A Construção Estética de Frida
Por: Ana Carla Machnicki • 29/11/2015 • Artigo • 3.338 Palavras (14 Páginas) • 459 Visualizações
A CONSTRUÇÃO[a] ESTÉTICA DE FRIDA (2002): COMO OS QUADROS CONTAM SUA HISTÓRIA
sugestão: A ESTÉTICA DE FRIDA
OU
A ESTÉTICA CRIADA PELOS QUADROS DA ARTISTA FRIDA NO FILME FRIDA
OU
INTERTEXTUALIDADE NO FILME FRIDA: OS QUADROS DA ARTISTA E A ESTÉTICA DO FILME (Acho que eu gosto mais desse):
RESUMO
O presente estudo faz uma análise da construção do filme Frida (2002), dirigido pela diretora norte americana Julie Taymor e baseado no livro de Hayden Herrera, que narra a história de Frida Kahlo. Prthocura-se compreender o papel da obra artística da pintora na concepção visual e eixo criativo do enredo do filme, através de sua intertextualidade e significado simbólico que seus quadros trazem para a contextualização da trama.
Palavras Chaves: Julie Taymor; Frida Kahlo; filme.
ABSTRACT
The present study makes an analysis about construction of the film Frida (2002), directed by north American director Julie Taymor and based in the book of Hayden Herrera, that tells the history of Frida Kahlo. Trying to understanding the paper of artistic work of the painter in the visual conception and creative axis of movie story through its intertextuality and symbolic meaning that his paintings bring for the movie context.
Key Words: Julie Taymor; Frida Kahlo; movie
FRIDA: A BIOGRAFIA
Em 1983, foi lançada nos Estados Unidos a biografia considerada oficial de Frida Khalo, escrita pela historiadora de arte Hayden Herrera, o livro contém cerca de cem entrevistas entre elas, com o primeiro namorado de Frida, Alejandro Gomez Arías, sua sobrinha e amigos dela e Diego Rivera, trechos de diários e correspondências, além de revelar detalhes muito íntimos da vida de Frida principalmente sobre seu casamento e casos amorosos. Sendo historiadora de arte, Herrera teve o cuidado de entrelaçar de forma clara a vida e a obra, mesclando o “relato biográfico com análise da obra de Frida” (VICTOR, 2011). [b]
Em entrevista a autora conta que a fama de Frida se espalhou no final dos anos 70, relacionada com a força do movimento feminista e a presença de pessoas “chicanas”, nos Estados Unidos. A própria Herrera diz que só conheceu Frida por volta de 1974, graças a um casal de amigos que lhe presenteou com um catálogo. Na época de sua pesquisa Herrera conta que no México ela era conhecida como a esposa peculiar de Rivera, que fazia pinturas estranhas. (HERRERA, 2005)
A questão é que a temática de Frida vai muito além de sua personalidade excêntrica ou suas pinturas consideradas surrealistas, mesmo que a própria Frida não as definisse dessa forma. O caráter pessoal e fortemente emocional de sua obra exerce fascínio por se tratarem de temáticas sentidas por todos os seres humanos, principalmente a presença constante da dor contrastando com as cores vivas e a expressão firme e enigmática nos muitos autorretratos de Frida (HERRERA,2011). “[...] E Frida enfrentou suas tragédias com força e alegria, transformando-as em algo poderoso” (HERRERA, 2011).
Nos anos 1990, explode o que se chama “Fridamania” de acordo com Herrera (2005), o fenômeno foi crescendo como em um efeito bola de neve. Cinquenta anos depois de seu falecimento, Frida inspirou exposições de arte, sites da web, a moda, além de ser possível encontrar sua imagem e sua obra em quase qualquer tipo de produto. “Em 2001, o Serviço Postal dos EUA colocou sua imagem em um selo de 34 centavos, fazendo dela a primeira mulher hispânica a receber tal honra” (LARSEN E YAKUTCHIK , 2005). A tradução da obra de Herrera sobre Frida só chegou ao Brasil 30 anos depois de seu lançamento, a autora confirmou a Revista VEJA (VICTOR, 2011) que esse trabalho nunca foi revisado e que com o crescimento do interesse sobre Frida, novas informações surgiram, inclusive refutando alguns fatos apontados no livro. Mesmo assim, Herrera afirma que não pretende mexer novamente num trabalho antigo.
O FILME
É natural que um fenômeno com uma história tão interessante chamasse a atenção de produtores cinematográficos, as propostas de roteiros que retratavam a vida de Frida Kahlo atraíram a atenção de diretores de Hollywood, indo cair nas mãos de Julie Taymor (BOSLEY, 2002). Em 2002, “Frida[c]” o filme, estrelado pela atriz mexicana Salma Hayek, “faturou $205,996 em cinco salas de cinema, na semana de abertura” (OLIVEIRA e MUNEIRO, 2013).
Julie Taymor é diretora, dramaturga, titereira e designer, vencedora de vários prêmios como Tony Awards, Emmy e indicações ao Oscar. Está no teatro desde os onze anos. Passou boa parte de sua vida na Ásia, até voltar aos Estados Unidos na década de 1980, sempre estudando e trabalhando com teatro. Em 1997 estreia O Rei Leão para a Broadway com o qual ela recebe um prêmio Tony de melhor direção, sendo a primeira mulher a recebê-lo. Em 1999 lança seu primeiro filme Titus, baseado em uma peça de Shakespeare. Descrita como extremamente inventiva/visionária, suas produções mostram um estilo singular de contar histórias que procura capturar a essência de um enredo e construí-lo visualmente através de símbolos, utilizando a capacidade imaginativa do público como meio de transporte para a trama apresentada (TAYMOR, 2013). Características semelhantes são apreciadas nos quadros de Frida, que permeados de elementos simbólicos nos transportam para a mente de sua autora, ao fato que ela desejou representar em cada obra que pintou.
Para compor o filme Taymor se concentrou em retratar a vida de Frida Kahlo a partir da perspectiva da própria artista, equilibrando sua paisagem externa e interna, a diretora também afirma que ficou “encantada com o caso de amor entre Frida e Diego, que é a história de amor mais incomum que eu já vi” (TAYMOR, 2002).
Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón, nasceu em 6 de julho de 1907, no distrito de Coyóacan, México, na casa de seus pais ou “Casa Azul”, que desde 1958 abriga o Museu Frida Kahlo. A vida de Frida é conhecida por ser marcada por grandes sofrimentos, tanto emocionais como físicos, seu relacionamento difícil com a mãe e a epilepsia de seu pai, a poliomielite que contraiu aos seis anos e a deixou manca, o grave acidente de ônibus aos 18 anos que a colocou entre a vida e morte, além de ocasionar problemas de saúde que lhe causaram abortos e tratamentos dolorosos por toda a vida. Apesar disso, Frida sempre manteve uma personalidade forte e alegre, que encantava todas as pessoas que tinham contato com ela (HERRERA, 2011).
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