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SAÚDE E SUBJETIVIDADE

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Por:   •  22/2/2014  •  1.533 Palavras (7 Páginas)  •  353 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

O conceito de saúde passou por diversas fases. Na Idade Média até meados do século XX. Saúde significava apenas a ausência de doença, entretanto logo se percebeu que não apresentar nenhuma doença física aparente, não significava ter saúde. Gradativamente, esse conceito foi expandindo-se e incorporando as dimensões física, emocional, mental, social e espiritual do ser humano.

Assim, o conceito de saúde tornou-se muito mais complexo e relacionado com as várias dimensões que fazem parte do ser humano. Ter uma Saúde Perfeita é ter equilíbrio entre estas várias dimensões e não variar somente entre o normal e o patológico. Para Canguilhem (1995), a saúde implica poder adoecer e sair do estado patológico. A ameaça da doença é, portanto, um dos seus elementos constitutivos. O conceito de saúde tornou-se um conceito dinâmico. De acordo com Brasil (1990):

“Intrincados mecanismos determinam as condições de vida das pessoas e a maneira como nascem, vivem e morrem, bem como suas vivências em saúde e doença. Entre os inúmeros fatores determinantes da condição de saúde, incluem-se os condicionantes biológicos (idade, sexo, características pessoais eventualmente determinadas pela herança genética), o meio físico (que abrange condições geográficas, características da ocupação humana, fontes de água para consumo, disponibilidade e qualidade dos alimentos, condições de habitação), assim como o meio socioeconômico e cultural, que expressa os níveis de ocupação e renda, o acesso à educação formal e ao lazer, os graus de liberdade, hábitos e formas de relacionamento interpessoal, a possibilidade de acesso aos serviços voltados para a promoção e recuperação da saúde e a qualidade da atenção por eles prestada.” (BRASIL, 1990).

Mesmo entendendo o conceito de saúde há uma dificuldade em entender o indivíduo, há uma normatividade que está colocada sobre a saúde e o corpo que reproduz um conjunto de regras, de estilos de vida, que impedem o sujeito de agir com autonomia sobre si mesmo e seu corpo. Cada ser humano tem uma forma de ser, denominada subjetividade e é formada na medida em que vamos nos construindo a partir da vivência das experiências da vida social e cultural de cada um de nós. Ao mesmo tempo em que nos faz únicos, pode nos igualar na medida em que os elementos que constituem a subjetividade são vividos no campo comum da objetividade social.

Em consonante, Guimarães (2003) traz que “a subjetividade é produzida nos registros coletivos da sociedade e da cultura, através de mecanismos e estratégias das mais diversas, definindo modos de existência regulados por leis, verdades, crenças, valores, configurando formas de vida que definem o jeito do sujeito se experiência no mundo. A invenção de formas de vida nada mais é do que a produção de subjetividades”.

Falar de subjetividade não é falar sobre uma essência ou uma realidade já dada, muito menos de alguma estrutura sempre idêntica a si. Entende-se a subjetividade como um processo de subjetivação, no qual o sujeito se apresenta como resultado da convergência de vetores de subjetivação da ordem do coletivo. Cada sujeito é único, entretanto no campo da saúde este sujeito é igualado a todos os outros deixando de coexistir como ser subjetivo, enfrentando a desumanização na assistência à saúde.

Para que haja a humanização da assistência é importante atribuir semelhante relevância aos vários aspectos discutidos no texto. As dimensões subjetivas do profissional de saúde constituem facetas importantes e o conjunto delas determina a forma como os profissionais estabelecem o relacionamento interpessoal com os sujeitos. Importa ressaltar que o encontro genuíno entre o profissional de saúde e seu cliente, essencial para a humanização da assistência, só vai se efetivar quando os profissionais estiverem preparados e disponíveis para tal ocorrência.

2. O IMPERATIVO DA SAÚDE PERFEITA

No contexto das sociedades contemporâneas, tem-se vindo a assistir a uma crescente pluralização da oferta dos recursos de saúde, bem como a uma crescente variedade dos consumos terapêuticos, o que é desde logo sugestivo da importância que esses mesmos recursos têm vindo a assumir na gestão cotidiana da saúde nos universos leigos. Soma-se a esse panorama o fato de que as várias tecnologias de acesso e aprimoramento do corpo, tanto químicas quanto mecânicas, têm contribuído para a produção de uma utopia da saúde perfeita.

Nesse processo, produz-se uma descontextualização do modo de subjetivação do indivíduo, inscrevendo- o num universo de valores de uso em que ele não é mais senhor de si mesmo, pois ele delega cada vez mais aos médicos especialistas o conhecimento de sua doença e de seus tratamentos. Entretanto, o cuidado deveria ser o ponto inicial da assistência à saúde, pois constitui-se como tudo aquilo que se soma sob a forma de ações ou intervenções, que colaboram para gerar, organizar ou (re)estabelecer esperança, autonomia, a liberdade de escolha, as relações humanas e o sentido da vida e reestruturação da saúde.

O homem normal saudável teria de se sentir capaz de adoecer e de afastar a doença (Canguilhem, 1995). Se a possibilidade de testar a saúde através da doença lhe fosse eliminada, o ser humano não teria mais a segurança de ser normal e de poder enfrentar qualquer doença que, porventura, viesse a surgir, o que configuraria a sua patologia.

A posição assumida de ante ao processo de adoecimento é, em grande parte, resultado dos recursos subjetivos da pessoa e, por sua vez, tem impacto nos processos de subjetivação, pois permite que o sujeito produza alternativas diferenciadas que possibilitam um leque maior de opções no processo de viver o adoecimento. Ser sujeito da doença não significa que a pessoa negue sua condição, mas que, frente a um processo que muitas vezes a limita, não perca seu interesse pela vida.

3. A SIGNIFICAÇÃO DA SUBJETIVIDADE

A subjetividade pode ser compreendida como um vir a ser subjetivo, na qual o sujeito, ao se encontrar com diferentes equipamentos

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