Observação - Programa Divino Maravilhoso
Por: JonySouza • 24/7/2017 • Trabalho acadêmico • 506 Palavras (3 Páginas) • 156 Visualizações
1. Observação Flutuante – Programa “Divino Maravilhoso”
No dia 28 de outubro de 1968, praticamente um ano após “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque”, estreava às 21h30, na TV Tupi o Programa “Divino Maravilhoso”, a vitrine da nova estética que os tropicalistas se propõem a apresentar ao público em suas músicas. A partir desse dia, todo o público telespectador terá a chance de conhecer esse novo modo de fazer cultural e, se gostarem, poderão assistir mais dele todas as segundas nesse mesmo horário.
O programa tem como produtores Fernando Faro e Antonio Abujamra, contando com o diretor da emissora, Cassiano Gabus Mendes comandando o corte de imagens. Na estreia, contamos com a presença de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben, Gal Costa, Os Mutantes e o grupo Os Bichos. Todo o formato da atração instigava o público a sair da zona de conforto e escolher entre duas reações acentuadas: amar ou odiar “Divino, Maravilhoso” e sua decoração pop e comportamentos inusitados.
No início do programa vemos um Caetano Veloso de blusa militar aberta e o peito nu, se sentando num banco como em posição de ioga e cantando sua música Saudosismo, sua nova música, inteiramente inspirada na bossa nova e em seus interpretes. Mas a música se revela apenas um número para expressar um Chega de Saudade, Caetano bagunçar seu cabelo e receber no palco Os Mutantes, que entram no palco de forma frenética mostrando um pouco do “som livre”, cheio de improvisos, guitarras, berros e movimentos pélvicos. Caetano diz que eles estão ali para mostrar o que andam fazendo e como o fazem. O programa se mostra uma grande extravagância onde as loucuras tropicalistas são mostradas a todo país, a contracultura expressa sendo expressa através de gestos, sons e etc.
Músicas como Misere Nobis, Baby, Proibido Proibir, Caminhante Noturno, Panis Et Circensis e outras, são apresentadas ao público no decorrer da estreia, acompanhadas de extravagancias, loucuras, como numa alucinação incrível. Um exemplo desses atos extravagantes é o momento em que Gilberto Gil canta A Falência Das Elites, quando entram no palco diversas latas velhas provocando um baticum gigantesco. Nos deparamos com um Caetano Veloso que se joga no chão e rola como se estivesse num estertor, bate as pernas em um momento tão frenético que fica até difícil para Cassiano captar a cena tranquilamente. No início, o público que lota o Teatro Sumaré até se ê um tanto inibido, mas com o tempo se solta e começa a aplaudir, fazendo assim de Caetano um homem satisfeito com a reação, mas afirma que gostaria mais de participação e vibração do público.
O programa termina com um improviso com todos os integrantes do elenco, Caetano grita a palavra de ordem “Acabar com o velho! ” E saúda Rogério Duprat, sentado na plateia.
“Divino, Maravilhoso” é um programa polemico, criativo, do tipo ame ou deixe-o, nos resta saber se será feito jus a contrato dos cantores com a emissora, que vai até dezembro de 1968 ou se o programa será um sucesso de público e critica a ponto de ser postergado.
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