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A ARTE E A EDUCAÇÃO POPULAR – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Por:   •  12/1/2018  •  Artigo  •  4.180 Palavras (17 Páginas)  •  412 Visualizações

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A ARTE E A EDUCAÇÃO POPULAR – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA -  projeto de educação ambiental como condicionante de licença ambiental federal na bacia de campos – rj.

Joezele da Rosa Pereira -  Trans For Mar Consultoria LTDA

Jodarosa84@gmail.com

Maria Odete da Rosa Pereira – IE - FURG

mariaodete@furg.br                                               

Eixo temático:    

Resumo

O presente trabalho busca refletir sobre a articulação necessária da arte educação e da educação popular proposta por Paulo Freire,  no desenvolvimento de projetos de educação ambiental com comunidades pesqueiras que vivem no interior do Brasil. A experiência que serve de base às nossas reflexões se localiza no Norte Fluminense e é parte do contexto do licenciamento ambiental federal das atividades de exploração e produção de petróleo e gás na Bacia de Campos- RJ. O grupo social que é sujeito da ação educativa tem o perfil de pouco ou nenhum acesso a educação formal nos desafiando a uma metodologia alternativa no processo de aprendizagem e da proposição de organização comunitária. Para ilustrar a metodologia de articulação das diferentes áreas do conhecimento apresentamos alguns exemplos concretos. Nossa fundamentação teórica está ancorada na teoria crítica e na educação ambiental transformadora,  assim como a arte engajada numa proposta de organicidade intelectual e política com as populações tradicionais..

Palavras-chave: Arte educação; educação popular; educação ambiental.

INTRODUÇÃO

A proposta de trabalhar com populações tradicionais é desafiadora para profissionais de formação acadêmica, sem experiência concreta em movimentos sociais ou alguma organicidade com tais populações, sejam elas pescadores, índios, quilombolas, povos da floresta ou outras que não  estão aqui citadas. No entanto não é impossível que tais profissionais desenvolvam uma relação de confiança com interlocutores locais, o que ocorre é que o ponto mais frágil da relação é o representante da comunidade no sentido de que ele pode ser manipulado ou desenvolver uma relação onde tal membro tenta manipular o profissional buscando atender interesses individuais ou até mesmo a comunidade mas de uma forma pontual, numa relação de uso e de desconfiança mútua. Até mesmo de acusações intermináveis dos dois lados, muitas vezes ouvimos falar “os pescadores são pedintes, os pescadores  são matadores de peixe, os índios e negros são resistentes”... Isso se ouve no meio acadêmico (por alguns pesquisadores, não todos) ou por profissionais, técnicos nos órgãos públicos destinados a desenvolver políticas públicas voltadas a estas populações, ou também órgãos de fiscalização causando uma verdadeira “guerra” entre ambos. Voltamos a repetir que são  posturas individuais e exceções, contudo acabam por influenciar as decisões que afetam a vida de milhares de pessoas que vivem nestas comunidades. Por outro lado ouvimos muitas reclamações de pescadores e quilombolas (onde tivemos oportunidade de trabalhar), sobre o número de entrevistas, fotografias e filmes a qual já foram submetidos e expostos sem saber onde foram parar, isto é, as pessoas vão até as comunidades para coletar material de pesquisa e depois desaparecem e os sujeitos da pesquisa ficam sem noticias de onde foi utilizada sua fala, sua foto ou imagem.

 Tais atitudes fizeram com que as pessoas das comunidades ficassem arredias aos pesquisadores ou àqueles profissionais que chegam propondo algum tipo de reunião com vistas à organização, etc.

Nossa reflexão gira em torno de um trabalho que atenda realmente os anseios das comunidades, no momento falamos de comunidades pesqueiras pois é onde desenvolvemos nosso trabalho atual. O trabalho possui ainda um recorte de gênero, trabalhamos com mulheres inseridas na cadeia produtiva da pesca artesanal. Fazemos questão de citar o artesanal para dar também um corte de classe social pois na cadeia produtiva da pesca o artesanal é o mais fragilizado.

A seguir queremos compartilhar a nossa metodologia ressaltando a importância do papel da profissional da arte educação neste contexto. A articulação dessa área do conhecimento com as outras áreas como a educação ambiental, o serviço social, a psicologia, a história, a antropologia, a oceanologia, etc.

METODOLOGIA

Atualmente estamos trabalhando com uma equipe multidisciplinar, no entanto queremos concentrar nossas considerações sobre a articulação com a arte educação. Temos um trabalho que desde o seu início envolveu a cologravura, o estêncil, e alguns elementos do teatro do oprimido em forma de pequenas dramatizações com participação do público que assistia.  A diferença é que nos  primeiros anos utilizávamos de maneira pontual e atualmente contamos com uma profissional da área, arte-educadora,  para acompanhar o dia a dia das atividades. De acordo com Avancini (1995) “ a arte-educação no enfoque construção do cotidiano se pauta pelo resgate - pós-moderno - do fragmento, do particular, das vidas anônimas - mas sem perder de vista o enfoque dos movimentos sociais, dos coletivos de luta”, dessa forma o que buscamos como profissional da arte educação é manter uma atitude de pesquisadora  e buscar apreender os diferentes “jeitos” das pessoas das comunidades, das marisqueiras, das catadoras de caranguejo, das pescadoras de fazedoras de rede. Quais as soluções que elas arrumam para sobreviver neste mundo impactado pelo desenvolvimento capitalista, como se mantém, como se fortalecem na identidade de mulher inserida na cadeia produtiva da pesca.  

Dessa forma, a arte-educação torna-se o conteúdo e o método ao mesmo tempo no projeto de educação ambiental que visa o fortalecimento da organização comunitária. Segundo a história da arte-educação, esta inicia na década de 1980 especialmente com a professora Dra. Ana Mae Barbosa (BARBOSA, 1991). O termo arte educadores designa uma categoria de profissionais devidamente licenciados em arte que empreenderam uma luta política para que houvesse um espaço definido e respeitado no ensino formal admitindo que arte se ensina e que não é um processo espontâneo apenas. De acordo com o PCN (Parâmetro Curricular Nacional – BRASIL ,1997, p. 41-42) existem três eixos norteadores: A produção, a fruição e a reflexão.   A produção : Fazer artístico do aluno e dos produtores sociais de arte. A fruição: Apreciação significativa de arte dos alunos e da produção histórico-social em sua diversidade. A reflexão: Construção de conhecimento sobre o trabalho artístico pessoal, dos colegas e sobre a arte como produto da história e da multiplicidade das culturas humanas, com ênfase na formação cultivada do cidadão.

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