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Colonialidade do Poder Aníbal Quijano

Por:   •  2/11/2018  •  Resenha  •  3.917 Palavras (16 Páginas)  •  442 Visualizações

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Colonialidade do Poder-Aníbal Quijano

Resenha: O processo da globalização tem início na América no capitalismo feudal/moderno eurocêntrico findado como o novo padrão de poder mundial. A américa é o primeiro espaço tempo de padrão mundial da e id-entidade da   modernidade e formada pela convergência dos processos codificação das diferenças entre colonizadores e colonizados e articulação de todas as formas históricas de controle do trabalho e de seus recursos em torno do capital e mercado mundial. A ideia de raça não havia sido vista antes na história da américa, ele foi originado como marcador de diferenças fenotípicas entre colonizador e colonizado, raça e identidade racial foram usados como instrumento de classificação social básica entre a população. Surge a partir de então novas identidades sociais como negros, índios mestiços.  Os negros foram a raça colonizada mais importante pois faziam parte da sociedade colonial diferente dos índios e também porque foram eles que impulsionaram a economia com o seu trabalho.Com a codificação das raças através do fenótipo e dado sua classificação os europeus chamaram a si mesmo de brancos. A raça foi utilizada como justificativa para a dominação colonial e hegemonia eurocêntrica.Com a nova id-entidade europeia e a expansão da colonização europeia constitui-se uma perspectiva eurocêntrica do conhecimento e com ela a elaboração teórica da ideia de raça como a naturalização da relação entre dominantes e dominados, no caso entre europeus e os não europeus. Isso serviu para legitimar a ideia já existente de superiores e inferiores. E se consagrou como a mais eficaz e durável ferramenta de dominação social e universal. A partir desse pensamento os povos dominados e colonizados foram postos numa situação natural de inferioridade, logo os seus traços fenotípicos, descobertas mentais e culturais também. No processo de constituição da américa todas as formas de controle e exploração do trabalho foram organizadas em torna relação capital –salário e do mercado mundial. Nesse processo inclui-se escravidão, servidão e a pequena produção mercantil a reciprocidade e o salário. Todas eram históricas e sociologicamente novas. Configuravam novo padrão global controle do trabalho e por sua vez um elemento fundamental de um novo padrão de poder, do qual são conjunta e individualmente dependentes histórico-estruturalmente. Eles se complementam a modo que que não apenas seu lugar e função como parte subordinada de uma totalidade, mas sem perder suas características das descontinuidades de suas relações com a ordem conjunta e consigo mesma, seu movimento histórico dependia desse momento em diante de seu pertencimento padrão global de poder. Na medida que aquela estrutura de controle do trabalho, de recursos e de produtos consistia na articulação conjunta de todas as respectivas formas historicamente conhecidas estabelecia-se, pela primeira vez na história conhecida, um padrão global de controle do trabalho, de seus recursos e de seus produtos. Desse modo, estabelecia-se uma nova, original e singular estrutura de relações de produção na experiência histórica do mundo: o capitalismo mundial. As novas identidades históricas produzidas sobre a ideia de raça foram associadas a papeis e lugares na nova estrutura global de trabalho. Sendo assim raça e divisão do trabalho foram estruturalmente associada e reforçando-se dando início a divisão racial do trabalho. Os índios foram confinados a servidão, os negros a escravidão e os europeus podiam receber salários, serem comerciantes independentes ou agricultores. Os nobres eram únicos que poderiam ocupar cargos altos como administração colonial.

A distribuição racista do trabalho no interior do capitalismo colonial-moderno manteve ao longo de todo o período colonial. A classificação social foi posta em escala mundial e novas identidades começaram a surgir como mestiços entre outros. Essa

distribuição racista de novas identidades sociais foi combinada, tal como havia sido tão exitosamente logrado na América, com uma distribuição racista do trabalho e das formas de exploração do capitalismo colonial. Isso se expressou, sobretudo, numa quase exclusiva associação da branquitude social com o salário e logicamente com os postos de mando da administração colonial. Assim, cada forma de controle do trabalho esteve articulada com uma raça particular. Consequentemente, o controle de uma forma específica de trabalho podia ser ao mesmo tempo um controle de um grupo específico de gente dominada. Uma nova tecnologia de dominação/exploração, neste caso raça/trabalho, articulou-se de maneira que aparecesse como naturalmente associada, o que, até o momento, tem sido excepcionalmente bem-sucedido.O acumulo de ouro ,metais preciosos pelo europeus na America por meio de trabalho gratuito dos negros e indígenas favorece a hegemonia branca frente ao mercado mundial pre existente cada vez mais mercantilizado. O tráfico comercial dos países europeus sobre os demais impulsionou o processo de urbanização nesses lugares  a expansão do tráfico comercial entre eles, e desse modo a formação de um mercado regional crescentemente integrado e monetarizado graças ao fluxo de metais preciosos procedentes da América.Uma região historicamente nova constituía-se como uma nova id-entidade geocultural: Europa, mais

especificamente Europa Ocidental. Essa nova id-entidade geocultural emergia como a sede central do controle do mercado mundial. No mesmo movimento histórico produzia-se também o deslocamento de hegemonia da costa do Mediterrâneo e da costa ibérica para as do Atlântico Norte-ocidental. Essa condição de sede central do novo mercado mundial não permite explicar por si mesma, ou por si só,por que a Europa se transformou também, até o século XIX e virtualmente até a crise mundial ocorrida em meados de 1870, na sede central do processo de mercantilização da força de trabalho, ou seja, do desenvolvimento da relação capital-salário como forma específica de controle do trabalho, de seus recursos e de seus produtos. Nas regiões não-européias, o trabalho assalariado concentrava-se quase exclusivamente entre os brancos. Não há nada na relação social mesma do capital, ou nos mecanismos do mercado mundial, em geral no capitalismo, que implique a necessidade histórica da concentração, não só, mas sobretudo na Europa, do trabalho assalariado e depois, precisamente sobre essa base, da concentração da produção industrial capitalista durante mais de dois séculos.

        A explicação deve ser,pois, buscada em outra parte da história. O fato é que já desde o começo da América, os futuros europeus associaram o trabalho não pago ou não-assalariado com as raças dominadas, porque eram raças inferiores. A classificação racial da população e a velha associação das novas identidades raciais dos colonizados com as formas de controle não pago, não assalariado, do trabalho, desenvolveu entre os europeus ou brancos a específica percepção de que o trabalho pago era privilégio dos brancos. A inferioridade racial dos colonizados implicava que não eram dignos do pagamento de salário. Estavam naturalmente obrigados a trabalhar em benefício de seus amos. Não é muito difícil encontrar, ainda hoje, essa mesma atitude entre os terratenentes brancos de qualquer lugar do mundo. E o menor salário das raças inferiores pelo mesmo trabalho dos brancos, nos atuais centros capitalistas, não poderia ser, tampouco, explicado sem recorrer-se à classificação social racista da população do mundo.am usados como mão de obra descartável, forçados a trabalhar até morrer. da população do mundo. Em outras palavras, separadamente da colonialidade do poder capitalista mundial. O controle do trabalho no novo padrão de poder mundial constituiu-se, assim, articulando todas as formas históricas de controle do trabalho em torno da relação capital-trabalho assalariado, e desse modo sob o domínio desta.. Essa colonialidade do controle do trabalho determinou a distribuição geográfica de cada uma das formas integradas no capitalismo mundial. Em outras palavras, determinou a geografia social do capitalismo: capital, na relação social de controle do trabalho assalariado, era o eixo em torno do qual se articulavam todas as demais formas de controle do trabalho, de seus recursos e de seus produtos. Isso o tornava dominante sobre todas elas e dava caráter capitalista ao conjunto de tal estrutura de controle do trabalho. Mas ao mesmo tempo, essa relação social específica foi geograficamente concentrada na Europa,sobretudo, e socialmente entre os europeus em todo o mundo do capitalismo. E nessa medida e dessa maneira, a Europa e o europeu se constituíram no centro do mundo capitalista. O capitalismo mundial foi, desde o início, colonial/moderno e eurocentrado. Sem relação clara com essas específicas características históricas do capitalismo, o próprio conceito de “moderno sistema-mundo” desenvolvido, principalmente, por Immanuel Wallerstein (1974-1989;Hopkins e Wallerstein, 1982) a partir de Prebisch e do conceito marxiano de capitalismo mundial, não poderia ser apropriada e plenamente entendido. Já na sua condição de centro no capitalismo global, a Europa e impôs sua dominação colonial sobre todas as regiões e populações do planeta incorporando se ao sistema mundo que se constituía e a seu padrão especifico de poder. Ocasionando nesses espaços um processo de re-identificaçao históricas pois a partir da Europa, surgiram novas identidade geoculturais foram estabelecidos, África, Ásia. Na produção dessas novas identidades, a colonialidade do novo padrão de poder foi, sem dúvida, uma das mais ativas determinações. Mas as formas e o nível de desenvolvimento político e cultural, mais especificamente intelectual, em cada caso, desempenharam também um papel de primeiro plano. Sem esses fatores, a categoria Oriente não teria sido elaborada como a única com a dignidade suficiente para ser o Outro, ainda que por definição inferior, de Ocidente, sem que alguma equivalente fosse criada para índios ou negros. Mas esta mesma omissão põe a nu que esses outros fatores atuaram também dentro do padrão racista de classificação social universal da população mundial. A Europa concentrou em sua hegemonia todas as formas de controle da subjetividade da cultura, do conhecimento e da produção do conhecimento. Colonizadores exercem várias medidas sobre as demais populações, primeiro, expropriação de desenvolvimento culturais dos colonizados conforme pudesse trazer benefícios ao capital  e ao centro europeu ,repressão  as formas de conhecimento dos colonizados isto é aos seus padrões de produção  de sentidos ,universos simbólicos ,padrões de expressão e  de objetivação da  subjetividade e os colonizadores foram forçados  aprender  a cultura  dos dominadores para a reprodução da dominação ,no  campo da atividade material ,tecnológico ou subjetiva e especialmente a religiosa. Colonização das perspectivas cognitivas, dos modos de produzir ou outorgar sentindo aos resultados da experiência material ou intersubjetiva ou imaginário   do universo das relações intersubjetivas  do mundo em suma da cultura. O Europeu já com o êxito em transformar o mundo no sistema mundo, segundo a avaliação de Wallerstein desenvolveu um traço comum a todos os a todos os dominadores coloniais e imperiais da historia o “Etnocentrismo” que era justificado na classificação racial da população. O Europeu o não se sente apenas superior aos demais povos e sim “naturalmente’’ superior. Eles também estabeleceram uma nova perspectiva temporal europeia da historia ,onde o ápice da evolução  era Europa  e onde  todos os demais  povos foram re-situados  temporalmente  no passado de uma trajetória histórica e essa linha temporal  era não continua ,pois povos colonizados  eram raças inferiores  aos europeus e portanto  anteriores. A modernidade e a racionalidade foram imaginadas como experiências e produtos exclusivamente europeus. Desse ponto de vista, as relações intersubjetivas e culturais entre a Europa, ou, melhor dizendo, a Europa Ocidental, e o restante do mundo, foram codificadas num jogo inteiro de novas categorias: Oriente-Ocidente, primitivo-civilizado, mágico/mítico científico, irracional-racional, tradicional-moderno. Em suma, Europa e não-Europa. Mesmo assim, a única categoria com a devida honra de ser reconhecida como o Outro da Europa ou “Ocidente”, foi “Oriente”. Não os “índios” da América, tampouco os “negros” da África. Estes eran simplesmente “primitivos”. Sob essa codificação das relações entre europeu/não-europeu, raça é, sem dúvida, a categoria básica . Essa perspectiva binária, dualista, de conhecimento, peculiar ao eurocentrismo, impôs-se como mundialmente hegemônica no mesmo fluxo da expansão do domínio colonial da Europa sobre o mundo. Não seria possível explicar de outro modo, satisfatoriamente em todo caso, a elaboração do eurocentrismo como perspectiva hegemônica de conhecimento, da versão eurocêntrica da modernidade e seus dois principais mitos fundacionais: um, a idéia-imagem da história da civilização humana como uma trajetória que parte de um estado de natureza e culmina na Europa. E dois, outorgar sentido às diferenças entre Europa e não-Europa como diferenças de natureza (racial) e não de história do poder. Ambos os mitos podem ser reconhecidos, inequivocamente, no fundamento do evolucionismo e do dualismo, dois dos elementos nucleares do eurocentrismo. O notável do comportamento europeu não é so como ele se ver (como ápice  da espécie  ,o moderno ,único protagonista dessa historia da modernidade) mas como ele conseguiu  difundir pelo mundo essa pespectiva histórica  como hegemônica. Se o conceito de modernidade refere-se única ou fundamentalmente às idéias de novidade, do avançado, do racional-científico, laico, secular, que são as idéias e experiências normalmente associadas a esse conceito, não cabe dúvida de que é necessário admitir que é um fenômeno possível em todas as culturas e em todas as épocas históricas. Com todas as suas respectivas particularidades e diferenças, todas as chamadas altas culturas (China, Índia, Egito, Grécia, Maia-Asteca, Tauantinsuio) anteriores ao atual sistemamundo, mostram inequivocamente os sinais dessa modernidade, incluído o racional científico, a secularização do pensamento, etc. Na verdade, a estas alturas da pesquisa histórica seria quase ridículo atribuir às altas culturas não-européias uma mentalidade mítico-mágica como traço definidor, por exemplo,em oposição à racionalidade e à ciência como características da Europa, pois além dos possíveis ou melhor conjecturados conteúdos simbólicos, as cidades, os templos e palácios, as pirâmides, ou as cidades monumentais, seja Machu Pichu ou Boro Budur, as irrigações, as grandes vias de transporte, as tecnologias metalíferas, agropecuárias, as matemáticas, os calendários, a escritura, a filosofia, as histórias, as armas e as guerras, mostram o desenvolvimento científico e tecnológico em cada uma de tais altas culturas, desde muito antes da formação da Europa como nova id-entidade. O mais que realmente se pode dizer é que, no atual período, foi-se mais longe no desenvolvimento científico-tecnológico e se realizaram maiores descobrimentos e realizações, com o papel hegemônico da Europa e, em geral, do Ocidente. Defensores da “patente europeia” de modernidade apelam para o mundo heleno romano e mediterrâneo como fundamento de sua história pre américa, porem tal defesa esconde que o conhecimento mediterrâneo realmente avançado era islâmico judaica e que foram os islâmicos quem preservaram  e trouxeram a cultura  helênico romana  para uma Europa  submersa  numa obscura realidade feudal.  O processo de mercantilização nasce no mesmo quadro de uma Europa islamizada e que a partir da derrota do islã e os deslocamento da hegemonia sobre o mercado mundial da península ibérica para o norte da Europa, graças América é que ocorre deslocamento   cultural .O atual padrão de poder  mundial é o primeiro  efetivamente global da história conhecida –um “sistema mundo”.è  primeiro em que cada  uma dos âmbitos da existência  social estão articulada as  formas conhecida  de controle e relações sociais  correspondentes,  em configurando em cada  área  uma única  estrutura  com relações  sistemáticas entre seus componentes e do  mesmo modo em seu  conjunto ,é o primeiro  em que cada uma dessas estruturas  de cada âmbito  de existência  social ,está  sob a hegemonia  de uma instituição  produzida  dentro do processo  de formação e de desenvolvimento  deste mesmo padrão de poder. No controle do trabalho , de seus recursos,   e de seus produtos esta a empresa capitalista ;No controle  do sexo  ,se seus recursos e  produtos ,a família burguesa ;No controle  da autoridade o Estado nação ;no controle da intersubjetividade ,o eurocentrismo.  Cada uma dessa instituições  existem em relações de interdependência com cada uma das outras .Por isso o padrão  de poder  está configurado  como um sistema finalmente  ,este padrão  de poder mundial  é o primeiro  que cobre com totalidade  a população do planeta. Do ponto de vista eurocêntrico, reciprocidade, escravidão, servidão e produção mercantil independente são todas percebidas como uma seqüência histórica prévia à mercantilização da força de trabalho. São précapital. E são consideradas não só como diferentes mas como radicalmente incompatíveis com o capital. O fato é, contudo, que na América elas não emergiram numa seqüência histórica unilinear; nenhuma delas foi uma mera extensão de antigas formas pré-capitalistas, nem foram tampouco incompatíveis com o capital. Na América a escravidão foi deliberadamente estabelecida e organizada como mercadoria para produzir mercadorias para o mercado mundial e, desse modo, para servir aos propósitos enecessidades do

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