Terapia Assistida Por Animais
Dissertações: Terapia Assistida Por Animais. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Rosanelchi • 13/9/2014 • 2.711 Palavras (11 Páginas) • 1.155 Visualizações
INTRODUÇÃO
A equipe de saúde tem um importante papel no processo de hospitalização sendo capaz de desenvolver e empregar estratégias para torná-la menos traumática. Beneficiando pacientes, acompanhantes e a própria equipe de saúde, o desenvolvimento de um plano de cuidado individualizado e humano também pode proporcionar momentos de alegria e descontração a fim de promover o paradigma orientado pela saúde e não pela doença(1) . Amparado por tal filosofia, o Programa Nacional da Assistência Hospitalar (PNHAH), instituído há 7 anos pelo Ministério da Saúde, objetiva humanizar a assistência hospitalar a partir de intervenções institucionais e construir uma cultura de atendimento à saúde da população pautada pelo respeito à vida humana. Para tanto, os valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles e o estabelecimento de vínculos solidários(2).
Neste sentido, instituições de saúde do país desenvolveram formas alternativas de humanizar a assistência ao paciente hospitalizado e dentre as atividades mais inovadoras, destacamos a Terapia Assistida por Animais (TAA)(1,3-6). A TAA é uma intervenção direcionada, individualizada e com critérios específicos em que o animal é parte integrante do processo do tratamento. Esta intervenção deve ser aplicada e supervisionada por profissionais da saúde, devidamente habilitados, sendo todo o processo documentado e avaliado periodicamente, objetivando promover a melhora da função física, social, emocional e/ou cognitiva dos pacientes(4).
Historicamente a TAA foi utilizada de forma pioneira e intuitiva em 1792 no tratamento de doentes mentais. A equoterapia, uma modalidade da TAA, teve seus primeiros relatos como tratamento médico no século XVIII, com o objetivo de melhorar o controle postural, a coordenação e o equilíbrio de pacientes com distúrbios articulares(7,8).
Nos anos 60, o psiquiatra Boris Levinson desenvolveu a Psicoterapia Facilitada por Animais, utilizada no tratamento de transtornos de comportamento, déficit de atenção e problemas de comunicação em crianças(8).
Em decorrência dos resultados, nas últimas décadas a TAA tem sido aplicada em diferentes programas que auxiliam a recuperação da saúde mental, obtendo melhora na comunicação, auto-estima e capacidade para assumir responsabilidades; nas interações sociais e também reduzindo a violência em pacientes e presidiários(4,9). No Brasil, a psiquiatra Nise da Silveira encontrou na TAA uma forma de tratamento para a esquizofrenia. Entre outras atividades, gatos foram utilizados para o tratamento de doentes com distúrbios mentais(4). Em São Paulo, a médica veterinária e psicóloga Hannelore Fuchs coordena o projeto Pet Smile há dez anos, onde voluntários levam animais para interagir com crianças em hospitais(9).
Em 2000, foi fundada a Organização Brasileira de Interação Homem-Animal Cão Coração, que promove o Projeto Cão do Idoso. Tal atividade é aplicada em casas de repouso ou abrigos com a finalidade de melhorar a qualidade de vida, o bem estar, integridade e respeito ao idoso(4-8).
Em 2003, pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária em parceria com a Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de São Paulo de Araçatuba, iniciaram o projeto "Cão Cidadão UNESP", que investiga as reações provocadas pelos animais nas crianças com necessidades especiais, como paralisia cerebral, portadores de Síndrome de Down entre outros comprometimentos mentais. Os resultados foram satisfatórios e segundo o estudo, os pacientes apresentaram melhora no comportamento e colaboraram no atendimento dentário(7,8).
Conduzido pela Faculdade Médica Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, em Pirassununga, o projeto "Dr. Escargot" vem tentando provar que os animais podem ser integrados ao meio escolar e hospitalar para proporcionar aprimoramento ético, moral, cidadania e qualidade de vida às crianças e idosos(8).
A Fundação Selma, em São Paulo, utiliza a equoterapia como alternativa para pacientes em reabilitação física e educação. Cães, ratos, coelhos, porquinhos da índia e algumas aves têm auxiliado no trabalho com crianças e adolescentes no tratamento de problemas com linguagem, percepção corporal e controle da ansiedade(8-10).
O médico geriatra Renato Maia, diretor do Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília e a veterinária Esther Odenthal, iniciaram um projeto piloto que se tornou uma linha de pesquisa científica na Universidade de Brasília. A experiência envolveu pacientes do Centro de Referência para portadores de Doença de Alzheimer, a equipe de médicos e veterinários e dois cães. Os efeitos da terapia mediada por animais vão além da avaliação da memória dos pacientes, os quais foram estimulados a memorizar os nomes e as cores dos animais. O estudo concluiu que as sessões de TAA promoveram a melhora do humor e a recuperação de lembranças e acontecimentos recentes(10).
Especialistas têm considerado que a utilização do estímulo sensorial do tato com a presença e interação dos animais, pode recuperar a auto-estima e a sensibilidade além da reintegração à sociedade por meio da melhora do contato social que o animal permite(11,12). A TAA traz consigo um aspecto importante de humanização, pois pode descontrair o clima tenso do ambiente hospitalar, melhorar as relações interpessoais e facilitar a comunicação entre pacientes e equipe de saúde. É indicada para auxiliar nas diversas situações clínicas, pois proporciona benefícios emocionais e espirituais para pacientes(9).
Destacam-se ainda os benefícios específicos obtidos como aperfeiçoar as habilidades motoras finas; o equilíbrio de sustentar-se; melhorar adesão ao tratamento; aumentar a interação verbal entre os membros do grupo; melhorar habilidades de atenção; desenvolver recreações e lazer; aumentar a auto-estima; reduzir a ansiedade; a solidão; aperfeiçoar o conhecimento dos conceitos de tamanho e cor; melhorar a interação com a equipe de saúde e a motivação para o envolvimento em atividades em grupo(11-16).
A TAA pode ser aplicada em várias faixas etárias e em diferentes locais, tais como: hospitais, ambulatórios, casas de repouso, escolas, clínicas de fisioterapia e de reabilitação. São utilizados todos os tipos de animais que possam entrar em contato com os humanos sem proporcionar-lhes perigo(10,15).
O cão é o principal animal, pois apresenta uma natural afeição pelas pessoas, é adestrado facilmente, cria respostas positivas ao toque e possui uma grande aceitação
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