Cap. O método dialético - Livro: Aspectos críticos das ciências sociais: Entre a realidade e a metafísica.
Por: vndc • 18/10/2022 • Resenha • 1.237 Palavras (5 Páginas) • 112 Visualizações
GENTILE, Nélida; GAETA, Rodolfo; LUCERO, Suzana. Aspectos críticos das ciências sociais: Entre a realidade e a metafísica. In:______. O método dialético. 1ª. ed. São Leopoldo: Unisinos, 2008. p. 109-136.
Viviane Nunes de Carvalho
“O método dialético”, faz parte do livro Aspectos críticos das ciências sociais, escrito pelos autores Rodolfo Gaeta, Nélida Gentile e Suzana Lucero, ambos autores são Doutores em Filosofia, são autores e coautores de artigos e livros sobre Epistemologia, Filosofia da Ciência, Filosofia da Linguagem, entre outros.
O capítulo é dividido sistematicamente em quatro tópicos: A gênese do pensamento de Marx; O materialismo histórico e O alcance epistemológico da teoria de Marx, de modo que, facilita a construção do entendimento acerca da origem e fatores que contribuíram para a formulação da lógica dialética de Marx.
O primeiro tópico, A gênese do pensamento de Marx, conta desde os primeiros passos da formação e vida profissional até quando Marx e Engels propõe o socialismo como nova organização, fundamentado nas teorias de Hegel, além de mostrar a relação de proximidade e dependência entre Marx e Engels. Ambos se dedicaram ao estudo da economia política. Logo após, aponta-se a influência de David Ricardo no conceito de valor que serve de base para o conceito de mais-valia atribuído por Marx. A partir da leitura entende-se a influência de Hegel no pensamento de Marx: que a natureza está regida por leis incontornáveis e as manifestações históricas são predeterminadas.
Os seguidores materialistas de Hegel invertem a metafísica idealista e alegam que a matéria manifesta em forma de consciência através da mediação dos seres humanos, e na perspectiva de Marx, a força motriz das mudanças é a luta de classes e que a economia determina o curso da história. Considera também, que a história é governada pela dialética.
No segundo tópico, O materialismo histórico, apresenta a concepção materialista da história de Marx, na qual há a crença que a marcha da história depende de condições vinculadas com a forma de produção de bens e da propriedade dos meios que tornam possível, e que as mudanças da sociedade se articulam conforme são produzidos dois aspectos: a estrutura econômica e a superestrutura jurídica e política correspondente, as mudanças na estrutura econômica geram modificações na superestrutura.
Os autores reconhecem que Marx adotou o Determinismo econômico, não obstante, assinalam a presença a de ambiguidades e incoerência na obra de Marx e Engels, exemplificando a questão de que as modificações nas etapas da história não dependem das ações voluntárias dos homens, não faria sentido empreender ações revolucionárias. Para eliminar o voluntarismo utópico, Marx e Engels afirmam que a transformação social é resultado de leis inexoráveis, desqualificando ações conscientes empreendidas nesse processo, os autores do capítulo fazem uma crítica a perda de originalidade do modelo marxiano e da convicção intelectual.
No texto há a análise de que a dificuldade para articulação do determinismo com a ação política é resultado da tentativa de combinar elementos diferentes como a metafísica hegeliana, a economia clássica e a tarefa revolucionária dentro de um molde científico. Além desse problema, no texto tem a observação de que algumas teorias de Marx fazem apelo emocional, mas não tem argumentação que apoie as mesmas. Marx afirma que o surgimento do socialismo irrompe de uma força inexorável da natureza, mas afirma também na possibilidade da história tomar cursos alternativos, resultando em algumas incoerências na sua concepção da história. Os autores sugerem a alternativa de entender as ideias de Marx tomando alguns processos como inevitáveis e outros não e critica a vagueza do argumento que fatores econômicos são mais importantes no curso histórico, utilizado para esclarecer o problema do determinismo econômico.
No terceiro tópico, O materialismo dialético, mostra que o materialismo é concebido como uma inversão do idealismo hegeliano e com o objetivo de superar o materialismo mecanicista.ao contrário do materialismo mecanicista, o materialismo dialético tenta explicar temas como o surgimento dos seres, a consciência humana e os acontecimentos históricos. Marx e Engels afirma que se manter apenas nos limites da lógica formal impede o conhecimento da realidade de fato. Engels tenta validar sua concepção dialética justificando que as leis do pensamento se abstraem a partir da natureza e da história e afirma que as leis podem se resumir em três leis podendo ser os princípios da “ lógica dialética”, são elas: a lei da transformação de quantidade em qualidade, estabelece que toda mudança é o resultado da adição ou subtração de matéria ou energia; a lei de interpretação dos opostos, sugere que elementos contrários fazem parte de um processo em que atuam forças opostas; e a lei de negação da negação, infere que um estado que sucede o outro se chama negação, enquanto o que vem depois desse se chama negação da negação, sugerindo que todos são diferentes entre si.
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