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Por:   •  4/9/2014  •  5.481 Palavras (22 Páginas)  •  221 Visualizações

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ARTIGOS

Aprendizagem organizacional e

informação

Juliana do Couto Bemfica

Mônica Erichsen Nassif Borges

Resumo

O artigo discute a noção de aprendizagem organizacional

tendo a informação como pano de fundo. Descreve

abordagens vigentes e sua fragilidade como modelos baseados

no paradigma reducionista. Apresenta alternativas que

consideram a complexidade das organizações contemporâneas

e que podem contribuir para o aprofundamento do

conhecimento acerca do operar da informação no processo

cognitivo, bem como para abordar, de forma mais fundamentada e menos pragmática, a

questão da informação como recurso gerencial.

Palavras-chave

Aprendizagem organizacional; Informação; Conhecimento organizacional; Teorias

contemporâneas do conhecimento.

O presente trabalho tem por objetivo discutir a noção de aprendizagem organizacional e os

conceitos congêneres de organização de aprendizagem, organização que aprende e

conhecimento organizacional, tendo como pano de fundo a importância que a informação

passou a ter para a sociedade contemporânea.

Nossa motivação decorre da incidência, na literatura predominante sobre o assunto, de

abordagens que assumem como inexorável o predomínio dos interesses de mercado sobre os

da sociedade e fundamentam um arcabouço teórico para legitimá-lo. Em geral, esta produção

consiste na avaliação de um caso bem-sucedido ou na enumeração de uma coletânea de

casos a partir do que são extraídos procedimentos e regularidades que se transformam em

regras gerais que passam a ser prescritas como solução de sucesso universal. Poucos autores

se preocupam em construir uma base teórica que leve em conta as condições e

características específicas das organizações como fatores relevantes para o que se poderia

5/9/2014 Ciência da Informação - Organization learning and information

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19651999000300001 2/12

denominar aprendizagem organizacional.

Procuramos, portanto, incorporar algumas reflexões a partir de perspectivas que enfatizam a

complexidade das organizações contemporâneas e colocam sub judice relações

determinísticas de causalidade.

ABORDAGENS DA APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL BASEADAS NO PARADIGMA

DOMINANTE

A aprendizagem organizacional, tema clássico da teoria das organizações, vincula-se ao

conceito de inovação. Atualmente observa-se um crescente interesse no assunto, tanto pelo

desejo acadêmico de entender quanto pelo exercício de aplicação do entendimento.

No campo teórico, segundo Fleury e Fleury (1998), os modelos de aprendizagem individual

seriam sustentados por duas vertentes. Uma delas, o modelo behaviorista, tem como foco

principal o comportamento, considerado passível de ser observado e mensurado e cuja

análise implica o estudo das relações entre eventos estimuladores, respostas, conseqüências.

A outra, sustentada pelo modelo cognitivista, seria mais abrangente que o behaviorista,

procurando explicar fenômenos mais complexos, como a aprendizagem de conceitos e a

solução de problemas. Este modelo considera dados objetivos, comportamentais e subjetivos

e considera as crenças e percepções dos indivíduos como fatores que influem na percepção

da realidade. Ambas as vertentes trabalham com representações e levam em conta o

processamento de informações pelo indivíduo.

Segundo os mesmos autores, as atuais abordagens da aprendizagem organizacional utilizamse

das duas vertentes já que envolvem tanto a elaboração de novos mapas cognitivos, que

permitem que a organização 'compreenda' melhor o que se passa nos ambientes interno e

externo (abordagem cognitivista), como a definição de novos comportamentos como

comprovação da efetividade do aprendizado (abordagem behaviorista).

Por sua vez, grande parte dos modelos de aprendizagem organizacional, organização de

aprendizagem e organização que aprende opera as simplificações típicas da aplicação do

paradigma científico clássico. Ao fazê-lo, são excluídas da análise as situações conjunturais e

específicas das organizações sociais, bem como as características contraditórias, ambíguas

e/ou conflituosas que as envolvem.

Tributário da concepção de mundo cartesiana, o paradigma científico clássico opera a partir

de dicotomias. De início, as formas de conhecer a realidade são segregadas: de um lado

estariam aquelas que levariam ao verdadeiro conhecimento como resultado da aplicação de

métodos e técnicas específicos, validados por algum segmento da comunidade científica

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