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Resenha “A guerra gaúcha: o Cinema argentino no Brasil (1935-1945)”

Por:   •  8/6/2017  •  Resenha  •  1.075 Palavras (5 Páginas)  •  434 Visualizações

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Resenha sobre “A guerra gaúcha: o Cinema argentino no Brasil (1935-1945)”

AUTRAN, Arthur. A guerra gaúcha: o Cinema argentino no Brasil (1935-1945). São Paulo: UFSCar, 2016.

O presente artigo a ser abordado tem o objetivo de apresentar a circulação da produção cinematográfica argentina no mercado brasileiro, entre 1935 e 1945, buscando mapear quais foram os filmes exibidos nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, sua repercussão midiática, as estratégias dos produtores portenhos a fim de veicular suas películas e as dificuldades encontradas por eles. Para o desenvolvimento deste artigo, o autor, em suas referências bibliográficas, focou no levantamento e na análise de textos publicados nas principais revistas cinematográficas do país na época: Cinearte e A Cena Muda.  Ademais, buscou dados a respeito da circulação das fitas pelo eixo Rio-São Paulo, por intermédio dos jornais Correio da Manhã, Correio Paulistano, Folha da Manhã e Jornal do Brasil. Utilizou também obras  de autores argentinos como César Maranguello, Clara Kriger, Claudio España, Domingo di Núbita e Héctor R. Kohen para encontrar informações a respeito das empresas produtoras, os produtores e os filmes.

O artigo compara cinematograficamente a Argentina e o Brasil, pensando o fato de que ambos tiveram como marco inicial o surgimento do cinema sonoro, entre as décadas de 1920 e 1930, num movimento que incentivou diversos países a produzir suas próprias películas. Em ambos, houve-se um investimento considerável na construção de estúdios de produção, contratação de profissionais da área e na busca da formação de imagem de ídolos locais.

Autran, antes de desenvolver sua tese, frisa que, apesar de a produção cinematográfica latino-americana estivesse num momento de arrancada industrial, tendo seus produtos comercializados em um mercado externo, a comercialização interna era dominada quase que exclusivamente por Hollywood, e que isso causou várias ressalvas.

Dentre as  questões que estimularam este fomento, o autor toca primeiramente na instabilidade mercantil provocada pelo fato de que uma boa fatia do público dos países de língua não-inglesa não compreendia o cinema norte-americano, assim como no alto preço dos equipamentos de reprodução sonora e no sentimento nacionalista que se instalou contra o cinema falado em inglês.

No entanto enquanto que na Argentina o cinema se desenvolveu largamente,  pela grande aceitabilidade das películas no mercado interno e externo, no Brasil, sua execução foi quase que incomensurável, tendo sua quantidade de longas-metragem contrastantemente menor em relação à argentina.

Em meados dos anos ‘30, Hollywood já havia ocupado completamente o mercado interno brasileiro, causando um retrocesso na produção local que havia sido antes estimulada pelo advento do som. Com isso, criou-se uma espécie de barreira às produções argentinas dentro do Brasil.

Autran enfatiza que, apesar de algumas produções terem chegado no eixo Rio-São Paulo, elas ainda sim eram exibidas em salas de cinema de segunda linha, negativando o produto argentino ao público e aumentando ainda mais esta barreira.

Em seguida, o autor busca destrinchar o que ele chama de ‘Guerra Gaúcha’, que se desenrolou entre 1939 e 1945, e que nada mais era que a tentativa de penetração do cinema argentino no mercado brasileiro. No fim da década de ‘30, era clara a aceitação da produção cinematográfica argentina em todo o mundo, mas o Brasil ainda era um público a ser conquistado. Percebe-se, então, uma ânsia por parte, principalmente, da produtora portenha Argentina Sono Film, de adentrar no mercado brasileiro através de recursos como elaboração de colunas específicas ao cinema argentino nos jornais paulistas e cariocas e a realização de lançamentos diferenciados dos grandes filmes da produtora dentro do país. Autran ainda salienta a ambição da Argentina Sono Film por meio de citações de um de seus sócios-fundadores, José A. Mentasti, como “O cinema argentino precisa de uma oportunidade no Brasil!” e “Todos os mercados sul-americanos foram conquistados [pelos filmes argentinos], menos o Brasil.”.

A penetração no cenário do cinema brasileiro não foi fácil, diversas estratégias foram adotadas. A produtora Argentina Sono Film finalmente consegue fazer a estreia paulistana do filme “O velho Doutor” no cine Astória em São Paulo, mas o mesmo feito não foi realizado no Rio de Janeiro, outras formas foram buscadas pela produtora, apelando para filmes mais comerciais. Outra grande empresa do cinema argentino, Lumiton, retomou suas atividades no país. O autor dá ênfase na estréia realizada pela empresa no Cine Pathé, em plena Cinelândia, a recepção da crítica foi positiva.

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