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Música brasileira

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Por:   •  14/10/2014  •  Seminário  •  1.074 Palavras (5 Páginas)  •  845 Visualizações

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Vanguarda

A música de experimentação brasileira tem um alemão como deflagrador: o flautista, maestro e compositor Hans Joachim Koellreuter. Foi ele quem trouxe para o Brasil, em 1937, o dodecafonismo, método de composição de vanguarda inaugurado por Arnold Schönberg, que vinha provocando debates acalorados na Europa. Diplomado pelo Conservatório de Música de Genebra, Koellreuter lecionou de 1938 a 1940 no Conservatório de Música do Rio de Janeiro e foi o responsável pela criação do movimento Música Viva, que combatia o folclorismo nacionalista da produção musical brasileira – o primeiro passo, acreditava, para que os músicos seguissem em busca de novas idéias. Logo, o alemão conquistou discípulos importantes, como um adolescente Tom Jobim (a quem deu aulas de piano, harmonia e contraponto), Moacyr Santos, o Severino Araújo (líder da Orquestra Tabajara) e o maestro Edino Krieger (que efetivamente levou adiante o dodecafonismo no contexto da música erudita contemporânea).

Em 1954, Koellreuter fundou em Salvador a Escola de Música da Bahia (onde mais tarde estudaria o tropicalista Tom Zé) e para ela chamou um violoncelista suíço que veio para o Brasil tentar a sorte e acabou tocando em rádios e cassinos: Walter Smetak. No porão da Escola, Smetak montou um laboratório de criação de instrumentos musicais não convencionais. Inventou e construiu mais de 150 deles, a partir de cabaças, ferro velho e tubos de plástico, e ainda montou com seus alunos o Conjunto dos Mendigos, para tocar seus instrumentos com as técnicas que havia desenvolvido. Compositor, teórico musical, pesquisador e místico, Smetak atraiu a atenção de jovens baianos que detonariam o movimento tropicalista (Gilberto Gil, Rogério Duarte) e influenciou outros experimentadores como o percussionista Djalma Corrêa e o pesquisador Marco Antônio Guimarães (fundador do grupo mineiro Uakti, que seguiu a linha de invenção de instrumentos de Smetak).

Na segunda metade da década de 60, o Tropicalismo abriu para a música popular brasileira os caminhos da experimentação, apropriando-se da revolução de João Gilberto na bossa nova (em termos de ritmo, harmonia e emissão de voz) e as empolgantes novidades do rock – era a época em que Jimi Hendrix reinventava a guitarra e criava a estética da microfonia e dos ruídos, e os Beatles assombravam o mundo com as maquinações de estúdio do disco Sgt. Pepper's. Brincando de Beatles em São Paulo, os Mutantes estrearam em disco com uma obra-prima da psicodelia nacional. Mas boa parte do assombro provocado por Mutantes não dependeu nem de Rita Lee, nem dos dois irmãos Dias Baptista, Sérgio e Arnaldo. O responsável foi o terceiro irmão, César Dias Baptista, que criou os pedais de efeito da guitarra de Sérgio, produzindo sons mais inusitados com que os dos contemporâneos psicodélicos ingleses e americanos.

Erudito e popular

Havia também Rogério Duprat, que escreveu os inusitados arranjos dos discos tropicalistas de Mutantes, Gil e Caetano. Violoncelista, integrante do grupo Música Nova (de Júlio Medaglia, Willie Correia e Damiano Cozzella) e discípulo de George Martin (o orquestrador dos Beatles), Duprat veio com a proposta de misturar música erudita contemporânea, sertanejo e rock num híbrido que desafiasse as fronteiras da música. "Todo som é musical", pregava ele, anunciando assim o lema dos inovadores da música brasileira nos anos 70.

Um dos grupos de que Duprat participou, o prematuramente abortado Brazilian Octopus, tinha em suas fileiras um alagoano albino que impressionava a todos por sua extrema e incontrolável musicalidade: Hermeto Pascoal. Nascido em Lagoa da Canoa, no município de Arapiraca, ele começou na música ainda criança, aprendendo sozinho a tocar flauta e acordeon. Em 1950, sua família se mudou para Recife, onde sua carreira como músico iria deslanchar. Ao mesmo tempo em que tentava aprender instrumentos convencionais, como o piano e o contrabaixo, Hermeto investigava as sonoridades que poderia obter de garrafas, enxadas, foices e até porcos. Ao mudar para o Rio em 1958, enfronhou-se

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