Política Brasileira de Biocombustíveis
Seminário: Política Brasileira de Biocombustíveis. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marinagabriel • 18/3/2014 • Seminário • 4.392 Palavras (18 Páginas) • 295 Visualizações
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Tema # 3: The Brazilian Biofuels Policy
(Public Policies: The Brazilian Agriculture and Agro-Energy Polices)
A Política Brasileira de Biocombustíveis
Evando Mirra de Paula e Silva & Fábio Sakatsume
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
Introdução
A preocupação com os efeitos das mudanças climáticas tem forçado os países a
procurarem soluções para a redução do consumo de combustíveis fósseis. Os
sucedâneos naturais e renováveis para a gasolina e o diesel são o bioetanol e o
biodiesel, respectivamente. São fontes de energia renováveis que são extraídos a partir
da agricultura, atividade conhecida como agroenergia. Entretanto, surgem
preocupações de que a agroenergia poderá devastar florestas e áreas ricas em
biodiversidade. As políticas brasileiras de biocombustíveis, até agora, utilizaram, no
caso da cana-de-açúcar cerca de 2 milhões de ha, isto representa 0,24% da área do
território brasileiro. Como toda atividade antrópica, a agroenergia gera impactos que
precisam ser avaliados e/ou mitigados.
Políticas brasileiras de biocombustíveis
O Brasil acumula hoje uma experiência longa e diversificada no âmbito da produção e
uso de biocombustíveis. Seu marco mais visível é certamente o Proálcool, programa de
desenvolvimento do bioetanol como substitutivo da gasolina, implantado com sucesso
em 1975, considerado a maior experiência mundial de exploração comercial de
biomassa como fonte energética, e o Programa Nacional de Produção e Uso do
Biodiesel, criado em 2005.
O Proálcool
O Programa Nacional do Álcool - Proálcool foi instituído através do Decreto Nº 76.593
de 14 de novembro de 1975, pelo Presidente Ernesto Geisel, depois de consultas e
amplas discussões com o setor. A possibilidade de usar o álcool da cana-de-açúcar
como combustível automotivo era conhecida há quase um século, e havia sido mesmo
testada em diversos momentos, mas até os anos 1970 a disponibilidade de derivados
de petróleo e o preço baixo desestimularam seu emprego. Em outubro de 1973 o
cenário mudou drasticamente com o primeiro choque do petróleo, reabrindo-se a
possibilidade efetiva de promoção da biomassa como fonte alternativa de energia.
Considera-se usualmente como semente do Programa Nacional do Álcool o documento
Fotossíntese como fonte de energia, entregue ao Conselho Nacional de Petróleo em
março de 1974. Provocado pelo governo, esse estudo incorporava diversas sugestões
oriundas do setor de produção e combinava, notadamente, as preferências do Instituto
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do Açúcar e do Álcool (IAA) pela produção de álcooldireto em destilarias autônomas,
com aquelas da cooperativa de produtores Copersucar, pelo aproveitamento da
capacidade ociosa das destilarias anexas às usinas açucareiras.
O início efetivo do programa Proálcool fundou-se no relatório que a Secretaria de
Tecnologia Industrial (STI) do Ministério da Indústria e Comércio apresentou em
setembro 1975, Etanol como combustível, no qual o desenvolvimento independente de
tecnologias de produção para a utilização de biomassa como combustível era o
aspecto central. Enfatizavam-se ali as vantagens oriundas das características
excepcionais da exploração da cana-de-açúcar e se promovia ao mesmo tempo a
exploração de outras fontes, como o uso da mandioca, por razões de política de
desenvolvimento.
O Proálcool teve duas fases distintas. A fase 1, implantada em 1975, utilizava o
bioetanol como aditivo à gasolina, e a fase 2, iniciada em 1979, utilizou E100, bioetanol
puro, em substituição à gasolina.
O sucesso do Proálcool está relacionado com a conjunção de necessidades de
diversos setores. Não foi devido apenas à garantia da oferta de um combustível
alternativo à gasolina à população, mas também comoum programa para a indústria
automobilística e para o investimento dos recursos acumulados pelo Instituto do Açúcar
e do Álcool no boom do açúcar anterior a 1975.
Esta mobilização das indústrias e da população brasileira também pode ser confirmada
através do consumo de combustíveis líquidos. O consumo de bioetanol hidratado mais
anidro deslocou, em 1989, quase 50% do consumo de gasolina. Este deslocamento
ocorreu em um período de 11 anos, desde o inicio dafase 2 do Proálcool. A frota de
carros movidos somente a bioetanol hidratado, E100,aumentou continuamente
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