Raça Bovina Guernsey

INTRODUÇÃO

Esta raça bovina é originária da Ilha de Guernsey, localizada no Canal da Mancha, Inglaterra, próxima da Ilha de Jersey. A ilha possui clima frio e vales cobertos por rica vegetação. Assim como a raça Jersey, a Guernsey é resultante de cruzamentos de gado da Normandia e da Inglaterra, rigorosamente selecionada para a produção de leite rico em gordura. É protegida há muitos anos, pela lei que impede a entrada de outra raça de bovino na ilha, a não ser quando destinada ao abate.

Hoje em dia, esta raça é criada na Inglaterra, Canadá, Austrália, Dinamarca, Suécia, Estados Unidos, Chile, Argentina, Brasil e alguns outros países.

GUERNSEY

ORIGEM:

Foi formada por cruzamentos de raças francesas e mantém bastante semelhança com o gado da ilha de Alderney. Os monges bretões levaram animais da raça Froment du Léon, para a ilha de Guernsey, no ano de 960. Esse gado era originário da Bretanha, pequeno, de capa manchada de castanho, produzindo um leite rico em manteiga, sendo resistente e dócil. Um século depois, introduziram bovinos lsigny (ou Nosman Brindíer), da Normandia, de maior tamanho e coloração jaspeada. Daí surgiu o atual Guernsey, provavelmente cruzado com gado da ilha de Jersey. Em 1789, os moradores da ilha impediram as importações de outros bovinos do continente e uma lei de 1802 impedia a importação até da própria Grã-Bretanha. Esta lei tem sido seguida, tão rigorosamente, que até hoje o gado destinado às exposições, mesmo na Inglaterra, não podem retornar para a ilha. Em 1842, a Sociedade Real de Agricultura e Horticultura adotou urna ficha de pontuação para julgar os reprodutores, daí surgindo o primeiro Livro Genealógico, fundado em 1878. Depois de algum tempo, o Livro passou a admitir o gado criado em Alderney, Sark e Herm. No século XIX foram enviados muitos animais para a Inglaterra e, em 1884, foi fundada a Sociedade Inglesa de Criadores de Gado Guernsey. Urna coisa é garantida: todos os animais existentes no mundo podem remontar sua origem á ilha de Guernsey.

O habita é a ilha de Guernsey, que mede 65 km2, e fica a 22 milhas ao norte da ilha de Jérsey e a 30 milhas da costa francesa, no mar da Mancha, com terreno muito pedregoso. Em 1896, a ilha com-tava com 5.200 cabeças mas hoje conta com 3.752 vacas. Esta raça, hoje, é bastante semelhante com as outras raças bovinas da periferia de Guernsey: Alderney, Sark e Herm.

O maior rebanho mundial está nos Estados Unidos, onde chegou em 1831. Ali foi plasmado o Guernsey Mocho, levado para a Inglaterra em 1970. Existe urna federação mundial (World Guernsey Catile Federation) unindo os mais diferentes países, implementando um programa de desenvolvimento único.

NO BRASIL:

O Guernsey foi introduzido no Brasil pelo Barão de Nova Friburgo (Bernardo Clemente Pinto) com animais importados diretamente da ilha e levados para sua fazenda do Gavião, em Cantagalo, RJ, em 1889 (Hermsdorft, 1941). A primeira importaçãogovernamental foi realizada em 1906, para o Posto Zootécnico Central de São Paulo pelo cientista Hector Paquet.

Esses animais deram orígem ao rebanho hoje pertencentes à Escola de Agronomia Luiz de Queiroz em Piracicaba, agregada à Universidade de São Paulo, em 1914, sob comando de Jorge Ranísteani. Em 1908, Carlos de Sá Fortes, de Minas Gerais, importou alguns animais. Em 1909, Louis Misson adquiriu animais para o governo de São Paulo, estabelecendo uma granja perto de Pirituba, SP. Em 1912, a Fazenda Abaíba, em Leopoldina, MG, de Antônio Ribeiro Junqueira, importou o touro "Martin", dando início ao rebanho que logo seria o maior do país, espalhando animais para muitas regiões. Em 1945, foi introduzida pelo Ministério no Posto de Criação de Itapen, Ceará, região semi-árida, para pesquisas.

O Registro Genealógico foi implantado em 1942. Após 1970, várias importações chegaram de Guernsey, Canadá e Estados Unidos. As duas maiores importações foram realizadas pela Associação Brasileira de Criadores de Gado Guernsey (1970, com 30 novilhas, e 1977, com 50 animais).

Funcionalidade no Brasil - Já foi a raça leiteira mais criada do Brasil. Espalhou-se rapidamente pelo Rio de Janeiro e outras regiões montanhosas do país. Nas décadas de 1930 e 1940 chegou a raça Holandesa, com poderoso "marketing" e também faltaram touros para a raça Guernsey, levando á queda de porte dos animais. Entre 1984 -1987, a produção média leiteira foi de 3.832 kg. O recorde leiteiro no Brasil é de 11.070 kg, com 4,55% de gordura e 3,55% de proteína.

Em 1975, na Granja D'Abadia, em ltaguai, RJ, o Guernsey foi submetido a um programa de cruzamentos com as raças Gir, Guzerá e Holandês, obtendo médias em torno de 3.500 kg para a geração F-1.