As Classes e estratificação social
Por: kucky75 • 29/12/2017 • Trabalho acadêmico • 8.057 Palavras (33 Páginas) • 247 Visualizações
Classes e Estratificação Social
Olin Wright
Teoria das explorações múltiplas
Publicou o livro “Classes”. Ele, sendo um marxista, praticamente não falava da ideia da exploração. A própria ideia de autonomia era exagerada, porque pode dar lugar a resultados contra intuitivos.
Dava muita importância ao controlo excessivo e pouca importância à exploração.
Havia o problema dos peritos, dos técnicos qualificados, que têm, de facto, uma autonomia, mas não têm a propriedade dos meios de produção. Não controla subordinados, pode trabalhar isoladamente. Se não é proprietário do meio do produção, se não controla subordinados, é quase a ideia de que é um trabalhador proletário.
A função dele era fazer uma teoria geral das classes que se aplicasse ao modo de produção capitalista.
John Roemer fez uma teoria de exploração. É uma teoria matemática. E Wright baseia-se nesta teoria.
A exploração existe quando uma classe se apropria dos frutos do trabalho de outra classe. Uma classe é explorada quando o fruto do seu trabalho é apropriado por outra. É uma teoria relacional. Se uma classe é explorada, então é concebível uma alternativa de estrutura de classes, de relações socioeconómicas, em que essa classe fosse beneficiada.
Tese fundamental: há vários tipos de explorações.
Na teoria marxista clássica, é o capitalista que explora. Olin Wright vem com a inovação dizer que não são só os proprietários de meios de produção que explorão. Pode haver quem não tenha propriedade dos meios de produção e não seja capitalista e que explore.
Certos não proprietários podem explorar outros não proprietários. Há os recursos organizacionais, isto é, são os recursos de poder dentro das organizações. Certas pessoas que não são proprietárias de meios de produção, mas que têm recursos organizacionais, podem explorar as outras. O contributo delas para o produto é inferior ao que recebem. Há quem faça o mesmo através de recursos credenciais, isto é, pessoas que, com base nas qualificações que têm, exploram os outros.
Se produz mais do que aquilo que recebe, é explorado.
Se produz menos do que aquilo que recebe, é explorador. Se recebe igual aquilo que produz, não são explorados nem exploradores.
A fratura básica do marxismo entre proprietários e não proprietários é posta de lado por Olin Wright. Pode haver exploração com base nesses recursos (de capital), mas também em recursos organizacionais e credenciais, ou acumulação dos dois.
Vimos, então, que não há só um tipo de exploração, mas vários tipos de exploração.
Continuamos com a exploração qualificacionais. Um trabalhador, sendo muito qualificado, contribui significativamente para a produtividade e excedentes da empresa. Tendo muita despesa, há excedentes e o dinheiro desses vai para os salários. O funcionário pode estar em quatro situações diferentes, segundo a teoria das explorações múltiplas:
1. Apropria-se de parte do excedente que produziu, mas não de todo, a outra parte vai para o empresário. Portanto, ele é explorado.
2. Apropria-se exatamente do excedente que produziu, nem mais nem menos. Não é explorado, nem explorador.
3. Apropria-se de todo o excedente que produziu e ainda de parte do excedente criado por outros trabalhadores. Ele é explorador.
4. Apropria-se de parte do que produziu, mas não de tudo (parte vai para o empresário), mas também se apropria de parte do que os outros trabalhadores produziram. Ou seja, é explorado e explorador.
Esta é a teoria fundamental de Olin Wright: a possibilidade de uma classe ser explorada e exploradora ao mesmo tempo.
Portanto, tipos de exploração:
capitalista (tradicional, baseada em recursos de meio de produção), organizacional (ou burocrática) e a credencial (ou qualificacional).
Temos aqui a ideia de contradição, isto é, a acumulação na mesma pessoa, organização, classe, da qualidade de explorador ou explorado. Isto vai dar origem à “matriz W”.
Esta matriz vai ser feita de acordo com a teoria das relações múltiplas.
1ª fase: serve para dividir proprietários de meios de produção de não proprietários.
[pic 1]
A pequena burguesia tem de trabalhar e, em princípio, não explora trabalho alheio. A burguesia tem assalariados e não tem/precisa de trabalhar. Os pequenos empresários têm pessoas a trabalhar, mas não têm dimensão para serem absentistas. Nos não proprietários, vamos classificar tendo em conta os tipos de exploração. Nesta divisão, acabamos a ter os doze lugares de classe: três mais nove.
Mantém-se a ideia de que estas localizações fazem parte das relações de produção. Tem a ver com as condições materiais de existência, condiciona as práticas sociais e tem efeitos ideológicos paras as classes.
Um dos comentários que é feito, habitualmente, é o de que apesar de o autor ser neomarxista, nota-se uma referência weberiana. Isso nota-se nas qualificações: Weber falava das competências dos que são colocados no mercado, ou seja, das suas qualificações.
Há aqui uma lógica gradativa: qualificados, semi qualificados, não qualificados.
Isto não esgota o fenómeno da hierarquização das sociedades. A estratificação das sociedades conta com outros fatores. Weber até falava de duas ordens: económica e social.
. Gestores não são necessariamente aqueles que são oficialmente designados de gestores da empresa. Gestores são todos aqueles que têm trabalho de gestão, de direção, de autoridade de tomada de decisões, são designados de gestores, mesmo não sendo classificados como tal.
- Depois os supervisores não têm capacidade de decisão, autoridade, estratégia, não têm envolvimento na tomada de decisão, MAS têm autoridade sob subordinados.
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