Saúde
Artigo: Saúde. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: gilsonsev • 23/3/2015 • 8.280 Palavras (34 Páginas) • 144 Visualizações
SERVIÇOS DE SAÚDE
o dilema do SUS na nova década
Resumo: A ausência de mecanismos eficazes de regulação e ordenamento da oferta, buscando viabilizar o
acesso e a melhor utilização dos serviços do SUS por parte dos usuários, nos níveis macro e microorganizacionais,
contribui de forma decisiva para a persistência de problemas relacionados à baixa eficácia do sistema de saú-
de brasileiro. Este artigo, nos âmbitos, avalia se as reformas introduzidas no setor saúde, no que se refere a
cobertura, financiamento, regionalização e gestão, têm contribuído para melhorar o acesso e ampliar a utiliza-
ção dos serviços de saúde essenciais.
Palavras-chave: reforma do Estado; políticas públicas; política social em saúde.
Abstract: The lack of effective mechanisms for regulating SUS services and ensuring their availability at the
macro and micro-organizational levels contributes decisively to the persistent ineffectiveness of the Brazilian
health care system. This article assesses the degree to which the reforms in the areas of coverage, financing,
regionalization and management have contributed to improving access and expanding the utilization of essential
health services.
Key words: State reform; public policies; social health policy.
PEDRO LUIZ BARROS SILVA
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 17(1): 69-85, 2003
reforma do setor saúde esteve muito em moda,
no plano internacional,1
na década de 90. A partir
de distintos pontos de partida, consolidou-se
- problemas generalizados nas condições de escolha dos
pacientes determinados pela característica comum dos
provedores de serviço em se mostrarem pouco sensíveis
aos direitos dos pacientes usuários e consumidores de serviços.
Na base desses fatos comuns aos países ocidentais, tanto
na Europa Ocidental quanto nas Américas, evidenciamse
três questões de ordem estrutural, presentes com distinta
intensidade em cada situação nacional.
A primeira delas envolve as mudanças demográficas,
especialmente aquelas decorrentes do envelhecimento da
população e do declínio imediato ou futuro da população
economicamente ativa, o que determinaria um aumento
da demanda por serviços de maior complexidade e custo
e tenderia a tornar cada vez mais problemática a capacidade
de resposta dos serviços (Eurostat, 2000). Note-se
que mesmo em países onde essa transição não impõe um
perfil “envelhecido” da população de forma imediata, o
simples fato de passar a existir uma população que tende
a ser predominantemente adulta pode e vem atuando na
mesma direção. Isso ocorre porque também os cuidados
médicos tendem a ser mais onerosos quando um grupo
populacional adulto está submetido a condições de trabaum
conjunto de pressões sobre os governos nacionais para
alterar o perfil das políticas públicas setoriais. Entre essas
pressões, é possível destacar:
- aumento do nível real de gasto setorial, com forte crescimento
do gasto público, exigindo formas mais eficazes
de controle governamental;
- convicção entre os gestores públicos e privados de que
o tipo de gasto realizado não otimizava o uso dos recursos
existentes e disponíveis para o setor;
- possibilidade de expansão do volume de gasto setorial
real muito limitada diante tanto das pressões e dificuldades
decorrentes dos distintos ajustes nas economias nacionais,
quanto do volume já expressivo do gasto setorial
em relação ao PIB;
- aumento expressivo da complexidade das condições de
oferta e demanda dos serviços;
- problemas, mais ou menos agudos, nas condições de
eqüidade no acesso aos serviços por parte dos usuários,
especialmente os de menor renda, dependendo da situa-
ção nacional em exame;
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lho e obtenção de rendimentos cada vez mais depauperadoras
de suas condições físicas e mentais: transforma-
ções das condições de trabalho que tendem a se tornar
qualitativamente piores dada a maior flexibilidade e instabilidade
dos postos oferecidos; aumento de desemprego
aberto, etc. Esse é, sem dúvida, o caso de vários países
latino-americanos, com destaque para o Brasil.
A segunda decorre das dificuldades de equacionamento
do financiamento e gasto públicos nos quadros de ajustes
financeiros
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