Sociedade Da Informação E Do Conhecimento
Trabalho Escolar: Sociedade Da Informação E Do Conhecimento. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: danielemaira • 15/5/2014 • 2.391 Palavras (10 Páginas) • 404 Visualizações
Desafios da educação na sociedade do conhecimento
Artigo publicado na Revista Presente! número 38, Setembro – 2002.
Nelson De Luca Pretto
A mundialização da economia, evidente em todos os recantos, tem levado, muitas vezes, a generalizações sobre o processo de globalização nem sempre coerentes com outros movimentos fora da área econômica. Percebe-se, conforme já afirmou Gianni Vattimo (1991), uma também multiplicação de valores e culturas locais, mesmo com a grande concentração de capital e de empresas no mundo da mídia.
O desenvolvimento científico e tecnológico que estamos experimentando tem exigido das nações programas específicos visando a sua inserção e sua interação nesse mundo de múltiplas e velozes conexões. Esses programas, denominados de Sociedade da Informação, já foram definidos em muitos países, e agora, encontra-se em andamento no Brasil.
Os sistemas educacionais têm sido profundamente questionados por não buscarem fundamentos que possibilitem a efetivação da formação necessária às novas competências para o cidadão planetário. O desafio da universalização do ensino e da formação continuada impõe um raciocínio que, a meu ver, não aborda a questão por uma via aceitável. Um dos aspectos que vem chamando a atenção ao longo da última década é a ênfase que se tem dado à educação a distância como sendo a grande possibilidade de superação desses desafios educacionais contemporâneos. Mais do que isso, o que percebemos é que as questões nessa área são interpretadas como simples conseqüência da evolução das tecnologias, mais precisamente da evolução da computação. Penso que não estamos percebendo que o desafio que está sendo posto vai muito além da simples incorporação dessas tecnologias como novas interfaces comunicacionais.
Essa concepção de uso das Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) tem sido experimentada em várias países do mundo e já começamos verificar um certo descaso sobre a sua verdadeira eficácia. Já está virando senso comum afirmar-se que a incorporação dos computadores na educação não pode ser mera repetição dos tradicionais cursos ou aulas, estando as mesmas, no entanto, ainda centradas na superada e tradicional concepção das tecnologias educacionais, associadas à práticas de instruções programadas tão conhecidas dos educadores algumas décadas atrás.
Numa outra dimensão, também já quase senso comum, é entender que o uso dessas tecnologias será um fracasso, sem dúvida, se insistirmos na sua introdução como ferramentas, apenas como mero auxiliares do processo educacional, de um processo “caduco”, que continua sendo imposto ao cotidiano das pessoas que vivem um outro movimento histórico. Em todas essas situações, a distinção entre a educação presencial ou a distância, faz pouco sentido pois estando essas tecnologias presentes, mudam as dimensões espaço-tempo e, com isso, essa distinção presencial – a distância esvazia-se de sentido.
O problema posto na mesa, agora, é a necessidade de considerar que esse movimento contemporâneo proporciona a oportunidade sem igual de aproximar novas (e velhas!) tecnologias ao processo educativo como uma possibilidade única de superar as falácias dos sistemas tradicionais de ensino – as conhecidas Pedagogias da Assimilação partindo para compreendermos a educação enquanto processo que se constrói-se a partir da diferença, instituindo o que estamos chamando de Pedagogias da Diferença.(Pretto, 2000). Mais do que isso, não é possível que os educadores fiquem esperando que as outras áreas (comunicação, informática e engenharias, para citar os exemplos mais conhecidos no Brasil) ocupem sozinhas esse espaço, que é eminentemente um espaço pedagógico. Esse não é um argumento corporativista pois não se está defendendo, que os educadores ocupem sozinhos esses espaços. A primeira e mais evidente razão para a não adoção dessa visão corporativa é a de que isso nem é mais possível. O exemplo da produção educativa para a televisão já foi bastante evidente e essa dicotomia entre aqueles que sabem televisão e os chamados conteudistas tem-se mostrado completamente superada, tanto do ponto de vista teórico como pratico. O momento exige que tenhamos uma maior integração entre aquelas áreas que antes eram chamadas apenas de áreas meios com aquelas chamadas de áreas de conteúdo. Instala-se assim, obrigatoriamente, um processo de negociação permanente entre as mais diversas áreas, com especial ênfase à Internet, e à toda uma formação da comunidade escolar (estudantes, professores, direção, comunidade vizinha) para o uso pleno das tecnologias.
Essa ênfase na negociação, segundo relaciona-se à Inteligência Coletiva e seu aspecto participativo, socializante, emancipador, necessários ao entendimento da complexidade que perpassa o simples reproduzir conteúdos pelo processo de mudanças na produção cooperativa e conectiva do saber-fazer às competências humanas.
O desafio que se coloca, nesse sentido, é o de viabilizar uma política que considere a escola – e nosso objetivo aqui é falar da escola mesmo, da educação dita formal, aquela que acontece e continuará acontecendo no espaço escolar! – como sendo um novo espaço, um espaço aberto às interações, só que agora, pegando emprestado da física, um espaço aberto de interações não lineares.
Para a viabilização de um projeto político como esse, torna-se necessário pensar nas escolas conectadas. A conexão passa a ser, consequentemente, a palavra de ordem primordial e significa simultaneamente acesso às tecnologias em si e à infra estrutura de comunicação.
Para isso já existe no país uma legislação específica, faltando, no entanto, a sua regulamentação e, com isso, viabilizar a sua implantação. A Lei Geral das Telecomunicações (LGT) ao ser promulgada, em 1997, instituiu o Fundo de Universalização dos Serviços das Telecomunicações (FUST), projeto de lei que busca dar suporte à implantação de redes públicas que estão à disposição de projetos educacionais. De 1997, quando a lei foi promulgada, até os dias de hoje, esse fundo não foi regulamentado e, consequentemente, não está sendo aplicado, gerando, de um lado, uma perda considerável de recursos e, de outro, um enorme atraso na possibilidade de desenvolver uma política educacional que tenha outras bases, não a da simples transmissão de informações.
A questão não é simples pois a viabilização desse fundo envolve somas consideráveis de recursos. Para se ter uma idéia, e de acordo
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