ATENDIMENTO INTEGRAL À MULHER CLIMATÉRICA
Por: Simovi • 11/8/2017 • Trabalho acadêmico • 3.324 Palavras (14 Páginas) • 391 Visualizações
APLICABILIDADE DO ATENDIMENTO INTEGRAL À MULHER CLIMATÉRICA EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE
Adnir [1]
[2]
RESUMO
Este artigo aborda o atendimento à mulher climatérica em unidades básicas de saúde, cujo objetivo consiste em analisar a relação entre práticas educativas no cuidado à mulher climatérica e a gestão da atenção básica, buscando garantir a integralidade da assistência proposta pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Como objetivos específicos, a pesquisa busca analisar ações já realizadas na atenção primária, bem como na área de educação em saúde; dirigidas à mulher climatérica. Nesse sentido, procurou-se caracterizar o climatério e os desdobramentos que envolvem essa temática, tais como fatores biológicos, psicossociais e culturais entre outros, cujo conhecimento poderá propiciar e embasar uma mudança de paradigma, para uma assistência mais humanizada. A pergunta que se pretende responder é: como desenvolver ações que impactam a saúde e qualidade de vida da mulher climatérica, em unidades básicas de saúde? O estudo foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica utilizando materiais de acesso ao público em geral, tais como livros e artigos de periódicos e de redes eletrônicas. A parte qualitativa da pesquisa apresenta a descrição de um projeto de intervenção educativa em grupo intitulado Clube da Mulher Cuidada, o qual está sendo desenvolvido em uma unidade básica de saúde filiada ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), no Distrito Federal.
Palavras-Chave – Climatério. Assistência Integral. Gestão da Atenção Básica
INTRODUÇÃO
A população idosa aumenta em âmbito mundial, no entanto, a realidade aponta que o suporte e atendimento às necessidades específicas dessa parcela da população não acompanha o crescimento na mesma velocidade. Diante desse fato, nos últimos anos, inúmeras discussões e a realização de diversos estudos vêm buscando a obtenção de dados que possam propiciar o desenvolvimento de políticas públicas de saúde e programas adequados à essa população; especialmente em relação à mulher na fase do climatério, em virtude de a mesma demandar cuidados específicos e direcionados às especificidades oriundas desse processo.
A compreensão do envelhecimento tem sido a de uma experiência ambígua e também estigmatizada, na medida em que sua identificação, traduz-se por um estereótipo negativo. Envelhecer em meio a um cenário marcado pelo culto à juventude e à beleza, transforma o envelhecimento, processo biológico inevitável, em um fenômeno cultural pejorativo, tornando-o nesse contexto, em fator de exclusão. No que se refere especificamente à mulher, essa concepção de velhice, também trás graves questões de auto-estima, em virtude do climatério, período de transição entre a fase reprodutiva e não-reprodutiva da vida feminina, que decorre do esgotamento da função ovariana.
Essa concepção do envelhecimento, De acordo com Silva (2006), no que se refere à mulher; gera um preconceito social acerca do climatério, associado ao término do período reprodutivo feminino e seu suposto final de vida útil na sociedade. Segundo o referido autor, essa visão tem raízes históricas, pois até meados do século XIX havia a crença de que a vida útil da mulher terminava com o fim de sua fecundidade. Segundo o referido autor, até a década de 1900, poucas mulheres ultrapassavam a casa dos cinqüenta anos, enquanto aquelas que conseguiam ultrapassar essa faixa eram relegadas a uma vida sem expectativas de realização pessoal e sexual.
Nesse sentido, Gusmão (2001) argumenta que a contemporaneidade produz um grande paradoxo; de um lado, a ciência se esforça no sentido de aumentar a expectativa de vida, por outro lado, no entanto, não sabe acolher nem definir o papel daqueles que envelhecem.
No entanto, atualmente se nota a existência de um movimento que nega a identidade decadente da velhice, buscando sua reconstrução autônoma, ativa e bem-sucedida; e que por meio de suporte médico, avanço tecnológico e mercadológico, homens e mulheres podem ganhar mais tempo de vida, aparência mais jovem, adquirir novos valores e revelarem comportamentos de gerações mais novas.
Considerando essa concepção que nega a decadência do envelhecimento, esse estudo se fundamenta e se justifica, sendo motivado pela experiência da pesquisadora em um trabalho desenvolvido para promoção da saúde de mulheres climatéricas em uma unidade básica de saúde. Esse trabalho intitulado Clube da Mulher cuidada, atende em sua maioria, mulheres de classes populares, onde foi possível perceber que as mulheres desconhecem as implicações e efeitos do climatério, o que faz com que tenham uma vida sem qualidade. Esse trabalho tem demonstrado ser possível oferecer atenção integral à mulher em unidades básicas de saúde. Com o relato dessa experiência espera-se incentivar um posicionamento da gestão da atenção básica, no sentido de contemplar as implicações sociais e de saúde concernentes ao climatério.
ASPECTOS CONCEITUAIS DO CLIMATÉRIO
De acordo com De Lorenzi e Saciloto (2006), o climatério se caracteriza pela fase da vida feminina, em que ocorre a transição do período reprodutivo ou fértil para o não reprodutivo. Tal situação se dá pela diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos ovários. A produção insuficiente desses hormônios por sua vez decorre do esgotamento dos folículos primordiais, constituintes do patrimônio genético da mulher.
Os níveis hormonais começam a diminuir por volta dos 40 anos, sendo um processo que ocorre com todas as mulheres. Não há um padrão nessas ocorrências, ou seja, algumas mulheres podem apresentar os sinais e sintomas mais cedo ou mais tarde, entretanto a interrupção fisiológica dos ciclos menstruais, denominada menopausa chegará para todas. Essa interrupção dos ciclos menstruais constitui a delimitação das fases do climatério, pré- menopausa e pós-menopausa, que em média ocorre depois dos 50 anos de idade. No entanto pode ocorrer dos 48 aos 55 anos. Sua ocorrência antes de 40 anos é chamada de menopausa prematura.
A diminuição ou a falta dos hormônios sexuais femininos podem afetar várias áreas do organismo, acarretando sinais e sintomas, gerando o que se denomina síndrome climatérica ou síndrome da menopausa. Além dos sintomas físicos, o climatério também afeta as mulheres emocionalmente.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO CLIMATÉRIO NA VIDA DA MULHER
Na concepção de Gonçalves et. al. (2003), a construção da auto-estima da mulher climatérica é afetada negativamente, em virtude de uma cultura que vincula a beleza à juventude e a não valorização da pessoa idosa, quase sempre vista como improdutiva. Embora sejam mudanças físicas que fazem parte do desenvolvimento feminino, elas carregam em si um peso emocional, gerando o medo da rejeição e o desalento pela falta de perspectivas nesse contexto cultural.
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