Trabalho Sobre a Iniciação ao Grau de Aprendiz Maçom
Por: Rafael Silveira • 22/11/2022 • Dissertação • 2.824 Palavras (12 Páginas) • 458 Visualizações
GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DE GOIÁS
AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA SIMBÓLICA “HARMONIA E CONCÓRDIA” Nº 165
CERIMÔNIA DE INICIAÇÃO AO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM
Rafael Alves Silveira (Ap.: M.: Insc. Nº 14002)
Segundo o autor Jorge Adoum, em Grau do Aprendiz e Seus Mistérios:
A palavra Iniciação derivada da latina “Initiare” de initium, início ou começo, deriva-se de duas: in, para dentro, e ire, ir, isto é, ir para dentro ou penetrar no interior e recomeçar novo estado de coisas.
Da etimologia da palavra depreende-se que o significado da Iniciação é o ingresso no mundo interno para começar uma nova vida.
A Iniciação Maçônica é joia inestimável na coroa do simbolismo. Na Loja há um quarto de reflexão, símbolo do interior do homem. Todo homem, ao cerrar os sentidos ao mundo externo, acha-se em seu quarto de reflexão, isolado na obscuridade que representa as trevas da matéria física, que rodeiam a alma até a completa maturação. Este interior obscuro é o estado de consciência do profano que vive sempre fora do templo e no meio das trevas.
Desde o momento em que o praticante começa a dirigir a luz do pensamento concentrado para seu mundo interior, a iluminação principia a invadir seu templo, pouco a pouco, e o domínio de sua mente equivale ao azeite que alimenta a lamparina acesa (ADOUM Jorge, 2013, p. 28).
Ilustres irmãos, meu objetivo neste trabalho é descrever a minha visão a respeito da cerimônia de iniciação ao grau de Aprendiz Maçom. Farei isso utilizando duas abordagens para cada tópico principal, primeiro a narração dos fatos, conforme me lembro e em segundo o significado que compreendi de cada acontecimento e situação, embasado em algumas pesquisas e em minha visão pessoal.
- A CHEGADA
Fui buscado em casa por volta de 11:00h pelo meu padrinho na loja, nesse caso tive a grande honra de ser apadrinhado pelo meu próprio pai, hoje também irmão, Lázaro Humberto Silveira.
Logo na chegada meu padrinho foi orientado a me levar para a porta dos fundos do prédio, onde, ao abrir a porta e ser conduzido a entrar de costas, fui recebido por um irmão que me vendou os olhos e, após confirmar que eu realmente não estava enxergando nada me disse: “Eu sou vosso guia, tendes confiança em mim e nada receeis.” Feito isso, fui conduzido por um salão (aparentemente), desci escadas, caminhei por alguns instantes, fui orientado a me abaixar, como se me desviasse de alguns obstáculos e inclusive durante a passagem por um deles, houve um ruído bastante alto de algo batendo ou caindo, naturalmente me assustei e meu guia me orientou a ter calma, conduzindo-me finalmente a uma sala silenciosa, onde fui posto sentado em uma cadeira e ali fiquei em silêncio por alguns minutos.
Passado esse tempo, outros dois irmãos (acredito que um deles era meu guia), vieram até mim e solicitaram que eu retirasse tudo que havia em meus bolsos e itens que me adornassem como colar, relógio e aliança. Feito isso, desabotoaram minha camisa até a metade, solicitaram que eu retirasse o braço esquerdo da manga da camisa, deixando a metade do meu peito exposto e a camisa foi presa novamente sob a calça dessa forma. Retiraram meu sapato do pé direito, me calçaram uma sandália nesse pé e dobraram a barra da minha calça no lado direito até a altura do joelho. Desta forma aguardei por aproximadamente meia hora, segundo minha percepção, que a essa altura já não era muito precisa.
Considerações Iniciais
Sobre a venda nos olhos, compreendi que ela é a representação simbólica do estado de ignorância ou cegueira do mundo profano e, no corpo físico, cegueira dos sentidos em que se encontra o profano que está nas trevas e ainda não recebeu a luz dos ensinamentos que irá guia-lo na vida maçônica.
Do caminhar por salões, passar por obstáculos, abaixar, pular e os ruídos, estando sempre com meu guia me auxiliando, entendi que o caminho que conduz à virtude é estreito, sinuoso, cheio de obstáculos e as vezes penoso. Para que o homem possa alcançar esse objetivo deverá vencer tais obstáculos, tendo sempre a certeza do amparo de seu guia, que trabalha como uma lâmpada do saber humano iluminando seu caminho.
Quanto a solicitação de retirar os itens dos bolsos e os adornos, entendi sobre o despojamento dos metais, pois a partir do momento em que me dispus a ingressar nos augustos mistérios da maçonaria, devo entender que dentro dela somos todos irmãos iguais, sem distinção de cargos, classes econômicas, credos e demais “diferenças” observadas no mundo profano.
Das alterações nas vestes, a nudez do coração figura a de todo o preconceito, ódio, convencionalismo, que impedem a manifestação sincera dos sentimentos. A nudez do joelho direito simboliza a vanglória, o orgulho intelectual que impede a genuflexão ou inclinação do joelho ante o altar da verdade. A nudez do pé direito é a marcha na senda, a marcha para o templo, para bater à sua porta em busca de luz e verdade.
- A CÂMARA DE REFLEXÕES
Após as ocorrências relatadas no tópico anterior, fui conduzido novamente por um irmão a uma sala próxima ao local onde eu aguardava em silêncio absoluto. A entrada a essa sala era difícil, com corrimãos estreitos, era uma escada com degraus curtos e a sala está posicionada em um nível inferior. Após concluída a descida fui posto em uma cadeira, sentia o odor de velas queimando e a sensação de um ambiente insalubre, como os que ficam normalmente fechados.
Após estar acomodado na cadeira, o irmão retirou a venda de meus olhos e aos poucos, minha visão foi se ajustando e pude começar a enxergar novamente. Para o meu espanto, o irmão estava com uma roupa toda preta, com um grande capuz e máscara preta, impedindo que eu pudesse ver sua feição, assemelhava-se a um carrasco medieval. A sala tinha a cor preta em todas as paredes e piso, um galo branco pintado na parede à frente, mensagens escritas em uma das paredes. A minha frente havia uma mesa com forro branco, algumas cinzas, luz de velas, um crânio humano, papéis onde haviam questionamentos que fui orientado a responder e deixar o meu testamento.
O irmão que me conduziu à esta sala e me deu as instruções sobre o questionário e o testamento, me orientou também a prestar bastante atenção à cena proposta naquele ambiente, nos itens que a compunham e nas inscrições e emblemas que estavam nas paredes ao meu redor, pois logo, durante a cerimônia de iniciação eu seria questionado sobre eles.
Considerações
O autor Rizzardo da Camino, em seu Rito Escocês Antigo e Aceito 1º ao 33º, diz:
“Perde” tudo o que porta, até a visão, pois os olhos lhe são vendados, e com essa cegueira momentânea, os outros sentidos lhe são aguçados. É conduzido então â Câmara de Reflexão.
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