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Historia da arte

Por:   •  7/5/2015  •  Dissertação  •  942 Palavras (4 Páginas)  •  355 Visualizações

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Jan Van Eyck (Bruges, 1376 – 1441)
A Virgem do Chanceler Rolin  - 1435
Museu do Louvre – Paris

A obra A Virgem do Chanceler Rolin é um painel de madeira, de pequenas dimensões, realizado no fim da época gótica, foi uma das primeiras pinturas a óleo. A Virgem Maria está sentada sob uma almofada azul bordada em ouro, ela veste um manto púrpura com letras douradas, é uma mulher bem jovem e está retratada com o olhar baixo. O menino Jesus está em seu colo, despido. A expressão do menino Jesus tem a seriedade de um adulto, com a mão direita abençoa e a esquerda segura um globo de cristal com uma cruz de pedras preciosas.
O pequeno anjo eleva uma coroa de ouro acima da cabeça de Maria. Um homem está ajoelhado em um genuflexório e une as mãos em um gesto de oração, ele usa um corte eclesiástico, à moda do século XV, com as têmporas e nuca raspadas. Este homem se trata de Nicolas Rolin, que desempenhou papel importante na vida política e artística de sua época.
Em segundo plano, há dois vigias, ambos estão vestidos à moda da década de 1430.
Há uma galeria de estilo romano aberta para o exterior com três arcos, os capiteis lembram os romanos do século XII, e exibem várias cenas do antigo testamento. Ao redor da arcatura, um motivo de pâmpanos e dragões. Os mosaicos no chão exibem desenhos de estrelas de oito pontas, ornando o preto e o branco. À frente da Loggia um pequeno jardim, e em um nível inferior uma paisagem é dividida por um rio. Uma ponte separa os dois lados da cidade, à direita uma cidade densa, compostas de casas, diversas igrejas e praças. E à esquerda o subúrbio com uma abadia, casas com escoramento à meia madeira e estradas que levam ao campo.  
Na beira do rio há jardins e pastos. Na outra margem um planalto coberto de campos e vilarejos, uma casa em chamas e pessoas nas estradas. No meio do rio, uma ilha arborizada com um castelo e na direção do campo a muralha é ampla para permitir a expansão da cidade, um aspecto característico do urbanismo da época, pessoas entram nas igrejas e passam diante de armazéns. Ao longo do cais, barcas carregadas de mercadorias circulam, e moinhos atracados, cujas rodas propulsoras tiram proveito da potência do rio. A tinta à óleo confere uma saturação maior das cores, conserva seu brilho e é eficaz na representação de texturas. Permite fazer mínimos detalhes, como os personagens da ponte da pintura, que possuem menos de um milímetro de altura. Nota-se a superioridade do óleo na técnica de Van Eyck, camadas de pintura fluida e transparente,
 feitas umas sobre as outras.  Uma arquitetura romana serve de moldura para a cena, o anjo veste o traje azul dos querubins, suas asas reproduzem as cores do arco-íris, símbolo da aliança entre Deus e os homens. Pérolas reaparecem no manto e na cruz de ouro de Cristo, sinal de soberania sobre o mundo.
Cristo abençoa Rolin e o mundo que o rodeia, sua mão foi nivelada a altura da ponte para mostrar que a benção é universal. Entre Rolin e Maria há uma linha que divide o mundo em dois, o lado de Maria consagrado às igrejas, e de Rolin às construções civis. No século XV o quadro se tornou autônomo, uma janela aberta para o mundo. Van Eyck queria seduzir o olhar do expectador para uma ilusão de realidade, ele domina uma paisagem profunda.
A diminuição dos ladrilhos permite sugerir um afastamento. O lajeamento e a arquitetura são os suportes principais da perspectiva. A obra Arnolfini e Sua Mulher possui um sistema de três pontos de fuga. Já em a Virgem do Chanceler Rolin as linhas de lajotas convergem para um ponto central, a ilha no rio. E as linhas dos capitéis convergem em direção a pontos situados um pouco mais altos, os pontos de fuga são bem próximos, mas seus desvios se deve a formação das tábuas do painel. É possível que orginalmente os pontos tenham sido alinhados em uma mesma vertical. Em A Virgem do Chanceler Rolin, a perspectiva central de um ponto de fuga único consegue ser identificado. Já a profundidade ocorre devido ao enfraquecimento progressivo de cores e as colunas que acentuam o relevo da paisagem ao dividi-la.
A composição se baseia em fortes princípios de simetria e contraste, simetria entre a esquerda e direita, o contraste entre o espaço exterior público e o interior privativo, entre a luz interior e exterior, entre as cores complementares, o vermelho do manto da Virgem que se opõe ao azul do traje do anjo. No exterior, outro sistema de cores complementares, telhados com telhas vermelhas e folhagens verdes, a cor verde só aparece na natureza. A paisagem é de uma continuidade notável e no interior reina o descontinuo, a oposição das formas, texturas e das cores. As tensões mais fortes se desenvolvem no primeiro plano, onde se passa a essência da cena. A organização das cores, mantém a harmonia da pintura. Van Eyck é um dos primeiros a mostrar seu cliente tal como ele é, além de criar o retrato ao mesmo tempo que a paisagem. Seu modo de observar os mínimos detalhes testemunha uma nova visão do mundo, ao mesmo tempo realista e alegórico. Van Eyck passou da Idade Media ao Renascimento. Todas as questões que o pintor fez a si mesmo reapareceram na história da pintura: detalhe e conjunto, luz e sombra, ordem e desordem, forma e cor, interior e exterior, escrita e imagem, mito e história.

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