A PRODUÇÃO NACIONAL DE ÍNDIO MOKOI PETEI JEGUA
Por: Balakov Miranda indi • 13/9/2020 • Relatório de pesquisa • 836 Palavras (4 Páginas) • 205 Visualizações
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INSTITUTO DE HUMANIDADES E LETRAS/IHL
CURSO BACHARELADO EM HUMANIDADES
DOCENTE: MARIANA PETRONI
DISCENTE: BALAKOV MIRANDA INDI
DISCIPLINA: CRÍTICA E CONTRANARRATIVA ANTROPÓLOGICA
Referência:
http://portal.iphan.gov.br/rs/videos/detalhes/68/mokoi-tekoa-petei-jeguata-duas-aldeias-uma-caminhada
Resumindo a própria narrativa do documentário, nota-se que a produção nacional Mokoi Tekoá Petei Jeguatá – Duas aldeias, uma caminhada, vai retratar a realidade de duas comunidades da etnia Guarani-Mbya no Estado do Rio Grande do Sul, ambas comunidades, após o contato com o branco, se deparam com a realidade de estarem sem matas para caçar e sem terras para plantar, sendo assim, os Mbya-Guarani dependem da venda do seu artesanato para sobreviver. No enredo desse documentário três jovens guaranis acompanham o dia-a-dia dessas comunidades, desde o cotidiano da comunidade, a fabricação dos artesanatos, até a tentativa frustrada da venda dos artesanatos, venda esta que é realizada em um dos locais mais visados pela indústria turística no sul do Brasil, o museu de São José da Missões. E o documentário vai espelhando a união de duas comunidades com seus contextos históricos similares, desde o primeiro contato com os europeus até o intenso convívio com os brancos de hoje.
Em Mokoi Tekoá Petei Jeguat, impossibilitados de conseguirem a subsistência em um território diminuto, acompanhamos os Guarani vendendo artesanato na antiga redução. Nesse momento, é preciso voltar mais uma vez a situação colonial, com a câmera observando turistas e estudantes tentando capturar os remanescentes do índio indicial. “Posso fazer uma foto?”, pergunta a visitante que, de imediato, recebe a negativa, anulando suas expectativas. Além dos bichinhos de madeira, cestarias, arcos e flechas, naturalmente, ela também queria levar a imagem no seu olhar colonial do índio em exposição nas bordas do museu Missão Jesuítica.
Ao contrário daquilo que costuma ser reproduzido nos documentários sobre o índio, trazendo ele apenas como um personagem que participante primitivo, bárbaro e que precisa ser civilizado e as vezes usado como animal de estimação, neste documentário temo outra perspectiva na mídia indígena, que foi marcada pela autoprodução, autorrepresentação e autorrecepção, sem mediações, em uma leitura mais radical, que não seja a do próprio mundo indígena. A poética do Coletivo Guarani Mbya mostra-se vinculada a um organismo histórico-teórico-cinematográfico mais amplo, com as suas categorias já definidas. Para tanto, a técnica utilizada foi a de produção compartilhada do conhecimento: os indígenas trazem a ancestralidade, os ensinamentos da vida, da escuta, do sonho e os cineastas a técnica. A ideia de muitas das produções é de deixar o indígena com a câmera na mão, captando a partir de seu olhar em direção a um mundo em que o poder está em suas mãos, se autorepresentando. E diante do exposto assiste-se o índio filmando a si mesmo e seu grupo como um modo legítimo de apresentar uma autoimagem, sobre si mesmo e sobre o mundo, que evidencia um ponto de vista particular, aquele do objeto clássico da Antropologia que agora se vê na condição de sujeito produtor de um discurso sobre si próprio. Constrói-se, dessa maneira, uma busca pelo papel determinante dos índios Mbya-Guarani como construtores e defensores de suas narrativas.
Outro ponto interessante no filme, se trata da questão linguística reproduzida. Tal como um elemento base para a constituição do produto documental, a voz apresenta se como um elemento de construção de autorrepresentação na medida em que estaria em consonância, de um modo geral, com o falar guarani. Construir uma autorrepresentação aproxima-se, fundamentalmente, do falar de si para o outro, apresentando, para o espaço onde o filme se expressa, a cultura de massa, os sujeitos portadores de um discurso inerente a histórias dos Mbya-Guarani.
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