Análise do filme "O Senhor das Moscas" de acordo com Jean Jacques Rousseu

                 Jean Jacques Rousseau, filósofo do século XVIII, possuía uma ideia contrária do William Golding, autor da obra abordada (senhor das moscas), que defende um ponto de vista mais Hobbesiano. Rousseau acredita que o homem em seu estado de natureza é bom e puro e é a sociedade que o corrompe. Ele fala de um bom selvagem, um indivíduo que sem conhecer as relações de poder não se sente ameaçado pelo outro. Contudo, assim que tal homem entra em contato com uma civilização na qual indivíduos são dominados por outros, acontece uma quebra e ele fica cada vez mais distante de seu estado de natureza.

Na obra em questão é importante observar que as crianças já possuíam contato com a civilização, uma vez que cresceram e foram educadas nela. E quando chegaram na ilha decidiram replicar o sistema político dos adultos, já corrupto, enquanto crianças, no qual eram inseridos. Portanto as mesmas não eram indivíduos sem consciência das relações de poder e já haviam tido contato com uma sociedade com regras e moral estabelecidas. Por isso não devem ser tratadas como indivíduos em seu estado de natureza.

Ambos os grupos que se dividiram na história, o liderado pelo personagem Ralph, mais democrático e o liderado pelo personagem Jack, mais autoritário não seriam apenas uma expressão, respectivamente, de uma sociedade contratual e um grupo de selvagens. Ambos representam a formação de uma sociedade com diferentes diretrizes. Portanto não seria uma ampla expressão do homem mal por natureza de Hobbes, uma vez que cresceram em uma civilização corrompida e estavam apenas tentando atuar mediante o que conheciam ou achavam correto para garantir sua sobrevivência.

Portanto, de acordo com as ideias de Rousseau, após a votação que ocorre na história, quando Ralph é eleito e Jack não, surge uma instituição social e junto dela, o desejo de poder sobre outros. Com uma sociedade estabelecida e eventualmente um conflito de ideias, surgem revoltas e o grupo que antes era um se divide. E quando a liberdade natural do indivíduo é perdida, é necessário que os cidadãos ganhem a liberdade civil de uma maneira que exista a maior igualdade possível entre as partes. Porém, segundo ele de qualquer forma as sociedades estão fadadas ao fracasso pois em algum momento as vontades particulares superarão as vontades do coletivo e a sociedade irá se desmantelar e outras surgirão, assim como ocorreu com as crianças na história.