STOPMOTION: A EXPERIÊNCIA DE ALUNOS COM A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA ATRAVÉS DO CELULAR.
Por: Daiana Holz • 7/10/2020 • Artigo • 6.631 Palavras (27 Páginas) • 258 Visualizações
STOP MOTION: A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA E O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO CELULAR
SOUZA, Daiana Maria Holz de[1]
SOUZA, Maurício de[2]
RESUMO: Este artigo apresenta uma descrição analítica com relato de experiência sobre a utilização do celular como ferramenta para a produção de gifs com finalidades pedagógicas, partindo da técnica cinematográfica em Stop Motion. Realizado de maneira interdisciplinar entre Arte e Ciências com alunos do Oitavo Ano do Colégio Estadual Mustafá Salomão, na cidade de Matinhos, Paraná, no ano de 2018. Neste exercício, relata-se a eficiência e a articulação entre o emprego do celular como ferramenta para a construção do conhecimento pautado na interdisciplinaridade. Comenta-se o processo que pedagogicamente se percorreu e os resultados obtidos que serão problematizados neste texto.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Arte, Educação.
STOP MOTION: A CINEMATOGRAPHIC LANGUAGE AND A THEACHING-LEARNING PROCESS THROUGH THE CELL PHONE
ABSTRACT: This article presents an analytical description with experience on the use of the cell phone as a tool for the production of gifs using the cinematic technique in Stop Motion. Conducted in an interdisciplinary way between Art and Sciences with students of the Eight Year of the Mustafa Solomon State School, in the city of Matinhos, Paraná, in the year 2018. In this exercise reports the efficiency and articulation between the use of the cell phone as a tool for the construction of knowledge based on interdisciplinarity. comment on the process that was pedagogically studied and the results obtained that will be problematized in this text.
Keywords: Interdisciplinarity. Art, Education.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta os resultados obtidos com o desenvolvimento de uma proposta metodológica sobre a animação em técnica de Stop Motion, com alunos do Oitavo Ano do Ensino Fundamental II, dentro da Escola Estadual Mustafá Salomão, localizada na cidade de Matinhos, litoral do Paraná. Ocorreu durante o ano letivo de 2018, entre os meses de maio e junho.
A proposta efetivou-se a partir de um leque de dúvidas e incertezas que surgem no fazer docente cotidiano, principalmente quando se fala no uso de Mídias na Educação dentro de um contexto tão materialmente empobrecido como é o da atual escola pública brasileira e mais especificamente do litoral do Paraná, onde estes pesquisadores atuam. Foi nesse espaço fecundo, entre a distância que separa a Lei de Diretrizes e Bases da práxis do ensino de arte e ciências, que os autores do artigo decidiram apresentar um projeto que integrasse em seus conteúdos, elementos das disciplinas de Ciência e Arte. O equipamento escolhido foi o celular, entendendo seu uso como diferencial para uma proposta pedagógica que ouse trabalhar as mídias disponíveis de forma dinâmica e interdisciplinar.
O projeto surgiu do seguinte questionamento: De que forma podemos desmistificar o uso negativo do celular em sala de aula e transformar este equipamento em uma ferramenta de mídia voltada para aspectos pedagógicos, produtivos e propositivos nos processos de ensino-aprendizagem? É possível transformar o “vilão” em “herói”? E de forma interdisciplinar?
O desenvolvimento da proposta teve como principais objetivos discutir e experenciar a relação entre educação, arte, ciência e mídia a partir da aplicação didático-metodológica das técnicas de animação em Stop Motion, usando como ferramenta para aplicação da técnica o celular, diante dos temas da disciplina de ciências e criando resultados em gifs para serem divulgados em redes sociais e blogs pelos próprios estudantes.
Nesta pesquisa, entende-se que o cinema auxilia o professor e atrai os alunos, mas não modifica o ciclo gnosiológico (FREIRE, 1996, p.28) se não ocorrer a problematização do conteúdo, possibilitando construir novos conhecimentos a partir do que os alunos já conheciam. Para que este movimento ocorra, é importante ressignificar os conteúdos relacionando estes com a realidade vivida pelos estudantes. Como aponta Moran (2003, p.12-13) deve-se utilizar o vídeo para aproximar a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e da comunicação da sociedade urbana, além de introduzir novas questões no processo educacional. O autor também propõe que o vídeo em sala de aula seja usado como: sensibilização, ilustração e simulação. Isso já encaminha o projeto para que se tenha o cinema como conteúdo estruturante e não apenas como uma ferramenta de ensino ou lazer.
Desta forma, procurou-se analisar os contextos midiáticos na formação dos alunos do Oitavo Ano do Ensino Fundamental II; entender a importância da linguagem cinematográfica dentro do cotidiano; discutir a relação entre o cinema, comunicação, mídia e tecnologias na escola e na vida dos alunos; refletir sobre as possibilidades da narração de histórias e criação de roteiros em sala de aula, utilizando os temas a serem trabalhados em ciências; o uso de materiais cotidianos como o celular para produções midiáticas e de experiência na produção artística através da técnica de Stop Motion; e potencializar a construção do conhecimento a partir das diversas disciplinas relacionadas acima de maneira interdisciplinar.
A partir do referencial teórico, buscou-se embasamento sobre o cinema e educação com Sébastien Denis em sua obra “Cinema de Animação” e na obra “Stop Motion”, livro de Barry Purves, onde se discute sobre as possibilidades do cinema de animação e da técnica do Stop Motion, assim como o que está proposto para o ensino nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Arte e Ciências. Em seguida apresenta-se a descrição da metodologia e dos resultados obtidos com a efetivação da proposta. Ao final estão relacionadas questões principais da pesquisa.
Este artigo se caracteriza como um relato de experiência, pois apresenta e analisa as práticas vividas a partir da aplicação do projeto. Diante dos conceitos apresentados por Sébastien Dennis e Barry Purves, buscou-se a aplicabilidade das técnicas de Stop Motion para aproximar a produção cinematográfica da construção do conhecimento em sala de aula.
2 O CINEMA E A ANIMAÇÃO
A experiência citada na introdução deste artigo, parte do principio de que o cinema é formado por um complexo sistema de linguagens que nos desafia permanentemente no processo de compreendê-lo. Entende-se que o cinema auxilia o professor e que atrai os alunos, mas não modifica a relação de ensino-aprendizagem, exceto se ocorrer uma problematização real do conteúdo durante o processo de produção ou apreciação cinematográfica, o que extrapola, necessariamente, o conteúdo de uma única disciplina na qual determinado professor possa fazer uso da ferramenta apenas como apoio didático.
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