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Sociedade

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Por:   •  9/5/2013  •  Resenha  •  382 Palavras (2 Páginas)  •  391 Visualizações

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A reflexão que aqui pretendemos propor como conjugação da tríade “ética, política e

sociedade” parte de uma verificação simples: vivemos em sociedades que têm na sua base a

representação, explícita ou implícita, de uma superioridade moral incontestável das suas

instituições políticas sobre todas as outras, passadas e contemporâneas; mas vivemos

também em sociedades cujos membros cada vez mais se afastam destas mesmas instituições,

se demitem de nelas participarem, encontrando nelas uma corrupção moral com que não

estão dispostos a pactuar nem transigir.

Recentemente, os problemas éticos levantados pela invasão e ocupação do Iraque por

potências ocidentais – por potências democráticas e liberais – podem ilustrar de um modo

privilegiado o problema de que nos propomos partir. Independentemente de todas as

variantes de justificações aventadas pelas potências invasoras para a justificação da invasão,

é interessante verificar que, no Ocidente, o único argumento tido por evidente e

incontestável consistiu no da superioridade das suas instituições políticas sobre as

instituições tirânicas e despóticas do Iraque. Diante de uma tal evidência incontestável, a

única controvérsia entre os decisores políticos ocidentais foi, no fundo, a de saber se a

superioridade moral das suas instituições poderia por si surgir como justificação suficiente

para bombardear, em qualquer altura tacticamente conveniente, um qualquer povo que se

considere, em confrontação com elas, e para usar os termos de John Rawls em The Law of

Peoples, “indecente” e “fora da lei”. Em tal controvérsia, o chamado neo-conservadorismo

americano tem, sem dúvida, o mérito da clareza meridiana. Segundo este, a incontestável

superioridade moral das democracias liberais é já sempre uma justificação imediata e

suficiente para que um acto de força, uma intervenção militar ou policial unilateral, se liberte

de “complicações morais”. Como se pode ler claramente em The War over Iraq, de

Lawrence Kaplan e William Kristol: «A esperança de deixar ao mercado a tarefa da

democratização envolveu a equipa de Clinton em complicações morais às quais não pôde dar

resposta adequada. […] Longe de espalhar a democracia, a conduta internacional dos

Estados Unidos estava a tornar-se indiscernível da dos europeus. A doutrina de Bush rejeita

1 O presente texto foi elaborado a partir das reflexões apresentadas

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