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As idéias de Jean-Jacques Rousseau sobre a legitimidade do estado

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Por:   •  22/10/2013  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.471 Palavras (10 Páginas)  •  894 Visualizações

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Reconhecia-se no homem, portanto, a capacidade de pensar e escolher, de opinar e resolver sem que leis rígidas perturbassem sua conduta. No plano econômico, essa ideia se traduzia na ânsia por liberdade de ação, empreendimento e contratação. Traduzia-se ainda na concepção de que as relações entre os homens resultariam na livre contraposição de vontades, na liberdade contratual. No plano político, expressava-se no objetivo de livre escolha dos governantes, segundo o ideal de um Estado representativo da vontade popular. Finalmente, no plano social, manifestava-se na noção de que as sociedades se baseavam em acordos mútuos entre os indivíduos que as compunham.

Um dos pensadores que mais desenvolveu essa ideia de um pacto social originário foi Jean-Jacques Rousseau. Em sua obra Contrato social, Rousseau afirmava que a base da sociedade estava no interesse comum pela vida social, no consentimento unânime dos homens em renunciar as suas vontades particulares em favor de toda a comunidade.

Para alicerçar suas ideias a respeito da legitimidade do Estado a serviço dos interesses comuns e dos direitos naturais do homem, Rousseau procurou traçar a trajetória da humanidade a partir do igualitarismo primitivo até a sociedade diferenciada. Para ele, a origem dessa diferenciação estava no aparecimento da propriedade privada. Justamente por essa crítica à propriedade, distingue-se dos demais filósofos da Ilustração.

Jean-Jacques Rousseau

(1712-1778)

Nascido em Genebra, filho de burgueses protestantes, Rousseau teve uma vida errante que o levou continuamente da Suíça à França, à Itália e à Inglaterra. Foi aprendiz de gravador, secretário de nobres ilustres e até seminarista. Dedicou-se também ao desenho, à pintura e à música. Na França, foi contemporâneo de filósofos da Ilustração, como Diderot. Suas principais obras foram Emílio, Contrato social, Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens e Discurso sobre as ciências e as artes. Foi alvo de críticas severas e perseguições, mas na época da Revolução Francesa suas ideias foram intensamente divulgadas.

John Locke, pensador inglês, também defendeu a ideia de que a sociedade resultava da livre associação entre indivíduos dotados de razão e vontade. Para Locke, essa contratação estabelecia, entre outras coisas, as formas de poder, as garantias de liberdade individual e o respeito à propriedade. Seus princípios deveriam ser redigidos sob a forma de uma constituição.

Entre os filósofos da Ilustração, ganhava adeptos a ideia de que toda matéria tinha uma origem natural, não-divina, e que todo processo vital não

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era senão o movimento dessa matéria, obedecendo a leis naturais. Esses princípios guiavam o conhecimento racional da sociedade, na busca das leis naturais da organização social.

Podemos afirmar que a filosofia social da Ilustração levaria à descoberta das bases materiais das relações sociais. Percebe-se claramente que os filósofos dessa época já desenvolviam a consciência da diferença entre indivíduo e coletividade. Já percebiam que esta possuía regras próprias que regulavam a vida coletiva, como as regras naturais regiam o surgimento, o desenvolvimento e as relações entre as espécies. Mas, presos ainda à ideia de indivíduos, esses filósofos entendiam a vida coletiva como a fusão de individualidades. O comportamento social decorreria da manifestação explícita das vontades individuais.

A filosofia social da Ilustração levou à descoberta das bases materiais das relações sociais.

John Locke

(1632-1704)

Era inglês de Wrington. Formado em Oxford, ingressou na carreira diplomática. Durante o período em que residiu na França, tomou contato com o método cartesiano. Sofreu perseguições políticas na Inglaterra que o obrigaram a se refugiar na Holanda. Em sua obra Dois tratados sobre o governo civil, defende o liberalismo político, os direitos naturais do homem e da propriedade privada. Suas ideias políticas tiveram grande repercussão assim como sua contribuição ao problema do conhecimento, expressa na obra Ensaio sobre o entendimento humano, na qual repudia a proposição cartesiana de que o homem possua ideias inatas e defende o conhecimento como resultado da experiência, da percepção e da sensibilidade. Publicou, ainda, Epístola sobre a tolerância, Alguns pensamentos sobre educação e Racionalidade do cristianismo.

Adam Smith: o nascimento da ciência econômica

Foi Adam Smith, considerado fundador da ciência econômica, quem demonstrou que a análise científica podia ir além do que era expressamente manifesto nas vontades individuais. Em sua análise sobre a riqueza das nações descobriu no trabalho, ou seja, na produtividade, a grande fonte de riqueza. Não era somente a agricultura, como queriam os fisiocratas, a principal fonte de bens; mas o trabalho capaz de transformar matéria bruta em produtos com valor de mercado. Veremos adiante como essa ideia será retomada e reelaborada no século XIX por Karl Marx.

Adam Smith revelara a importância do trabalho ao pensar a sociedade não como um conjunto abstrato de indivíduos dotados de vontade e liberdade, tal como fizeram Rousseau e Locke, mas ao aprender e perceber a natureza própria da vida social segundo a qual o comportamento social obedece a regras diferentes daquelas que regem a ação individual. A coletividade deixava de ser a soma dos indivíduos que a compõem. A Revolução Industrial estava em pleno andamento e seus frutos se anunciavam.

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Adam Smith

(1723-1790)

Nasceu na Escócia. Foi professor da Universidade de Glasgow. É considerado o fundador da ciência econômica. Sua principal obra foi Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações (A riqueza das nações). Desenvolveu ideias a respeito da divisão do trabalho, da função da moeda e da ação dos bancos na economia. Continuou seus estudos no livro Teoria dos sentimentos morais, no qual afirma que a vida social humana está fundada em sentimentos de benevolência e simpatia. Foi o grande defensor do liberalismo econômico.

Legitimidade e liberalismo

As teorias sociais da Ilustração no século XVIII foram ainda o início do pensar científico

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