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Fichamento Teoria e Prática do Ensino de Arte: a língua do mundo

Por:   •  29/1/2024  •  Resenha  •  5.058 Palavras (21 Páginas)  •  138 Visualizações

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BIBLIOGRAFIA

MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino da arte: a língua do mundo: Poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.

_________. Teoria e prática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD, 2010.

AS AUTORAS

Mirian Celeste Martins (Mirian Celeste Ferreira Dias Martins). Paulistana. Transita no território de formação de educadores, sempre envolvida, envolvendo e enlaçando arte&cultura em ações pedagógicas e em publicações e materiais educativos. Professora a pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Gisa Picosque (Giselda Maria Picosque). Paulistana. Transita no território da arte&cultura. Prisioneira do gerúndio, está sempre sendo. Professora, consultora e escrevedora de artigos e materiais educativos.

Maria Terezinha Telles Guerra. Paulista de Oriente. Atua como consultora e assessora em diferentes instituições, na produção e publicação de textos, materiais e projetos educativos na área de Arte, Educação e Cultura, assim como na formação de educadores. Desenvolve trabalhos no CENPEC, na Pinacoteca do Estado de São Paulo e em outras instituições.

(Parte I)

A linguagem da arte

• O ensino de arte pela janela do tempo:

- Uma referência importante para a compreensão do ensino de arte no Brasil: Missão Artística Francesa trazida em 1816 por dom João VI. "Foi criada, então, a Academia Imperial de Belas-Artes que (...) passou a ser chamada de Escola Nacional de Belas-Artes. O ponto forte dessa escola era o desenho, com a valorização da cópia fiel e a utilização de modelos europeus." (p. 10)

- Embora em Minas Gerais havia o Barroco, o neoclássico trazido pelos franceses que foi assumido como o que havia de mais "moderno". Arte como conotação de luxo e ao alcance de uma elite privilegiada.

- "A partir dessa época, temos uma história do ensino da arte com ênfase no desenho, (...) centrada na valorização do produto e na figura do professor como dono absoluto da verdade." Objetivo: boa coordenação motora, precisão, técnicas e hábitos de limpeza, preparação profissional - desenhos técnicos e geométricos. "O desenho deveria servir à ciência e à produção industrial, utilitária." (p. 10)

- "O ensino da música teve pouca projeção nas escolas até mais ou menos 1950, quando começou a fazer parte do currículo." (p. 10)

- Nessa época também surge disciplinas como "artes domésticas", "trabalhos manuais" e "artes industriais". Havia artes "femininas" - bordado, tricô, roupinha de bebê, etc. - e artes "masculinas" - utilizando madeira, serrote, martelo: bandejas, porta-retratos, descansos de prato, sacolas de barbante, tapetes de sisal.

- 1930, influência ampliada à 1950 e 1960: movimento Escola Nova. "Nas aulas de arte, direcionou o ensino para a livre expressão e a valorização do processo de trabalho. (...) dar oportunidades para que o aluno se expressasse de forma espontânea, pessoal, (...) a valorização da criatividade como máxima no ensino da arte." Na prática, sem se preocupar com os resultados, "o conteúdo dessas aulas era quase exclusivamente um "deixar-fazer" que muito pouco acrescentava ao aluno em termos de aprendizagem em arte." (p.11)

- Lei nº 5.692 de 1971: introduziu o componente curricular Educação Artística. Está presente na lei a tendência tecnicista e "determinando que nessa disciplina fossem abordados conteúdos de música, teatro e artes plásticas nos cursos de 1º e 2º graus, criando a figura de um professor único que deveria dominar todas essas linguagens de forma competente." (p.11)

- Ainda é comum a aula de arte ser confundida com lazer, terapia, descanso das aulas "sérias", decoração da escola, de festas comemorativas, preencher desenhos mimeografados ou retirados do computador. São desvios que comprometem o ensino da arte. (p.11)

• Arte é conhecimento

- LDB nº 9.394/1996 - artigo 26, parágrafo 2º: "o ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos". (p.11)

- PCN de Arte: " São características desse novo marco curricular as reivindicações de identificar a área por arte (e não mais por educação artística) e de incluí-la na estrutura curricular com conteúdos próprios ligados à cultura artística, e não apenas como atividade". (p.12)

- "Ensinar arte significa articular 3 campos conceituais:

a criação/produção,

a percepção/análise e

o conhecimento e contextualização da produção artístico-estética da humanidade, compreendendo-a histórica e culturalmente.

- Esses três campos conceituais estão presentes nos PCN-Arte e, respectivamente, denominados produção, fruição e reflexão. (p.12)

- "Para nos apropriarmos de uma linguagem, entendermos, interpretarmos e darmos sentido a ela, é preciso que aprendamos a operar com seus códigos. Do mesmo modo que existe na escola um espaço destinado à alfabetização na linguagem das palavras e dos textos orais e escritos, é preciso haver cuidado com a alfabetização nas linguagens da arte. É por meio delas que poderemos compreender o mundo das culturas e o nosso eu particular." (p.13)

• A traição das imagens

- "A atribuição de sentidos a imagens ou palavras acontece de forma singular, por meio de uma rede de relações afetivas, conceituais, cognitivas, significativas que o leitor articula perante a obra" (p.18)

- "Nosso olhar (...) é fruto de uma história pessoal e única, vivida em determinada sociedade, cultura e época, por alguém com certa idade e influenciado pelos "humores" do momento. É como se cada pessoa fosse gerando um "repertório" individual, um conjunto de valores, conceitos, ideias, sentimentos e emoções que vão tecendo uma rede de significações para si." (p.19)

- "Portanto, as referências pessoais, fundadas nas experiências individuais, e as referências culturais, nascidas no convívio com a cultura de seu entorno, direcionam o poetizar/fruir/conhecer arte, levando-nos a fabricar sentidos, significações que atribuímos ao que estamos observando. Quanto mais referências tivermos, maiores e diferentes as possibilidades e perspectivas para análises e interpretações." Como seres da cultura, atribuímos sentido a tudo o que vemos. (p.19)

- Mimese, do grego mímesis = imitação. Foram os gregos que primeiro se preocuparam em compreender o princípio da representação. Com o tempo, dominou o pensamento ocidental sobre as artes visuais: o seu caráter de réplica exata ou reprodução fotográfica. (p.20) "A mímica, por exemplo, é uma expressão cujo nome nasce na mesma raiz da palavra mimese. (...) (p.21). Para Platão: "cabia os homens apenas a reprodução da mimeses, simulacros, meras aparências, pois a criação perfeita seria possível apenas para o Demiurgo, o Deus que cria o universo." (p.20). Para Aristóteles: "conceito de mimese ligado à ideia de reprodução seletiva." (p.20)

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