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A Ciência Política

Por:   •  22/11/2017  •  Dissertação  •  1.656 Palavras (7 Páginas)  •  219 Visualizações

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Introdução à Ciência Política

Universidade de Brasília

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IPOL

Turma: O

Aluno: Ricardo Brandão Lavenère Suruagy Motta

Matrícula: 160143675

Atualmente as ciências sociais e políticas teorizam a respeito de diversos assuntos, porém, uma grande crítica à estas é justo o fato de muito se teorizar e pouco se praticar. Várias questões são abordadas, mas quando a questão fala de pobreza e desigualdade, a teoria por si só não é suficiente. Elisa P.Reis aborda essa defasagem de estudos na área prática dos problemas sociais do Brasil em seu texto: “Percepções da elite sobre pobreza e desigualdade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 15, nº 42, p 143-152, 2000”, Elisa faz uma análise da visão da elite brasileira sobre os problemas sociais. Entender a visão e a posição dos influentes em relação à pobreza é muito importante para compreender melhor essa realidade, o porquê de sua existência e possíveis transformações sociais. O papel da elite na implantação de políticas públicas é fato, a elite ocupa sim uma posição que possui poder de decisão em nosso país. Para auxiliar nosso estudo, faremos uma análise e comparação da obra de Elisa com a música de Gilberto Gil: “Nos Barracos da Cidade. Dia Dorim Noite Neon, 1985”.

Elisa introduz seu pensamento questionando a respeito da solidariedade social, nos fazendo refletir e perceber que em sociedades tão desiguais, como é o caso da brasileira, essa solidariedade muitas vezes está relacionada à classe econômica dos indivíduos. A mídia é dominada por uma elite econômica e social e age a favor desta. A miséria e as atrocidades entre as populações de baixa renda já foram naturalizadas, a nossa comoção é seletiva. Só há comoção em relação à criminalidade quando a vítima é de classe média; só há indignação com o governo quando a elite é afetada pela ineficiência ou corrupção; ou seja; problemas que afetam diariamente a população pobre só são percebidos quando afetam quem tem dinheiro. Isso nos leva a pensar o quão grave isso é e até que ponto somos humanos, até que ponto somos solidários. Somos solidários à dor do irmão e da irmã ou o dinheiro já monopolizou nossos sentimentos e somos capazes de nos comover apenas onde ele está presente? Gilberto em sua música critica justamente esses problemas que afetam o “povão”, pergunta pelos salários dos professores e trabalhadores, que quando são pagos, são muito mal remunerados (Nos Barracos da Cidade. Dia Dorim Noite Neon, 1985) – problema que a classe baixa enfrenta diariamente, mas é ignorados.

Elisa continua seu estudo falando do caráter reativo que as elites possuem, ou seja, como já citado anteriormente, a elite só se mobiliza quando o problema a afeta. Soluções coletivas só são tomadas pelos grupos que detêm o poder quando é de fato necessário, pois quando as soluções podem ocorrer apenas num âmbito individual, as soluções coletivas são preteridas. Gil fala justamente da capacidade e poder de mudança que os governantes possuem, no entanto se abstém de tomar essas decisões pois o problema não os atinge: “Nos barracos da cidade/ Ninguém mais tem ilusão/ No poder da autoridade/ De tomar a decisão/ E o poder da autoridade / Se pode não faz questão/ Só fode a população” (GIL, Gilberto. Nos Barracos da Cidade. Dia Dorim Noite Neon, 1985).

Na próxima parte de sua análise, Reis trabalha principalmente em cima da percepção das elites a respeito dos problemas da nação. Diferentemente do que muitos pensam, é consenso entre as elites políticas, burocráticas, econômicas e religiosas que o principal problema do país é a pobreza. A questão é a seguinte, se esse consenso existe entre os indivíduos mais poderosos do país, por que esse problema perdura? As elites quando questionadas a respeito, transferiam a responsabilidade para o Estado, culpando-o pela pobreza e desigualdade. Os próprios membros das elites políticas e burocráticas que representam o Estado, acusam a ineficiência deste. Esses grupos não se enxergam como parte de um todo, é como se eles não fizessem parte desse país desigual, pois só assim não possuiriam responsabilidades morais e sociais diante do que acontece no Brasil. Mais uma vez a questão é a que já foi mencionada anteriormente, soluções coletivas só são tomadas quando necessário, porque por mais que exista a percepção do problema, a solidariedade, como também já foi dito, é seletiva e só atinge os que têm dinheiro. Medidas e políticas públicas só entrarão em vigor e funcionarão quando o senso de comunidade e coletividade for recuperado e a elite voltar a se enxergar como parte desse todo, pois dessa maneira soluções serão coletivizadas. Para não assumir sua culpa nisso tudo (pois se esses grupos podem fazer algo para mudar e não o fazem a culpa também é deles) a responsabilidade é depositada por inteira no Estado, Estado este que é controlado por esses mesmos grupos que o acusam.

Outro fator que complemente o raciocínio apresentado acima que deve ser levado em conta, é a visão da elite a respeito das possíveis soluções à pobreza e desigualdade. A educação é a prioridade número um para as elites no combate às desigualdades. Isso se explica primeiro pelo fato de que assegurar educação pública é uma responsabilidade do Estado e ao defendê-la como principal solução, a classe média se exime da culpa dos problemas sociais. Além disso, existe a grande crença na educação como uma ferramenta de mobilidade social, ou seja, a educação de qualidade presente nos setores mais pobres da população proporcionaria a essas pessoas condições para competirem por posições mais altas na pirâmide social sem que uma distribuição de renda se fizesse necessária. "Em suma, as elites apostam na possibilidade de melhoria para os pobres sem custo direto para os não-pobres" (REIS, Elisa; Percepções da elite sobre pobreza e desigualdade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.15, n.º 42, p. 143-152, 2000). Ao compararmos com a música de Gilberto, percebemos a semelhança na crítica, já que a elite sempre arruma um jeito de não abrir mão de um pouco do muito que possui para ajudar o próximo. Distribuição de renda não é algo que soa bem aos ouvidos dos que se privilegiam pela sua ausência: “E o governador promete/ Só promete na eleição/ Mas o sistema diz não/ Os lucros são muito grandes e ninguém quer abrir mão/ E mesmo uma pequena parte já seria a solução/ Mas a usura dessa gente já virou um aleijão” (GIL, Gilberto. Nos Barracos da Cidade. Dia Dorim Noite Neon, 1985).

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