marketing
administration. This paper presents a study that investigated the opinion of 116 MBA students
of Universidade Anhembi-Morumbi, who used to work for Brazilian and multinational
organizations from several sectors, in order to discuss the importance of formal, integrated and
continuous marketing information systems (MIS) to the process of marketing planning in these
organizations. The results of the empirical study state the importance of the MIS to marketing
planning, as well as the possibility of obtaining competitive edge through the use of the
information system.
Keywords: marketing information system, marketing planning.
RESUMO
Nas diferentes funções da administração de marketing, a informação é insumo básico. O
presente artigo pretende relatar uma pesquisa de opinião de 116 alunos dos cursos de MBA da
Universidade Anhembi-Morumbi, que atuavam em empresas nacionais e multinacionais, de
diversos setores de atuação, para discutir a importância dos sistemas de informações de
marketing (SIM) formais, integrados e contínuos para o processo de planejamento de
marketing nessas empresas. A análise dos resultados da pesquisa empírica deixa clara a
Khauaja, D. M. R., Campomar, M. C.
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importância do SIM para o planejamento de marketing e a possibilidade de obter-se vantagem
competitiva por meio da utilização do sistema.
Palavras-chave: sistema de informações de marketing, planejamento de marketing.
1 INTRODUÇÃO
A crescente necessidade das organizações de buscar resultados positivos num
ambiente altamente competitivo, global, dinâmico e volátil tem expandido sua exigência
pelo processamento da informação. Para lidar com o crescente fluxo de informação,
interno e externo, as organizações precisam tirar proveito das oportunidades oferecidas
pela tecnologia da informação (TI). A gestão de informação, com o uso da TI, tem se
tornado um dos elementos importantes para um planejamento de marketing eficaz. Por
meio da coleta e da divulgação de informações e do seu uso para a construção e gestão
de marcas, os sistemas de informações oferecem a possibilidade de aumentar a
eficiência da organização (TALVINEN, 1995).
O novo conceito de marketing, proposto pela American Marketing Association
(AMA), em 2004, vai além das atividades de troca, afirmando que o marketing envolve
a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, buscando administrar
relacionamentos com eles, ou seja, além da troca em si o foco está na manutenção de
relacionamentos duradouros (DARROCH et al., 2004). Além disso, o novo conceito
explicita a necessidade de a organização lidar com diversos públicos de interesse, dentre
eles: fornecedores, revendedores, órgãos do governo e funcionários, além dos clientes.
Nesse contexto mais abrangente, o planejamento de marketing torna-se mais complexo.
A consubstanciação do exercício de planejamento formal é o plano de marketing
(CAMPOMAR, 1977). Trata-se de um documento escrito que detalha as ações de
marketing dirigidas a objetivos específicos no âmbito de um determinado ambiente. A
informação é a base desse plano, como reforçam Ferrell e Hartline (2005, p. 36): “um
bom plano de marketing requer grande quantidade de informações de várias fontes
diferentes”.
Nesse sentido, o objetivo do presente artigo é discutir a importância de um
sistema de informações de marketing para o processo de planejamento de marketing e,
como conseqüência, para a obtenção de uma vantagem competitiva para a organização.
Parte-se de uma revisão da literatura sobre os conceitos de planejamento e plano de
marketing. A fim de contextualizar o tema “sistema de informações de marketing e
vantagem competitiva”, explica-se o conceito de vantagem competitiva de acordo com
Michael Porter (1989) para, em seguida, analisar, segundo a própria visão de Porter e de
outros autores que partiram da sua teoria, como os sistemas de informações podem
trazer vantagem competitiva para as empresas. Ateve-se, neste estudo, especificamente
aos sistemas de informações de marketing, colocando os conceitos de SIM de alguns
autores selecionados.
A fim de aprofundar a discussão, realizou-se uma pesquisa de opinião com 116
alunos dos cursos de MBA da Universidade Anhembi-Morumbi, que atuavam em
empresas nacionais e multinacionais, de diversos setores de atuação, para discutir a
importância dos sistemas de informações de marketing (SIM) formais, integrados e
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contínuos para o processo de planejamento de marketing nessas empresas. Indagou-se
sobre a existência de um SIM implantado na empresa, segundo o conceito de SIM
proposto por Kimball (1996). Buscou-se compreender as funcionalidades dos sistemas
de informações de marketing, os principais benefícios para a área de Marketing e a
opinião do respondente sobre a vantagem competitiva proporcionada para a empresa
pelo SIM. Ao final do artigo, são apresentadas as conclusões do estudo.
2 MÉTODO DO ESTUDO
Na investigação empírica foi empregada a pesquisa descritiva, que, segundo
Hair et al. (2005) é adequada para descrever alguma situação, geralmente com a
mensuração de um evento ou atividade com a utilização de estatísticas descritivas. A
coleta de dados utilizou o método conhecido como levantamento ou survey, para
obtenção de informações dos participantes. O estudo foi do tipo transversal, que envolve
a coleta de dados de uma determinada amostra uma única vez (HAIR et al., 2005).
Durante o ano de 2005, mais especificamente de maio a setembro daquele ano, foi
solicitado aos alunos dos cursos de Master of Business Administration (MBA), da
Universidade Anhembi-Morumbi, que respondessem um questionário sobre sistemas de
informação de marketing, considerando as empresas onde trabalhavam. Vale ressaltar
que os alunos estavam cursando a disciplina “Gestão de Marketing” e que o
preenchimento desse questionário fazia parte da avaliação de seu desempenho na
disciplina. Além disso, o questionário foi aplicado, após uma aula sobre sistemas de
informações de marketing, garantindo que os alunos tivessem uma clara noção do que
se trata um SIM.
O instrumento da pesquisa foi, portanto, um questionário estruturado, com
perguntas abertas e fechadas, autopreenchido por cada aluno. Esse questionário foi prétestado,
em 2004, com um gerente de produto e uma gerente de pesquisa de mercado de
uma empresa da indústria farmacêutica, e alguns ajustes foram realizados.
Posteriormente, o questionário ajustado foi aplicado em três empresas numa pesquisa
qualitativa, que utilizou o método de casos múltiplos (YIN, 2001), servindo como base
para a presente pesquisa.
A amostra é não-probabilística por conveniência formada por 116 empresas. Um
ponto importante a destacar é que não só a amostra sendo não-probabilística é arbitrária,
não aleatória e subjetiva como também a amostra por conveniência indica que os
pesquisadores têm liberdade para escolher quem eles quiserem (COOPER;
SCHINDLER, 2003). Logo, percebe-se que a amostra por conveniência é utilizada para
verificar idéias ou mesmo para ter idéias sobre um assunto de interesse como neste
artigo, em que se pretende apresentar a existência e a utilização do SIM nas empresas
nos dias atuais.
A fim de analisar os dados, foram utilizadas diferentes técnicas para as
perguntas fechadas e abertas. Para fazer o cruzamento das perguntas fechadas, foi
utilizada a planilha dinâmica Excel. Segundo Richardson et al. (1999, p. 191), “os
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questionários de perguntas fechadas são aqueles em que as perguntas ou afirmações
apresentam categorias ou alternativas de respostas fixas e preestabelecidas”. As
perguntas fechadas encontravam-se numa escala nominal. Richardson et al. (1999)
afirmam que as escalas nominais não têm propriedade numérica ou quantitativa, sendo
que a denominação do nome dessa escala se dá simplesmente porque se atribui nomes
às diferentes categorias. Vale ressaltar que, com essa escala, os procedimentos
estatísticos possíveis são moda e freqüência.
Já nas perguntas abertas, foi utilizada a análise de conteúdo, definida por Bardin
(2004, p. 27) como: “um conjunto de técnicas de análise das comunicações”, visando
obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas
mensagens. A análise de conteúdo realizada foi do tipo classificatório, recomendada
pela autora para perguntas abertas de um questionário. Como não é considerado
obrigatório por Bardin (2004), não foram formuladas hipóteses, procedendo-se
diretamente à codificação, na qual os dados brutos foram transformados e agregados em
unidades de registro.
A unidade de registro “é a unidade de significação a codificar e corresponde ao
segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando a categorização e a
contagem freqüencial” (BARDIN, 2004, p. 98). O recorte das unidades de registro,
nesta análise, foi temático. Segundo Franco (2003), um tema é uma asserção sobre um
assunto que incorpora os significados ou conotações atribuídas a um conceito. Como
regra de contagem foi utilizada a freqüência de aparição de cada tema, assumindo-se
que essa freqüência é indicador da importância do tema. Todas as aparições tiveram o
mesmo peso, pois se assumiu que todos os temas e categorias tinham a mesma
importância.
3 O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE MARKETING
Para Kotler e Keller (2006), uma administração de marketing bem-sucedida
envolve o processo de criar, entregar e comunicar valor para os clientes. Esse processo
requer diversas atividades de marketing e para que elas sejam selecionadas e executadas
corretamente é essencial que exista um planejamento.
O planejamento é o delineamento de um futuro desejável para a organização e
dos caminhos para alcançá-lo (ACKOFF, 1974), constituindo-se num processo
contínuo, no qual os dirigentes da organização tomam decisões antecipadas, com base
em possíveis cenários futuros, construídos a partir de uma cuidadosa análise da situação.
Segundo Churchill e Peter (2003), o planejamento beneficia a empresa por ajudar os
seus gerentes e funcionários a estabelecer prioridades sobre como investir seus recursos.
McDonald (2004, p. 486) coloca que “o planejamento de marketing é
simplesmente uma seqüência lógica e uma série de atividades que levam à determinação
de objetivos de marketing e à formulação de planos para alcançá-los”. Westwood (1996,
p.11) compartilha da mesma idéia ao definir que o “termo planejamento de marketing é
usado para descrever os métodos de aplicação dos recursos de marketing para se atingir
os objetivos de marketing”. O planejamento de marketing pode ser considerado,
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segundo Campomar (1982, p. 2), “como um instrumento poderoso para aumentar a
velocidade e a capacidade de reação das organizações aos estímulos provenientes do
ambiente externo, quer sejam representados por ameaças ou por oportunidades”.
O plano de marketing é a consubstanciação do exercício do planejamento
formal, sendo o planejamento um processo helicoidal e o plano linear (CAMPOMAR,
1977). Campomar (1982), Westwood (1996), Churchill e Peter (2003), Kotler e Keller
(2006) esclarecem que o plano de marketing é um documento que direciona e orienta o
esforço de marketing de uma empresa.
Vale ressaltar que o plano de marketing é uma parte do plano corporativo,
devendo ser executado como parte do planejamento global da companhia
(WESTWOOD, 1996). Sua função é definir os direcionamentos estratégicos para o
marketing da empresa e ajudá-la a manter-se concentrada nas etapas necessárias para
alcançar ou ultrapassar suas metas (BANGS JR, 1999).
Segundo Westwood (1996), o processo de planejamento de marketing inicia-se
com a realização de pesquisas de marketing. Bangs Jr (1999) faz uma lista de trinta
perguntas que devem ser respondidas durante o processo de planejamento de marketing,
deixando implícita a necessidade da obtenção de informações para respondê-las.
Considerando a informação como o insumo básico para o processo de
planejamento de marketing, Sääksjärvi e Talvinen (1993) afirmam que gerenciar a
informação de marketing por meio de sistemas de informações de marketing tornou-se
um dos mais vitais elementos de um marketing efetivo. Wilson e McDonald (2001)
enfatizam que o suporte da tecnologia da informação para o planejamento de marketing
pode ajudar no uso das ferramentas de marketing e facilitar o planejamento contínuo.
Uma vez compreendida a importância da informação para o processo de
planejamento de marketing, será discutida a gestão da informação como fonte de
vantagem competitiva para as organizações.
4 A INFORMAÇÃO COMO VANTAGEM COMPETITIVA
Objetivando utilizar o conceito de vantagem competitiva, menos como um tema
para debate e, mais como referencial teórico para compreensão da relevância dos
sistemas de informação de marketing, o presente artigo ateve-se às argumentações de
Porter (1989). Conforme este autor, as vantagens competitivas são obtidas e sustentadas,
segundo estratégias genéricas formalizadas e implementadas pelas empresas,
influenciadas pela estrutura de concorrência, da indústria e do posicionamento
competitivo relativo dos competidores que nela operam. Para Porter (1989), há duas
maneiras de se posicionar com um desempenho superior em uma indústria, por meio das
seguintes fontes de vantagem competitiva: custos baixos e diferenciação.
A fim de entender a obtenção e sustentação da vantagem competitiva, Porter
(1989) introduz o conceito de cadeia de valores. Ele tenta compreender como as
atividades em si e o relacionamento entre elas, e como as interfaces entre compradores,
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fornecedores e unidades estratégicas, entre outras explicam um posicionamento singular
na indústria, capaz de contribuir com um valor ou conjunto de valores percebido pelos
consumidores como único, de forma a colocar a empresa numa posição rentável e
competitiva superior ao da média dos concorrentes da indústria.
Porter (1989) categoriza a cadeia de valores em dois conjuntos de atividades de
valor. O conjunto de atividades primárias que está subdividido em cinco categorias
genéricas: logística interna, operações, logística externa, marketing e vendas, e serviço.
E o conjunto de apoio que está subdividido em quatro categorias genéricas: aquisição,
desenvolvimento de tecnologia, gerência de recursos humanos e infra-estrutura da
empresa.
Concluindo, a compreensão da cadeia de valores, sua desagregação em
atividades primárias e secundárias, e sua comparação com as cadeias de valores dos
concorrentes, torna a estratégia menos abstrata e mais tangível, possibilitando a conexão
entre formulação e implementação estratégica, e tornando visíveis e explicáveis suas
fontes de vantagens competitivas e, conseqüentemente, seu desempenho superior na
arena competitiva.
Em 1985, Porter e Millar escreveram um artigo sobre a revolução da
informação, relacionado-a com os conceitos de cadeia de valor e vantagem competitiva.
Para eles, a tecnologia da informação (TI) cria vantagem competitiva por fornecer às
empresas novas formas de ultrapassar seus concorrentes, tanto por reduzir custos quanto
por possibilitar novas maneiras de diferenciação. Segundo os autores, as empresas
devem identificar de que formas a tecnologia da informação pode criar vantagem
competitiva, considerando que a TI afeta todas as atividades da cadeia de valor,
possibilita novos relacionamentos entre elas e novas interfaces entre compradores,
fornecedores e unidades estratégicas. As empresas devem identificar as atividades que
podem ser mais afetadas em termos de custo e diferenciação, e desenvolver um plano
para tirar vantagem da tecnologia da informação.
Diversos autores (WISEMAN; MCFARLAN; PARSON apud QUED
INFORMATION SCIENCES INC., 1989) partiram da teoria de Porter para analisar
como os sistemas de informações podem trazer vantagem competitiva para as empresas.
Pesquisas subseqüentes sobre o uso de sistemas de informação para ajudar as
organizações a conseguir vantagem competitiva confirmaram e ampliaram o trabalho
original de Porter, incluindo estratégias adicionais, como a formação de alianças com
outras organizações e o desenvolvimento de nichos de mercado, entre outras.
Segundo Stair e Reynolds (1999), desde o trabalho original de Porter, as
empresas amadureceram no uso de sistemas de informações (SI) e compreenderam
como os SI podem ser usados para melhorar a efetividade organizacional e dar suporte à
estratégia fundamental do negócio. A combinação entre o melhor entendimento do
potencial dos SIs com o desenvolvimento da tecnologia e suas aplicações levaram as
organizações a usarem os SIs para ganhar vantagem competitiva.
5 OS CONCEITOS DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE MARKETING
Após abordar como os sistemas de informações, em geral, podem trazer
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vantagem competitiva pela visão de diversos autores, o estudo atém-se especificamente
aos Sistemas de Informações de Marketing (SIM), que constituem, conforme observado
por Mattar (1993, p. 25), “a forma mais adequada de prover os usuários de informações
de marketing nas empresas”.
Em primeiro lugar, cabe ratificar que nas diferentes funções da administração de
marketing, isto é, análise, planejamento e controle de programas de marketing, a
informação é o insumo básico. Na década de 1960, Smith et al. (1968) já abordavam o
dilema dos executivos: o grande volume de informação e a insuficiência e inadequação
das informações necessárias para a tomada de decisão. Num segundo momento, além
da qualidade da informação, a preocupação passou a ser com a integração das
informações de diversas fontes, ao longo do tempo, no sentido de ajudar o gerente de
marketing a formar uma clara idéia do que está acontecendo com o mercado.
Há abordagens diferenciadas sobre as formas de integração de informações de
marketing, mas todas estão inseridas na teoria sobre os SIM, que trata do problema da
geração, integração e disseminação de informações de marketing. O conceito do SIM
foi desenvolvido paralelamente e, em função do desenvolvimento do conceito de
marketing, vem sendo uma derivação da ampliação das funções da tradicional pesquisa
de marketing. A seguir, serão mencionados os conceitos de SIM de alguns autores
selecionados.
Mayros e Werner (1982, p.11) definiram o SIM como: “um conjunto de dados
organizados e analisados através de relatórios ou modelos estatísticos. Os dados são
transformados em informação para ajudar o gerente de marketing a encontrar respostas
para suas perguntas”. Percebe-se que estes autores ainda estavam mais preocupados
com as questões da qualidade e da acessibilidade da informação e da troca de
informação entre o marketing e os demais departamentos da empresa, do que com a
integração da informação.
Já Kimball (1996, p. 3) definiu que “o termo SIM se refere a um sistema
abrangente, flexível, formal e contínuo, desenhado para suprir um fluxo organizado de
informações relevantes a fim de guiar a tomada de decisões em marketing”. Esse autor
foi um pouco além e colocou a preocupação com as características do sistema, como
flexibilidade e continuidade, além de ressaltar a finalidade do sistema, que é ajudar na
tomada de decisões de marketing. Ao fornecer a informação relevante (interna e
externa) para os profissionais de marketing e dar suporte efetivo à tomada de decisão, o
SIM pode fornecer vantagem competitiva sustentável para a organização.
Silva (2000, p. 27) se baseou em outros autores, ajustando, segundo ele, a
definição de Cox e Good à perspectiva de Talvinen e combinando-a com a definição de
Kotler para chegar à sua própria definição de SIM:
É um conjunto integrante de pessoas, máquinas e procedimentos,
informatizados ou não, que tem a finalidade de gerar um fluxo de dados
oriundos de diversas fontes, sejam elas internas ou externas, formais ou
informais, corporativas ou locais, que sejam úteis para o desempenho das
atividades de marketing, tanto no nível gerencial como no operacional.
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As maiores contribuições de Silva para o conceito de SIM, além de agrupar as
definições de reconhecidos autores, foram ressaltar que o sistema é composto por
pessoas e procedimentos, além de máquinas, e que ele deve ser útil tanto para o nível
gerencial quanto para o operacional. Uma das maiores dificuldades das empresas é
incentivar seus funcionários a divulgar as informações e ter procedimentos adequados
para que elas cheguem às pessoas para quem efetivamente são úteis.
Wierenga e Bruggen (2000, p. 7) ampliaram o conceito de SIM e propuseram
um Sistema de Suporte à Administração de Marketing (SSAM), definindo-o como:
qualquer dispositivo que combine (1) tecnologia da informação, (2) capacidades
analíticas, (3) dados de marketing e (4) conhecimento de marketing, feito
disponível para um ou mais tomadores de decisão de marketing para melhorar a
qualidade do gerenciamento de marketing.
A contribuição mais interessante desses autores é o fato de considerarem que o
SIM (ou SSAM) tenha embutido o conhecimento de marketing, funcionando como
inteligência artificial. Eles propuseram um sistema desenhado especialmente para dar
suporte a gerentes de produtos de consumo de massa, cuja finalidade é aumentar a
eficiência e a efetividade da tomada de decisão.
O sistema proposto por Wierenga e Bruggen (2000) é um sistema integrado
(modelos quantitativos aliados ao conhecimento de marketing qualitativo, tanto teórico
quanto baseado em casos passados) que oferece uma estrutura para representar o
conhecimento de marketing relevante para uma marca, dá oportunidade para o
armazenamento e a recuperação de dados, dá suporte ao gerente de produto para
monitorar seu mercado e diagnosticar eventos específicos e dá recomendações para
programas de marketing, de acordo com a análise da situação. O sistema, batizado de
BRANDFRAME, é alimentado continuamente com informações para ajudar em todas
as etapas do ciclo de planejamento e controle do gerente de produto, com exceção,
obviamente, da implementação dos programas.
Apesar do pioneirismo do SSAM e sua utilidade, é pertinente fazer alguns
questionamentos: o sistema induz o gerente a enxergar o mercado dentro de uma única
“caixa” de pensamento – a sua própria; o sistema parece possuir uma visão simplista e
pouco inovadora, pois as soluções apresentadas como exemplos são sempre as mais
óbvias; o sistema necessita de muitas informações de input, supondo que a empresa já
possua muita informação sobre a marca, seus consumidores e clientes, o que,
infelizmente, muitas vezes não é verdade; e, por fim, deve-se questionar se o sistema, de
fato, estimula o processo de pensamento do gerente de produto, como sugerem
Wierenga e Bruggen (2000). Sua intenção era que o sistema fosse encarado pelo
gerente como um parceiro que compartilha da mesma referência, mas é possível que os
gerentes de produto possam, ao contrário, se desestimular por receber “receitas” prontas
e até encarar o sistema como uma ameaça de substituição.
Lilien e Rangaswamy (2001) ressaltaram a inutilidade de softwares com
modelos ou sistemas de marketing desenhados sem a base de conceitos e teorias de
marketing. Esses autores dedicam-se a estudar e disseminar o conceito de “engenharia
de marketing”, definido como o processo sistemático de colocar dados e conhecimento
de marketing em uso por meio do planejamento, desenho e construção de sistemas de
suporte a marketing para a tomada de decisões. Vale ressaltar que a engenharia de
marketing pressupõe o uso de computadores.
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A princípio o termo “engenharia de marketing” estava mais associado ao uso de
modelos que capturassem a essência do marketing, dando suporte à tomada de decisões
que influenciam os resultados de campanhas de marketing. Exemplos desses modelos
foram citados por Lilien, Rangaswamy e Matanovich (1998, p. 1-2) como sendo:
“ferramentas de engenharia de marketing”: “modelos de escolha” para fornecer suporte
contínuo nas decisões de segmentação e seleção de público-alvo, conjoint analysis,
simuladores de lançamento de novos produtos (equivalentes a pré-testes de mercado),
etc. Em 2001, Lilien e Rangaswamy fizeram uma coletânea de artigos que descrevem
quantitativa ou qualitativamente (estudo de casos) a aplicação de ferramentas de
engenharia de marketing. Nesta coletânea, além dos modelos já citados, os autores
incluem alguns SSAM, como o proposto por Wierenga e Bruggen (2000).
6 RESULTADOS DA PESQUISA EMPÍRICA
Esta parte do trabalho apresenta os resultados da pesquisa empírica. Em primeiro
lugar, apresentam-se as características das organizações estudadas e o perfil dos
respondentes. A seguir, são expostos os resultados gerais, segundo a opinião dos
respondentes, quanto à presença do SIM nas empresas e, por fim, analisam-se as razões
para a ausência do SIM, bem como as características e os benefícios do SIM nas
organizações onde ele foi implantado.
6.1 Características das organizações e perfil dos respondentes
Como dito anteriormente, a amostra é não-probabilística por conveniência
formada por 116 empresas, das quais, 23 pertencem ao Business to Business (B2B),
representando 19,9% da amostra; 23 fazem parte do setor de Bens de Consumo de
Massa, constituindo 19,9% da amostra; 4 empresas são da área governamental e isto se
traduz por 3,4 % da amostra, além de 66 empresas que compõem o setor de Serviços,
constituindo 56,8% da amostra. O perfil da maioria dos respondentes da pesquisa é das
áreas de Marketing e de Vendas e a amostra está bem dividida com relação à
experiência na empresa: 22% trabalham há menos de 1 ano na empresa, 25% entre 1 e 3
anos, 19% entre 3 e 5 anos, 27% entre 5 e 10 anos e 7% há mais de 10 anos. A pergunta
foi feita porque se espera que a experiência na empresa dê mais condições ao
funcionário de avaliar o SIM, quando ele existir.
6.2 A presença do SIM nas empresas
Observou-se que, segundo os respondentes, poucas empresas possuem um SIM,
ou seja, apenas 22,4 % das empresas pesquisadas possuem um SIM. Essa constatação
reitera o que foi explicado a respeito da existência e da utilização de um SIM nas
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empresas. Vale destacar (figura 1) que apenas uma empresa do setor governamental,
cinco empresas do B2B, oito empresas de Bens de Consumo de Massa e 12 empresas de
serviços se utilizam de um SIM.
Figura 1 – Existência de um SIM
Ao fazer a análise do uso ou não de um SIM pelo faturamento das empresas,
notou-se, conforme a figura a seguir, que das empresas que faturam mais de R$ 5
bilhões, 50% utilizam um SIM, contrapondo ao fato de apenas 18% das empresas que
faturam até R$ 100 milhões possuírem um SIM.
Figura 2 – Existência de um SIM pelo faturamento das empresas
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Em vista disso, verifica-se nesta pesquisa que quanto maior o faturamento da
organização, maior a presença do SIM. Quanto ao tempo de implantação do SIM, em
19% das empresas analisadas o SIM havia sido implantado, há menos de 1 ano; em
23%, de 1 a 3 anos; em 19%, de 3 a 5 anos; em 27%, de 5 a 10 anos e, apenas em 12%,
a implantação havia sido feito há mais de 10 anos. Sendo assim, pode-se afirmar que o
SIM é relativamente novo nas empresas estudadas.
6.3 As possíveis razões para a ausência do SIM
Como o questionário foi preenchido por alunos de pós-graduação, além da
realização da pesquisa, foi solicitado aos respondentes que justificassem a ausência do
SIM em suas empresas, fazendo uma reflexão sobre a relevância (ou não relevância) do
SIM para a organização. As respostas foram um tanto longas e discutiam a própria
importância de um SIM, mas muitos justificaram claramente a ausência do SIM, e essas
justificativas foram categorizadas, fazendo-se uso da análise de conteúdo. Vale lembrar
que o SIM não está presente em 77, 6% das empresas pesquisadas.
Figura 3 – Possíveis razões para a ausência do SIM
AUSÊNCIA DE DEPARTAMENTO DE MARKETING E/OU DE INVESTIMENTO
Não há uma área definida de marketing / Não possui um departamento de marketing
Não possui uma área de marketing qualificada
A empresa não vê o departamento de marketing como deveria, não investe no setor
Em termos de marketing, falta praticamente tudo à empresa
A empresa trata o departamento de marketing de forma às vezes pejorativa
A empresa não possui nenhuma proposta de marketing e não tem muito interesse em desenvolvê-la
Colocaram duas pessoas para trabalhar no marketing, que não têm muita experiência nesse tipo de
trabalho / Empresa possui apenas uma pessoa que trabalha em marketing
O departamento de marketing não está voltado para a divulgação da marca ou até mesmo em
procedimentos de retenção dos clientes, está mais voltado sobre as operações
Nunca houve uma genuína preocupação em fazer realmente uma estratégia de marketing
Não temos uma área específica para isso
O marketing tem uma supervisora que é formada em psicologia
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PORTE DA EMPRESA
Micro empresa
Empresa de pequeno porte
É uma empresa pequena / Agência muito pequena e nova
Empresa com reduzido quadro de funcionários / Estrutura muito enxuta
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CONDIÇÕES DE MERCADO
Falta de concorrência no passado
Empresa ser única nos principais itens de distribuição, dominando atualmente o mercado
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Khauaja, D. M. R., Campomar, M. C.
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Trabalha com um produto que, em sua maioria. concorre com o mercado informal
Os clientes são fechados por meio de “concorrências” principalmente por se tratar de área pública
Porque no setor Gráfico, em geral, as tomadas de decisão são rápidas e simples
Trabalha com um produto novo no Brasil e sem grandes concorrentes
A empresa considera que o segmento em que atua não exige
Novos clientes procuram a empresa por meio de indicações de outros clientes que adquirem nossos
serviços
Empresa tem subsídio de 80%, aproximadamente
Atua no mercado de commodities
Mercado muito novo Brasil com clientes grandes, permitindo comunicação mais direta
Trata-se de um hospital público, não há como traçar um plano de marketing
FALTA DE INTERESSE / CULTURA DA EMPRESA
Empresa tem uma mentalidade muito fechada para algumas ações
Não acredita que o investimento traga resultados satisfatórios
Problema cultural dos gestores da empresa
Dono tem uma visão um pouco restrita
Falta de “preocupação” e visão “limitada”
Não há uma preocupação profunda com os clientes já existentes
A empresa tem 40 anos e foi administrada por muito tempo pelos próprios donos, que têm formação
em Medicina
Falta de modernização dos processos
A empresa é dirigida por pessoas que só visam redução de custos e metas serem batidas
10
GESTÃO FAMILIAR
Por ser uma empresa familiar
Possui uma gestão familiar / administração familiar
Empresa familiar está se profissionalizando agora
Empresa composta por 1 sócio que cuida da parte comercial e 1 sócia da financeira (marido e
mulher)
10
EM PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO / IMPLANTAÇÃO NO FUTURO
Está em fase de implantação
Estão tentando implantá-lo
Já se deram conta da necessidade de maiores investimentos na área de marketing
Nesta nova gestão, o SIM está sendo cogitado / O assunto está sendo discutido na empresa
Está desenvolvendo um SIM
6
CUSTO
Custo alto de implementar o sistema / Custo elevado de desenvolvimento e implementação
Um investimento alto que no momento não é possível
A empresa não tem grandes recursos financeiros para a implantação
5
ESTRUTURAÇÃO / REESTRUTURAÇÃO DA EMPRESA 5
O Sistema de Informações no Planejamento de Marketing: Em Busca de Vantagem Competitiva
Vol.4, No. 1, 2007, p. 23-46
35
Ainda é um Banco em construção – aquisição de diversos Bancos
É uma empresa que está em constante mudança / A empresa encontra-se em constante
desenvolvimento
História cheia de fusões, ...., passou de uma empresa familiar a uma multinacional nipo-mexicana
A empresa cresceu muito rápido e está se adaptando às mudanças
EMPRESA TRANSNACIONAL
Padronização de âmbito global
Dificuldade para implantar um sistema como esse por causa das diferenças culturais e
socioeconômicas que existe em cada país
Empresa tem pouco tempo no país e recebe subsídios da matriz americana
3
Ao analisar a figura acima, é possível notar que a principal evidência percebida
por boa parte dos respondentes para a ausência do SIM nas empresas é a inexistência de
um departamento de marketing, ou de um quadro suficiente e qualificado na área, bem
como a falta de investimento em ações de marketing. Realmente, a vontade de investir
em marketing é premissa básica para que uma organização tenha a necessidade de
informações e, portanto, decida pelo investimento no SIM. Relacionada a esse tema está
a categoria “condições de mercado”: os respondentes alegaram que suas empresas não
sofrem concorrência ou não precisam de um sistema de informações para atuar no seu
setor. Considerando a alta competitividade e volatilidade dos mercados, atualmente,
esse argumento parece muito ingênuo.
Outras três categorias relevantes e que estão relacionadas referem-se ao porte da
empresa, à cultura da empresa e à gestão familiar. Muitos respondentes acreditam que o
fato da empresa ser pequena faz com que não necessite ou não tenha condições de
implantar um SIM. Além disso, o fato da empresa ter uma administração familiar parece
ser um impedimento para a implantação do SIM e alguns respondentes foram mais
explícitos alegando a falta de interesse da empresa por razões chamadas de “culturais”
(vontade dos donos) ou por acreditarem que o investimento não teria retorno.
O porte da empresa parece ser uma justificativa, tanto quando é pequeno como
quando é grande, pois alguns respondentes justificaram a ausência do SIM pelo fato da
empresa ser transnacional e receber informações e subsídios da matriz.
Outras razões para a ausência do SIM são: seu custo, o que está também
relacionado à categoria “porte da empresa”, e ao fato da empresa estar em processo de
estruturação ou reestruturação, não sendo o momento ideal para investir no SIM. Há
também alguns casos em que a empresa já está planejando a implantação de um SIM.
6.4 As características e os benefícios do SIM
Nesta parte, foram analisados os questionários das empresas onde há o SIM, ou
Khauaja, D. M. R., Campomar, M. C.
Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação/Journal of Information Systems and Technology Management
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seja, 22,4% da amostra.
Segundo os respondentes, os usuários do sistema de informações de marketing
são constituídos por: diretor(a) de vendas (92,3%); diretor(a) de marketing (80,8%);
demais diretores (65,4%); gerentes de marketing (80,8%); gerentes de categoria, linha
ou grupo (42,3%); gerentes de produto (61,5%); assistentes, trainees e/ou estagiários de
marketing (57,7%); funcionários de outros departamentos, sendo vendas (65,4%),
finanças (38,5%), recursos humanos (19,2%) e manufatura (7,7%) e outros (15,4%),
tendo sido citados gerente de tecnologia de informação, gerente de qualidade, coaching
e atendimento a clientes. Ao analisar esses dados, chama a atenção o fato do diretor de
vendas ter acesso ao sistema em maior número de empresas do que o próprio diretor de
marketing. O baixo número atribuído ao gerente de linha, categoria ou grupo explica-se
pelo fato de não haver esse cargo, em muitas empresas pesquisadas, dado que os
números de gerentes de marketing e gerentes de produto com acesso ao sistema são
mais expressivos. Vale ressaltar também que outros departamentos, além do marketing,
são usuários do SIM, com destaque para as áreas de Vendas e Finanças. E cabe ainda
mencionar que o SIM é mais utilizado pela diretoria e pela alta gerência do que pelos
funcionários que estão no operacional.
Dos respondentes que possuem um SIM na empresa, 15% acreditam que o
sistema é ótimo, 27% declaram que é muito bom, 46% avaliam o sistema como bom,
enquanto 11,5% afirmam que o uso do sistema é regular. Na figura abaixo, é possível
verificar as razões para a classificação do SIM. Como foi uma pergunta aberta, as
respostas foram categorizadas, tendo sido antes divididas entre aquelas que justificam o
sistema ser muito bom ou ótimo, e as que justificam ser bom ou regular.
Figura 4 – Razões para a classificação do SIM
SISTEMA ÓTIMO OU MUITO BOM SISTEMA BOM OU REGULAR
O SISTEMA
Ferramenta de fácil manuseio
É utilizado como um indicador, para ordenar
idéias e procedimentos
Faz um balanço real do que foi vendido e do
forecast
Atende a necessidade da empresa e de seus
funcionários
4 O SISTEMA
Está em fase de implantação
Não é sofisticado, mas atende a maioria de
nossas necessidades
O sistema está desatualizado
O sistema precisa de constante revisão dos
dados, tomando parte do tempo do pessoal de
vendas
Está bom, mas precisa ser melhorado
9
INFORMAÇÃO
Tenho de forma clara todas as informações que
realmente necessito
Torna a informação acessível a qualquer
pessoa, de forma fácil
Fornece informações para análises
As informações vêm gerando um grande banco
de dados
4 INFORMAÇÃO
As informações são insuficientes
Falha ao não permitir cruzar dados
Alguns dados são acumulativos, não sendo
possível consultar dados específicos
Falta de interligação das informações obtidas
pelos diferentes canais
Não há integração
Existe a possibilidade das informações serem
inseridas em campos que não são corretos e o
sistema aceita
O conteúdo das informações muitas vezes não
reflete a realidade
7
TOMADA DE DECISÃO
Permite tomar decisões de forma estruturada
5 AÇÕES
Dificuldade de enxergar o ambiente externo e
1
O Sistema de Informações no Planejamento de Marketing: Em Busca de Vantagem Competitiva
Vol.4, No. 1, 2007, p. 23-46
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Permite tomar decisões coerentes, de maneira
planejada
Orienta na tomada de decisões de marketing
Orienta as decisões de marketing e da empresa
os concorrentes
AÇÕES
Combater ações da concorrência
Conhecer novos mercados
Ter diferencial frente à concorrência
Atender o perfil e necessidades de públicos
diferentes
Trabalhar os clientes, especificamente, naquele
momento
Monitorar o mercado
O banco de dados será útil para as estratégias
de marketing que a empresa venha a aplicar
7 PESSOAS
O sistema é bom mas depende do
aculturamento das áreas para que haja
consistência nas informações
1
RESULTADOS
Temos grandes resultados
1
Dentre os respondentes que classificaram o SIM como ótimo ou muito bom, foi
possível identificar cinco categorias: o sistema, informação, ações, tomada de decisão e
resultados. Os maiores elogios ao SIM se referem às ações que podem ser tomadas por
haver o SIM na empresa e à tomada de decisão, demonstrando que mais importante do
que as características intrínsecas do sistema são as facilidades geradas pelo seu uso. Já
com relação às reclamações feitas por aqueles que consideraram o sistema apenas bom
ou regular, foi possível identificar quatro categorias: o sistema, informações, ações e
pessoas. Os maiores defeitos do sistema encontram-se nele próprio, por estar em fase de
implantação, desatualizado ou por exigir constante atualização. Além disso, a categoria
“informações” foi muito citada, principalmente, por estarem desatualizadas, não serem
confiáveis ou não permitirem cruzamentos.
Segundo os entrevistados que se utilizam do SIM, as principais funções
encontradas estão descritas a seguir: 100% das empresas que possuem um SIM se
utilizam do sistema para gerar relatórios, 96% para armazenamento e recuperação de
dados, 73% combinam diversas fontes de dados (externa e interna), 69% empregam
para realizar modelos de previsão, 65% usam para consulta ad doc com diferentes
combinações de dados e diferentes relatórios para análise, 50% aproveitam para fazer
modelos de simulação e, em apenas, 35% das empresas, o SIM é capaz de sugerir um
plano de marketing. Abaixo, segue a avaliação dos entrevistados em relação às funções
do SIM.
Khauaja, D. M. R., Campomar, M. C.
Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação/Journal of Information Systems and Technology Management
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Figura 5 – Avaliação das funções do SIM
Além das funções listadas, foi solicitado aos respondentes que descrevessem
demais funções do SIM. Como a pergunta foi aberta, as respostas foram categorizadas
em: análise (3 respostas), clientes (3 respostas), controles (3), força de vendas (2),
planejamento (2), resultados (2), integração (1) e ações (1). Percebe-se que as demais
funções são muito pulverizadas, não merecendo muita ênfase na análise dos resultados
da pesquisa.
É importante destacar também que as empresas que implantaram o SIM há
menos de 1 ano e há mais de 10 anos, avaliam o sistema como bom. Neste caso, pode-se
supor que com menos de 1 ano de uso, os usuários ainda não conseguem extrair do
sistema os benefícios esperados e as empresas com mais de 10 anos podem não estar
alimentando os dados no sistema de forma adequada ao longo do tempo. Entretanto, nas
empresas que implantaram o SIM, de 1 a 10 anos, os entrevistados avaliam o sistema
como ótimo e muito bom, conforme pode ser visto na figura 6.
Figura 6 – Avaliação do SIM no tempo
O Sistema de Informações no Planejamento de Marketing: Em Busca de Vantagem Competitiva
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Em seguida, se perguntou aos respondentes quais são os principais benefícios que
o SIM implantado na empresa traz para os usuários da área de Marketing. Foram
colocadas as dez frases a seguir e foi solicitado aos respondentes fazer um ranking,
enumerando as alternativas de 1 a 10, sendo 1 para a mais importante e 10 para a menos
importante:
a)Armazena e recupera dados, mantendo o histórico do mercado, da marca e
das atividades de marketing.
b)Facilita o fluxo de informação entre a área de Marketing e as demais áreas
da empresa.
c)Facilita o monitoramento do mercado e da marca
d)Faz uma análise do mercado e da marca, baseado em conhecimento de
marketing.
e)Faz um diagnóstico da situação.
f)Sugere um planejamento de marketing para melhorar o desempenho da
marca.
g)Faz recomendações de atividades de marketing para cada oportunidade
detectada na análise.
h)Aumenta a eficiência e a efetividade da tomada de decisão em marketing.
i)Melhora a qualidade do gerenciamento de marketing.
j)Traz vantagem competitiva para minha empresa.
É importante mencionar que em alguns questionários os respondentes não
enumeraram todas as frases: em alguns casos, a numeração foi feita até cinco e, em
outros, algumas frases não foram numeradas. Isso aconteceu em 5 dos 26 questionários
em que há a presença do SIM na empresa, mas todas as respostas foram consideradas
para análise. A tabela a seguir mostra o percentual em que cada uma das frases foi
considerada, pelos respondentes, número 1 (mais importante) a número 10 (menos
importante). As frases estão representadas por letras, de A a J, conforme a listagem
apresentada.
Tabela 1 – Benefícios do SIM
A B C D E F G H I J
1 12,5 20,8 8,3 8,3 16,7 0,0 0,0 4,2 8,3 20,8
2 13,0 8,7 13,0 8,7 4,3 13,0 0,0 17,4 21,7 0,0
3 16,0 12,0 16,0 0,0 12,0 8,0 12,0 12,0 4,0 8,0
4 4,2 8,3 8,3 4,2 4,2 4,2 16,7 25,0 16,7 8,3
5 17,4 13,0 4,3 0,0 8,7 13,0 4,3 13,0 13,0 13,0
6 9,1 9,1 9,1 27,3 4,5 13,6 4,5 0,0 9,1 13,6
7 9,1 9,1 18,2 9,1 18,2 9,1 9,1 4,5 9,1 4,5
8 4,8 4,8 9,5 28,6 19,0 19,0 4,8 4,8 4,8 0,0
9 0,0 14,3 9,5 9,5 4,8 0,0 28,6 19,0 0,0 14,3
10 19,0 4,8 4,8 4,8 4,8 14,3 19,0 0,0 19,0 9,5
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Apesar de não ter havido uma grande concentração de respostas em
determinadas frases, foi feita uma análise considerando as frases mais citadas em cada
uma das posições do ranking. Ao analisar os dados da tabela 1, é possível perceber que
as frases B e J foram citadas como as mais importantes em 20,8% dos questionários,
cada uma. Logo, os principais benefícios do SIM, para os respondentes, seriam:
“facilitar o fluxo de informações entre a área de Marketing e as demais áreas da
empresa” e “trazer vantagem competitiva para a empresa”. Em segundo lugar, as frases
mais citadas foram I e H, com 21,7% e 17,4%, respectivamente: “melhora a qualidade
do gerenciamento de marketing e aumenta a eficiência” e “a efetividade da tomada de
decisão”. Por outro lado, cabe apontar que as frases F e G não foram citadas como as
mais importantes por nenhum respondente, sendo que a G não foi citada sequer em
segundo lugar: sugere “um planejamento de marketing para melhorar o desempenho da
marca” e faz recomendações de atividades de marketing para cada oportunidade
detectada na análise. Dentre todas as frases, a G parece ser, mesmo, considerada a
menos importante pelos respondentes, dado que se concentra principalmente em último
(19%) e penúltimo (28,6%) lugares.
No fim do questionário, foi indagado qual é a principal vantagem competitiva
proporcionada pelo SIM, caso o respondente acreditasse que o SIM traz vantagem
competitiva. Como foi uma pergunta aberta, foi realizada novamente a análise de
conteúdo, chegando-se a oito categorias, conforme figura abaixo.
Figura 7 – Vantagem competitiva proporcionada pelo SIM
CLIENTES
Satisfazer os clientes, suas necessidades e desejos
Estar mais perto dos clientes, saber o que pensam, suas expectativas
Saber o momento para contatar o cliente/ prospect
Fomentar a fidelidade dos clientes / Construir relações feitas para durar / O cliente tem sempre em
sua mente a marca da empresa
Facilitar futuras negociações com clientes
Conhecimento dos clientes e de suas necessidades
Classificar e identificar qual é o cliente mais importante
12
INFORMAÇÕES
Ter histórico das informações
Armazenar histórico do mercado e da empresa
Integração das informações
Ajuda na busca de informações
Permite obter informações em tempo real / Informações imediatas
Organizar as informações
Forma de exposição das informações
Informações trazem oportunidades de negócio
12
AÇÕES
Otimizar ações de marketing / Nortear as ações de marketing
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Prever tendências
Agilizar a prestação de serviços
Melhor foco / Ter foco / Trabalhar e direcionar as forças
Alocar recursos humanos onde realmente haja oportunidades em potencial
Saber agir interna e externamente
Direcionar melhor o produto em determinada situação
Ações de marketing baseadas nas informações armazenadas no sistema
Reação com ação adequada
RESULTADOS
ROI (retorno sobre o investimento)
Crescimento crescente e contínuo
O SIM torna a empresa líder no mercado em que atua
Melhorias de processos
Melhorias contínuas
5
MERCADO
Conhecimento do mercado trabalhado
Demonstrar que um determinado nicho de mercado pode ser atendido
Facilita o monitoramento do mercado e da marca
4
TOMADA DE DECISÃO
Tomar decisões com mais segurança
Filtrar o resultado para a tomada de decisão
Guiar a tomada de decisão
3
PLANEJAMENTO
Melhor estratégia no mercado
Funcionalidades, previsões, simulações e sugestões para plano de marketing
Planejamento da empresa
3
CONCORRÊNCIA
A firma consegue atuar antes da concorrência
Diferenciação em relação à concorrência
2
É interessante notar que as categorias mais citadas foram “a informação em si” e
“os clientes”, seguidas das ações tomadas pela empresa com o output do SIM. A
informação ser considerada uma vantagem competitiva explicita sua importância para o
marketing. Além disso, a categoria “planejamento”, embora tenha tido poucas menções,
demonstra diretamente a relação entre o SIM e o planejamento de marketing. E o fato,
de conhecer, satisfazer e buscar a fidelidade de clientes serem considerados uma
Khauaja, D. M. R., Campomar, M. C.
Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação/Journal of Information Systems and Technology Management
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vantagem competitiva, mostra que as empresas que possuem SIM têm foco no cliente,
que é uma premissa da gestão de marketing.
A análise das categorias apontadas indica que o SIM ajuda a empresa a conhecer
mais profundamente seus clientes, o que está relacionado à capacidade da empresa de
identificar segmentos de mercado, escolher seus segmentos-alvo, construir composto(s)
de marketing que possa(m) satisfazer suas necessidades e estabelecer relacionamentos
de longo prazo com os clientes-chave, o que visa à retenção desses clientes. Além disso,
o SIM permite priorizar ações de marketing, alocar melhor os recursos disponíveis e
medir os resultados das ações, contribuindo para a tomada de decisão e, em
conseqüência, para uma maior profissionalização na gestão de marketing.
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A presente pesquisa objetivou discutir o papel e a importância dos sistemas de
informações para o processo de planejamento de marketing e a obtenção de vantagem
competitiva por meio dos benefícios proporcionados pelo SIM à empresa. Na pesquisa
empírica analisaram-se as opiniões de 116 alunos dos cursos de MBA da Universidade
Anhembi-Morumbi sobre as organizações onde trabalhavam, mais especificamente para
verificar a existência de um SIM e investigar as razões de sua ausência em empresas
que não o possuem, bem como compreender os principais benefícios do sistema nas
demais organizações que possuem SIM, inclusive a possibilidade de obtenção de uma
vantagem competitiva.
Se na teoria, conforme verificado na revisão bibliográfica, é unânime a
importância da informação para o processo de planejamento de marketing e é enfatizado
que gerenciar essa informação, por meio de sistemas de informação de marketing é vital
para um marketing efetivo, na prática, o SIM foi encontrado em apenas 22,4% das
empresas analisadas.
As razões alegadas para a ausência do SIM se referem principalmente à
inexistência do marketing nas empresas e a condições de mercado. Pode-se concluir que
o fato da empresa ser orientada para o mercado e, portanto, investir na área de
Marketing, são premissas básicas para que seja realizado o investimento no SIM. Além
disso, outras razões relevantes são: o porte da empresa e os altos custos do sistema. Isso
demonstra a necessidade de desmistificar o SIM. Acredita-se que, por desconhecimento
de seu conceito, funcionamento e benefícios, os respondentes acreditem que o SIM é
muito caro e que a empresa, por ser pequena, não tenha condições de arcar com o
investimento. Ora, nesse caso, ou o SIM é visto como um custo (e não investimento) ou
não se acredita no retorno que ele possa proporcionar. Ainda outra conclusão é a crença
de que, por ser pequena, a empresa não precisa de um SIM, porque os (poucos)
funcionários podem se falar diretamente, havendo um “sistema” informal. Essa crença,
muitas vezes, faz com que as informações fiquem concentradas na “cabeça do dono”,
não permitindo o fluxo entre os colaboradores e, também, sem um sistema formal, não
se pode afirmar que as informações que fluem não tenham viés.
Cabe apontar ainda como evidências percebidas, por parte dos respondentes para
a ausência do SIM, a gestão familiar e a falta de interesse ou “cultura” da empresa. No
O Sistema de Informações no Planejamento de Marketing: Em Busca de Vantagem Competitiva
Vol.4, No. 1, 2007, p. 23-46
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primeiro caso, parece ser um problema de falta de profissionalização da empresa, desejo
de centralizar informações no dono e falta de conhecimento do SIM para que sejam
levados em conta seus benefícios. No segundo caso, a falta de interesse está relacionada
à gestão familiar, ao porte da empresa e às condições de mercado. Nessa categoria
(“falta de interesse / cultura da empresa”), assim como na ausência de departamento de
marketing, fica evidente a não orientação da empresa para o mercado.
Dentre as empresas onde há o SIM (22,4%), verifica-se uma maior presença do
sistema nas empresas B2B (35% das pesquisadas) e uma menor presença nas empresas
do setor de serviços (18% das pesquisadas). Uma possível justificativa para isso é o
fato das empresas de serviços analisadas serem de menor porte. Um dado que corrobora
essa afirmação é a presença do SIM nas empresas de maior faturamento: 50% em
empresas que faturam mais de R$ 5 bilhões, e apenas 18% nas que faturam até R$ 100
milhões.
O SIM é utilizado, nas empresas pesquisadas, principalmente pelas áreas de
Vendas e Marketing, sendo mais usado pela diretoria e alta gerência do que pelos
gerentes de produto e assistentes. Esse resultado mostra que talvez a informação não
esteja acessível a todos os níveis da organização e que o SIM seja mais utilizado por
aqueles que definem estratégias e precisam tomar decisões na empresa.
A qualidade do SIM ainda é uma oportunidade, dado que apenas 15% dos
respondentes o consideram ótimo e, a maioria (46%) acredita que é apenas bom. Os
maiores defeitos no sistema encontram-se nele próprio e nas informações que ele
disponibiliza (ou deixa de disponibilizar).
As funções básicas de armazenamento, recuperação de dados, geração de
relatórios, combinação de fontes de dados e modelos de previsão estão presentes em
pelo menos 69% das empresas estudadas que possuem um SIM. Entretanto, os modelos
de simulação e a sugestão de um plano de marketing estão presentes em apenas 50% e
35% dos sistemas implementados, respectivamente. Pode-se concluir que, apesar da
existência da tecnologia para isso e de já terem sido concebidos SIM que permitem
essas funcionalidades, elas ainda não estão presentes em muitos sistemas e, portanto,
são realizadas pelos funcionários que utilizam o sistema como fonte e análise de
informações.
Quanto aos benefícios do SIM, a vantagem competitiva foi uma das frases mais
apontadas, confirmando o que foi levantado na revisão da literatura, ou seja, o SIM
pode trazer vantagem competitiva para as empresas. Outro benefício muito citado é o
fato de facilitar o fluxo de informações entre a área de Marketing e as demais áreas da
empresa, confirmando o papel do SIM como fator a contribuir para uma boa efetividade
operacional.
Para finalizar as considerações sobre os resultados alcançados na presente
pesquisa, cabe destacar que o fácil acesso à informação é considerado uma vantagem
competitiva pelos respondentes, cujas empresas possuem SIM, explicitando a
importância da informação para o planejamento de marketing. A relevância do SIM
para a gestão de marketing fica também evidente quando os respondentes apontam os
“clientes” (conhecê-los, satisfazê-los, negociar bem com eles e fidelizá-los) e as “ações”
Khauaja, D. M. R., Campomar, M. C.
Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação/Journal of Information Systems and Technology Management
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(otimizar ações de marketing, ter foco, direcionar melhor o produto) como principais
fontes de vantagem competitiva, proporcionadas pelo SIM.
Em conclusão, a análise dos resultados da pesquisa empírica deixa clara a
importância do SIM para o planejamento de marketing nas empresas que possuem SIM
e a possibilidade de obter-se vantagem competitiva por meio da utilização do sistema.
Portanto, recomenda-se às empresas, que atuam em mercados competitivos e pretendem
orientar-se para o mercado, que iniciem a implantação do SIM, levando em conta seu
porte e suas necessidades a fim de implementar um sistema que as atenda e que tenha
um custo compatível.
Ciente das limitações da utilização de uma amostra não-probabilística por
conveniência, o que impede que os dados sejam generalizados, os pesquisadores
recomendam que em pesquisas futuras sejam utilizadas amostras representativas da
população de empresas situadas no Brasil, sugerindo cortes por setor de atuação,
nacionalidade (empresas brasileiras e estrangeiras) e tamanho da empresa (faturamento).
Assim, seria possível traçar um panorama mais fidedigno da presença (ou ausência) do
SIM , assim como uma análise mais completa dos benefícios do SIM, das razões para
sua ausência, do seu impacto no planejamento de marketing e na obtenção de vantagem
competitiva.
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