Antropologia Urbana - Fichamento Sobre o Texto: O urbanismo como modo de vida
Por: daninigri • 23/11/2016 • Resenha • 1.784 Palavras (8 Páginas) • 1.060 Visualizações
Antropologia Urbana - Fichamento sobre o texto:
WIRTH, L. 1979. “O urbanismo como modo de vida”. In: O fenômeno urbano, O.Velho (org.). Rio de Janeiro: Zahar, p.90-113
A Cidade e a civilização contemporânea
O crescimento das grandes cidades é considerado um marco do mundo moderno. A humanidade se afastou muito de sua natureza orgânica, e passou a se organizar em grandes aglomerados de concentração territorial. Neste centros surgem as ideias e práticas do que chamamos de civilização.
O mundo contemporâneo é chamado de urbano não somente pela sua quantidade de habitantes, mas sim pelo poder de influência que lá a sociedade exerce sobre a vida social dos indivíduos. Existe um controle político, econômico e social sobre as pessoas.
A partir da Revolução Industrial, a concentração urbana nas cidades superou rapidamente a concentração de pessoas no mundo rural. Com isso, as mudanças que se sucederam do mundo rural para o urbano geraram modificações em praticamente todas as fases da vida social. Estas alterações no modo de vida que chamam atenção para o estudo do sociólogo.
A cidade é produto de um processo de crescimento, e não da criação instantânea. Por isso a vida social nas cidades carrega marcas da sociedades anteriores, e existem relações entre a personalidade de vida na cidade e no campo. Exemplo: A população dos centros urbanos é recrutada de vários lugares, cidades, regiões rurais.
A sociedade urbano-industrial e a rural de folk são vistas como tipos ideais de comunidade, e vão servir de referência para as formas de associação humana que aparecem na civilização contemporânea.
p.92 “Uma definição sociologicamente significativa do que seja cidade procura selecionar aqueles elementos do urbanismo que a marcam como um modo distinto de vida dos agrupamentos humanos.” O discurso sociológico sobre a definição de cidade, chama atenção para as inter-relações pessoais que nela existem.
Definir uma comunidade como “urbana” apenas levando em conta seu número de habitantes, não é um dado satisfatório. Os termos estatísticos podem falhar, determinando que uma cidade com muitos habitantes seja urbana, quando esta não apresenta característica para tal, e vice-versa. Além disso, esta definição muitas vezes é marcada por uma delimitação territorial, deixando de lado as periferias dos grandes centros metropolitanos. Os desenvolvimentos tecnológicos no transporte e na comunicação são marcos da vida urbana mais fortes do que a própria delimitação geográfica.
p.93 “ A predominância da cidade, especialmente da grande cidade, poderá ser encarada como uma conseqüência da concentração, em cidades, de instalações e atividades industriais e comerciais, financeiras e administrativas, de linhas de transporte e comunicação e de equipamento cultural e recreativo como a imprensa, estações de rádio, teatros, bibliotecas, museus, salas de concerto, óperas, hospitais, instituições educacionais superiores, centros de pesquisa e publicação, organizações profissionais e instituições religiosas e beneficentes.”
Os elementos citados acima, também passam a exercer certa influência da cidade sobre a população rural. Não fosse isso, as diferenças entre vida rural e urbana seriam ainda maiores do que são. A urbanização não se designa apenas pelo processo em que as pessoas são atraídas dos centros rurais para os urbanos, mas também se refere a forte acentuação das características que distinguem o modo de vida associado em cidade. A urbanização além de atrair pessoas para a cidade e incorporá-las em seu sistema de vida, acentua as características do modo de vida associado em cidades. Quanto maior o crescimento de urbano, maior a diferenciação do modo de vida que controla as instituições e personalidades.
O fator numérico que representa a quantidade de habitantes é relevante para a compreensão de uma cidade, no entanto não é fundamental, e deve estar relacionado com o contexto cultural e formas de controle que a cidade exerce sobre os indivíduos. Além disso, outras formas de medição com o intuito de designar o que é cidade são insuficientes. Por exemplo, se a comunidade apresentar instituições e formas de organização política. Para além disso, deve-se apurar se a mesma sociedade possui capacidade de moldar o caráter da vida social à sua forma específica urbana.
Com isso, surge a necessidade de se criar uma tipologia de cidade que consiga abranger as diferentes variações de conglomerados urbanos, e não leve em conta apenas os aspectos da vida social. Os fatores de tamanho, densidade e diferenças no tipo funcional das cidades, vão influenciar na vida social urbana.
Deve-se atentar para o fato de que urbanismo exerce influência de níveis variáveis conforme o espaço em questão. Espaços rurais podem manifestar aspectos da vida urbana em menor escala, o que não torna tais locais como essencialmente urbanos.
O urbanismo não deve ser entendido estritamente como fruto do industrialismo e do capitalismo moderno. Embora exista enorme influência nesta relação, já existiam cidades pré-industriais e pré-capitalistas.
p.96 “Para fins sociológicos, uma cidade pode ser definida como um núcleo relativamente grande, denso e permanente, de indivíduos socialmente heterogêneos. Com base nos postulados que essa definição tão pequena sugere, poderá ser formulada uma teoria sobre urbanismo à luz dos conhecimentos existentes, relativos a grupos sociais.”
A teoria sociológica sobre urbanismo até então não se apresentava consolidada, mas existiam contribuições para sua elaboração, vindas de autores como Max Weber e Robert Park.
As cidades apresentam um grau relevante de heterogeneidade entre seus indivíduos, que não está vinculada exclusivamente à sua densidade. Visto que uma cidade não se reproduz por si só, a mesma tende a recrutar imigrantes de diferentes regiões para agrupar ao corpo social. Quanto maior o número de indivíduos numa cidade, maior deve ser a diferenciação entre eles.
p.99 “Pode-se inferir, facilmente, que tais variações dão origem à separação espacial de indivíduos de acordo com a côr, herança étnica, status econômico e social, gostos e preferências. Os vínculos de parentesco, de urbanidade e os sentimentos característicos da
vida em conjunto
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