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Hip Hop - a verdadeira arte

Por:   •  6/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.965 Palavras (12 Páginas)  •  495 Visualizações

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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

WALLACE OLIVEIRA MARTINS

HIP HOP: a verdadeira arte

O rap e o grafite como a verdadeira arte de acordo com a filosofia de Platão

Rio das Ostras

2016


HIP HOP: a verdadeira arte

O rap e o grafite como a verdadeira arte de acordo com a filosofia de Platão

  1. Introdução:

Analisando a filosofia platônica e socrática - que se caracteriza como o personagem da oratória no texto Íon, sendo este, considerado o Mestre de Platão - e o que ele reflete sobre a arte, na época, dos poetas, dos pintores e atores, citando a arte mimética e a habilidade deles de retratar sobre situações que ocorreram com outras pessoas ou sobre ciências, ou assuntos, que em nada lhe competem o conhecimento, profundo, sobre essas vertentes, tendo, somente, a superfície do saber, sem qualquer autoridade para falar sobre os temas que descrevem, pintam ou encenam. Por conta disso, Platão cita que eles eram prejudiciais para o governo e filosofia de sociedade a ser instaurada, pois, a mesma se baseava na razão, na verdade, e os artistas baseavam-se na imaginação, na fantasia, na ilusão de retratar cenas e atividades que não detinham o conhecimento concreto para falar sobre.

Baseando-se nessa filosofia de que a arte, para ser considerada como algo positivo, ela precisa falar sobre a verdade, para que assim, possa ser respeitada como um conhecimento que abarca assuntos que competem aos artistas a falarem e não há outros que possuem maior propriedade, este trabalho buscará, não com a pretensão de finalizar o assunto, muito menos de mostrar a verdade absoluta ou reduzir qualquer outra expressão artística, mas de demonstrar como a cultura do Hip Hop, nas suas diversificadas vertentes, assemelham-se ao que Platão conceitua, de forma indireta, como o que seria a verdadeira arte.

Para fundamentar a teoria que descrevo serão usados dois textos que remetem a filosofia de Platão e Sócrates, sendo eles Íon e A República, e, para fazer menção a Cultura do Hip Hop nada mais plausível e material que trazer as letras de rima de artistas do Rap como: Racionais MC        ‘s, Dexter (e o grupo 509-E), e alguns artistas, como Pablo Ito, MTO, e outros que, em sua maioria, são anônimos, que criam os grafites pelos muros da cidade e expressam a sua mensagem de revolução e protestos, demonstrando a realidade em que vivem nas comunidades.

  1. O que Sócrates e Platão diz sobre a arte:

Nos dois textos analisados de Platão, com diálogos de Sócrates, estão a realizar análises a cerca da veracidade e da autenticidade dos artistas, buscando entender o que eles realizam, tentando explicar como eles conseguem transmitir todas as emoções, toda a mensagem, mesmo sem terem vivido aqueles momentos na pele, no entanto, fazendo com que todos os presentes sintam, se emocionem e chorem enquanto narram às aventuras épicas dos deuses.

Em Íon, Sócrates vai demonstrar, dentro do diálogo com Íon, interrogando-o de forma a buscar comprovar a sua teoria, que os artistas nada mais são que pessoas que são possuídas pelos deuses, que não conhecem nada daquilo e não poderiam fazer nada do que fazem, se não tivessem recebido a graça de um dom divino de falar sobre determinado deus em específico, sem ter conhecimento para falar sobre nada mais da mesma forma, pois não se enquadra no deus que lhe possui para a realização da sua obra artística.

“Eu vejo, Íon, e vou fazer-te ver o que é, segundo o meu entendimento. É que esse dom que tu tens de falar sobre Homero não é uma arte, como disse ainda agora, mas uma força divina, [...] todos os poetas épicos, os bons poetas, não é por efeito de uma arte, mas porque são inspirados e possuídos, que eles compõem todos esses belos poemas” (Platão, 1998, p. 49-50).

Sócrates chega a essa conclusão quando questiona Íon sobre os conhecimentos, específicos, do Rapsodo, aquele que declama as poesias escritas pelos poetas, buscando entender, dentro dos escritos de Homero, qual é o saber ligado, diretamente, ao Rapsodo e que ele tem maestria para falar acima de qualquer outro, assim como, dentro dos mesmos escritos, aparecem às falas que são de conhecimento, prioritário, do médico, cavaleiro, cocheiro, ferreiros e ademais profissões presentes na sua realidade, como, dentre todas as respostas dadas por Íon, não se chega há uma conclusão de qual é, de fato, a ciência do Rapsodo, pois eles só sabiam falar sobre um dos deuses em específico, não tendo, qualquer interesse, nos outros e sem domínio de outros assuntos.

“Nos outros gêneros, cada um deles é medíocre, porque não é por uma arte que falam assim, mas por uma força divina, porque, se soubessem falar bem sobre um assunto por arte, saberiam, então, falar sobre todos”. (Platão, 1998, p. 53.).

E, seguindo essa premissa, em A República, Platão continua questionando a importância e ameaça dos artistas dentro da república que quer ser formada dentro dos princípios da verdade e da justiça, tentando, de toda forma, exilar qualquer chance de um contraponto que crie a anarquia, a ação sem ponderação e analise científica do ato, por isso, ele realiza uma análise, junto a Glauco, buscando delimitar o campo que a arte trabalha dentro do ser humano, fazendo uma analogia a criação das obras, colocando Deus, o marceneiro e o pintor, onde Deus criou o artefato natural, tendo, somente, um exemplo, o marceneiro que confecciona um artífice mais próximo do artefato natural de Deus e o pintor que, segundo (Platão, p. 454, 1949): “O título que me parece que se lhe ajusta melhor é o de imitador daquilo de que os outros são artífices.”, pois o que ele faz é uma cópia aparente do artífice e não um artefato real.

“Assentemos, portanto, que, a principiar em Homero, todos os poetas são imitadores da imagem da virtude e dos restantes assuntos sobre os quais compõem, mas não atingem a verdade [...] que o imitador não tem conhecimentos que valham nada sobre aquilo que imita, mas
que a imitação é uma brincadeira sem seriedade. Os que se
abalançam à poesia trágica em versos iâmbicos ou épicos,
são todos eles imitadores, quanto se pode ser.”. (Platão, 1949, p. 461-464).

E, a partir das conclusões, por perguntas e respostas dentro de uma linha de pensamento, Platão e Sócrates chegam à conclusão de que os homens tem dois lados da Alma, um que busca seguir as leis, os bons costumes e a forma de se comportar frente a sociedade, demonstrando, somente, aquilo que é cabível e respeitável, tendo sempre em mente que deve deixar para trás e superar as dores e sofrimentos, enquanto, o outro lado da alma é, justamente, o lado irracional, que faz as pessoas lembrarem dos sofrimentos, ficarem remoendo essa dor e essas lembranças problemática e que só trazem pensamentos e desejos de atitudes que fogem as doutrinas da lei e a racionalidade e, dentro de toda essa análise, Platão liga os artistas ao lado irracional, por conta das encenações de cenas que remetem ao sofrimento, aos sentimentos e a dor. Como, dentro daquela república, eles querem a razão, pessoas que agem com o lado bom da alma, ele chega à decisão de:

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