Observação crítica de momento comum

Observação crítica de momento comum do dia a dia.

Antropologia.

Curiosa, caminho pelas calçadas do Centro de Novo Hamburgo, em direção a uma lanchonete bem conhecida que me foi recomendada com opções saudáveis no menu, ao entrar noto uma grande movimentação o público é diverso, encontram-se no momento colegas de trabalho com seus devidos uniformes e casais. Subo as escadas onde na volta encontram-se decks, muitas árvores e plantas, dentro vejo um ambiente com uma decoração que me recorda a natureza, com adesivos que reproduzem árvores da parede até o teto, as mesas de madeira com cadeiras estofadas estão totalmente lotadas no espaço interno. O meio é aconchegante e familiarizado, é uma casa antiga de dois andares.

Direciono-me ao balcão de atendimento e ao lado encontro exposto um lindo trabalho realizado por uma escola que se localiza nas proximidades do estabelecimento, é uma bela cesta com várias frutas coloridas de argila, na descrição da arte encontra-se o objetivo da atividade que é incentivar as pessoas a terem uma alimentação mais saudável. Em seguida, me dirijo ao balcão para realizar o meu pedido e visualizo um grande mural exposto na parede com os alimentos e valores disponíveis. O local é centrado em uma alimentação saudável, disponibilizando sucos naturais detox, saladas, opções de alimentos integrais, assados, entre outros… Os preços do estabelecimento são um pouco acima comparados aos concorrentes, porém, possui a diferença na proposta de alimentação. Após realizar o meu pedido, procuro um local para sentar no espaço externo. Me sento perto de uma janela e aguardo a entrega do mesmo, um sanduíche integral vegetariano de legumes e um cappuccino de canela.

 Um vento agradável de final de tarde apresenta-se. Observo a movimentação de carros e pessoas no lado de fora, um passarinho que bebe a água que escorre pela mangueira do ar condicionado e as pessoas que conversam em minha volta, elas falam sobre o trabalho, acontecimentos que deveriam ser resolvidos de maneira diferente e sobre uma dívida da compra de um carro, aparentemente alguns estão alegres, outros cansados e estressados. Mais adiante enxergo um casal com roupa de academia bebendo um suco, com suas bolsas esportivas sobre a mesa, e ao lado, na mesma fileira, uma moça que digita frequentemente no celular, neste momento eu começo a olhar as mesas que estão disponíveis do meu campo de visão, todas possuem um celular sobre elas, inclusive a minha, como se o celular fizesse parte do nosso corpo, uma parte que não podemos deixar distante de nosso olhar. Foi algo que havia passado despercebido por mim no primeiro momento. Depois de um determinado tempo, uma das moças que trabalha no local se aproxima da minha mesa e realiza a entrega do meu lanche, enquanto realizo a degustação continuo a apreciar o meio e posteriormente me retiro da localidade.

Penso sobre os dias atuais em que as pessoas reclamam da falta de tempo e da indisponibilidade, porém, quando as conseguem não as reconhecem e não as dão a devida valorização, mesmo com seus colegas, amigos e companheiros presentes. Ao mesmo tempo, em que se encontram em um local para portar uma vida mais saudável, um corpo sadio, elas se esquecem de cuidar do bem-estar emocional, da qualidade de vida e dos relacionamentos com outras pessoas. Recordo-me do antigo hábito de não comer em frente à televisão que pertencia a minha família, atualmente isso deveria aparecer na presença do celular, entretanto, me questiono se eu conseguiria sair de casa sem levar o telefone e obviamente a minha resposta é não. Os celulares estão presentes em nosso cotidiano. Seja para consultar informações, conversar ou apenas nos entreter. Por mais que o uso excessivo possa nos causar sérios problemas na vida pessoal e social. Nós, hoje em dia realizamos quase tudo através da internet.