Terapia Assistida Por Animais
Exames: Terapia Assistida Por Animais. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: betcy • 17/9/2014 • 3.390 Palavras (14 Páginas) • 1.035 Visualizações
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA TERAPIA OCUPACIONAL E A TRAGETÓRIA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM SOROCABA
Tatiana Doval Amador
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.
Terapia Ocupacional
A enxovia
Fascina
A peneira
Colorida
A gaiola
De taquara
O boneco
De engoço
O riso
Dos presos
O embaixo
Da vida.
A enxovia
Dando para o ar livre
Casamento de luz e miséria
Imanta o menino
A voz do assassino
É um curió suave
Propondo a venda
De um girassol de trapo.
(Drummond de Andrade)
APRESENTAÇÃO
Este trabalho consiste em um dos desdobramentos da dissertação de mestrado defendida na Universidade de Sorocaba - UNISO, no Programa de Pós-Graduação em Educação, intitulada “Terapia Ocupacional e Educação Escolar em Sorocaba. O propósito do presente artigo é discutir e problematizar os projetos políticos pedagógicos do curso de Terapia Ocupacional da UNISO. Tal estudo se dá a partir de dois focos distintos, mas complementares entre si. No primeiro foco, “A Terapia Ocupacional no Município de Sorocaba”, trataremos da trajetória histórica da Terapia Ocupacional no município de Sorocaba/SP. No segundo momento, “O Curso de Terapia Ocupacional da UNISO”, trataremos da educação superior em Terapia Ocupacional, através dos estudos dos projetos políticos pedagógicos do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional da UNISO. Ao final apontamos algumas considerações finais no sentido de levantar novas problematizações.
A TERAPIA OCUPACIONAL NO MUNICÍPIO DE SOROCABA
Existem poucos estudos realizados sobre a Terapia Ocupacional no município de Sorocaba. Os poucos estudos existentes estão na UNISO, e nenhum deles destaca a história sorocabana da Terapia Ocupacional, por isso fez-se necessário entrevistar terapeutas ocupacionais da cidade. As informações contidas neste sub-item foram constituídas, basicamente, a partir dos depoimentos dos terapeutas ocupacionais, atuantes na educação superior. Vale pontuar que esses profissionais se formaram em gerações distintas, que vão desde o ano de 1979 até o de 1992.
A primeira notícia que se tem da prática da Terapia Ocupacional em Sorocaba, como não poderia deixar de ser, é junto aos hospitais psiquiátricos. Esse fato não surpreende, na medida que é do conhecimento público que a cidade concentra o maior foco de leitos psiquiátricos da América Latina, aproximadamente 3.500 leitos. (BRANÇAM, LIMA e ROSA, 2004).
Segundo o relato da terapeuta ocupacional R. (2005), até o final dos anos 70 e meados de 80, havia grande desconhecimento da atividade do terapeuta ocupacional no município. Tal desconhecimento partia, inclusive, dos profissionais da saúde. A terapeuta ocupacional relata que a primeira profissional da cidade de Sorocaba foi “Helenice”, sua colega de classe, formada em 1979, pela segunda turma de Terapia Ocupacional da Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP. Sua prática profissional era no Hospital Psiquiátrico Vera Cruz, situado na região periférica da cidade. A terapeuta ocupacional M. (2005) diz que em 1982 fez estágio num dos hospitais psiquiátricos da cidade. O estágio realizado no Setor de Terapia Ocupacional, curiosamente não contava com nenhuma profissional terapeuta ocupacional.
Nessa época, novos profissionais, formados por escolas da região, tais como Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP - e UNIMEP, chegam a Sorocaba e ampliam as ações da Terapia Ocupacional na cidade. Segundo os relatos, os profissionais, em sua maioria recém-formados, iniciavam suas atividades nos hospitais psiquiátricos, embora já houvesse algumas práticas em outras áreas, como reabilitação física, principalmente em consultórios particulares e atenção ao deficiente mental, em instituições filantrópicas, como Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE.
É notável como a história da Terapia Ocupacional se desenvolve em Sorocaba com as mesmas características das suas origens no Brasil, mesmo após quase 30 anos de desenvolvimento no país. Dentre essas características, destacamos a feminização da profissão, a formação realizada no modelo reducionista e sua prática voltada à recuperação das incapacidades físicas e/ou mentais.
Nesse período podemos observar a despolitização dos profissionais terapeutas ocupacionais. De acordo com M. (2005), esses se encontravam uma vez ao ano, no entanto o propósito do encontro não era discutir a Terapia Ocupacional, mas sim os “Jogos da Primavera”, ainda existentes. A atividade era promovida pelos hospitais psiquiátricos da cidade e os terapeutas ocupacionais responsáveis pela organização das equipes do local em que trabalhavam, tendo em vista a referida competição.
Por volta de 1985, o Estado de São Paulo promove o concurso público abrindo várias vagas para terapeutas ocupacionais no Estado. O município de Sorocaba recebe um desses profissionais, além de um profissional da Fonoaudiologia. O intuito desse concurso era compor uma equipe multidisciplinar para atuar no Ambulatório de Saúde Mental, tratava-se do primeiro serviço, no município, de atenção ao doente mental, desvinculado do sistema hospitalocêntrico . Esse serviço, inicialmente vinculado ao governo do Estado, na década de 90 passa à tutela do governo municipal.
Ainda nesse período, o serviço de fiscalização aos hospitais psiquiátricos passa a ser mais severo, desencadeando um processo de contratação em massa de técnicos, não só terapeutas ocupacionais, mas também psicólogos, pedagogos, professores de Educação Física. M. (2005) relata esse período como o da “prostituição” da Terapia Ocupacional. Talvez, esse tenha sido um importante momento da Terapia Ocupacional no município mascarando
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