Corpo e Simbolismo Social As Crianças selvagens ou as metamorfoses do Outro
Por: Maria Luiza Rangel • 29/10/2016 • Seminário • 1.460 Palavras (6 Páginas) • 880 Visualizações
Corpo e Simbolismo Social
As Crianças selvagens ou as metamorfoses do Outro:
Segundo o autor, o estudo das crianças selvagens nos oferece ensinametos preciosos para a compreensão das mudanças sociais e culturais que ajudam na construção do corpo. A análise da função fundamental do outro na aquisação ou na modificação da simbólica corporal mostra a amplitude da relação da condição humana com o mundo.
Ao nascer, o homem é o mais desprovido dos animais. Ao contrário dos irracionais, que recebem por hereditariedade os instintos necessários a sobrevivência, a criança, quando vem ao mundo parece um ser incompleto, aberto, disponível... E esse inacabamento não é só físico mas também psicológico, social e cultural. “O filhote de homem” precisa ser reconhecido pelos outros como um ser existente, para poder se estabelecer como sujeito, requer a atenção e a afeição das pessoas ao seu redor para poder desenvolver-se,para apropriar-se dos sinais e símbolos que lhe permitirão compreender o mundo e comunicar-se com os outros. Ao nascer, o horionte da criança é infinito, aberto ao que vier, enquanto que o futuro dos animais já está, essencialmente, inscrito no seu programa genético, sendo quase que imutáveis no seio de uma mesma espécie. Ao fixar criança em um sistema de sentido particular, qual seja, o do grupo social em que ela vive, a educação preenche pouco a pouco este universo de possibilidades em proveito de uma relação particular com o mundo, cujas informações a criança recolhe por intermédio de sua personalidade e suas próprias histórias. É função das pessoas ao redor da criança inseri-la no meio social.
Comparando com os animais, o homem não vive somente numa realidade mais vasta. Pode-se dizer que ele vive numa dimensão da realidade. A educação visa garantir condições próprias a criança para interiorização dessa ordem simbolica. Em função da cultura corporal do seu grupo, ela modela sua inguagem, seus gestos, a expressão dos sentimentos, etc. O simbolismo informa seu corpo e lhe possibilita compreender as modalidades corporais dos outros, assim como permite-lhe compartilhar as suas próprias. Em função disso, caso a criança seja abanonada nos primeiros anos de vida, ela só destina a morte certa. Ela não dispõe de instinto ou de nada que a ajude a sobreviver nesse mundo desconhecido.
No entanto, há registros de várias crianças que sobreviveram ao isolamento precoce e que, com o passar do tempo, reencontraram uma posição um tanto quanto feliz na sociedade graças aos seus educadores. Essas crianças, cuja condição humana lhes foi tirada procedem, historicaente, de duas origens diferentes: as que foram acolhidas por animai, e que modelam seu comportamento com base naquela espécie.
Se tem conhencimento de mais de 50 casos como esses. Por outro lado, há o caso das crianças que foram simplesmente excluidas do meio social humano, ficando a mercê da própria sorte
As Crianças Acolhidas por Animais:
São raros os testemunhos de casos desse tipo, mas existem. O pesquisador Lucien Malson recenseou por volta de 50 casos de atenticidade quase que indubitável. Os animais acolhedores são, geralmente, lobos, mas também macacos, ursos, cabras e leopardos. À partir da sua referência paterna animal, a experiência corporal dessas crianças inscreve-se totalmente diferente do que a sociedade nos ensina. Essas experiências mostram que até os nossos mais elementares sentidos e anossa forma de corpo provêm de um meio social e cultural particular e até que ponto somos modelados pelo meio no qual estamos inseridos.
A história de Amala e Kamala:
O pastor Singh e sua esposa em uma viagem a Midnapore na Índia no ano de 1920, ouviu dos indigenas nativos que existiam “homens fantásticos” na mata. Ele e os nativos foram até a mata, e avisaram três lobos adultos, dois filhotes e duas meninas, com comportamento extremamente similar ao dos lobos. Eles as capturaram e o pastor e sua mulher as criaram. Amala com oito anos e meio e Kamala com um ano e meio. Elas tinham todos os traços físicos e pscológicos dos lobos, a forma de andar sobre os cotovelos e joelhos para curtas distâncias, e com os pés e mãos para longas; forma de comer tendo preferência para carnes cruas, facilidade de enxergar a noite, os olhos estranhamente brilhantes, maxilares proeminentes e caninos longos e afiados. Essas foram algumas características noticiadas pelo pastor. Infelizmente, Amala faleceu com pouco tempo depois da captura, ela tinha mais dificuldade em aprender os hábitos dos humanos. Elas raramente expressavam sentimentos, o que mudou em Kamala depois de anos com a criação dos humanos. Kamala teve um densenvolvimento enorme, aprendeu um pouco a se comunicar, aprendeu a ficar ereta, criou custumes dentro da cultura em que naquele momento ela vivia, mas nunca esquecendo o que já havia vivido. Após 9 anos de sua captura, Kamala faleceu. Esse é o caso de menino-lobo mais documentado que se tem conhecimento.
Crianças Isoladas – O Exemplo de Victor de Aveyron
O caso do menino Victor de aveyron é um estudo sócio-comportamental. Nele o garoto, que ficou por cerca de 8 anos abandonado e excluído de meios sociais civilizados. Quando capturado, foi encaminhado a centros médicos de pesquisa ; em um primeiro momento foi considerado totalmente inábil para aprendizado pelo doutor Philippe. Victor ficou sobre os cuidados do doutor Jean Itard, o qual relatou vários progressos do processo de aculturação ao qual estava submetendo-o. As mudanças que Victor teve por causa do período de isolamento foram não apenas no âmbito psicológico, mas também fisiológico. Seu raciocínio apenas era estimulado nas situações que ele classificava como importante, revelando uma inteligência seletiva.Seu modo de andar se modificou, andando sobre pés e mãos de 4, e também adquiriu grande resistência ao frio, andando semi-nu em um jardim durante o inverno francês, e resistência ao calor, quando pegava alimentos da panela enquanto os alimentos estavam sendo cozinhados.Esse estudo mostra que o ser humano é maleável. O dr Itard conseguiu mudar vários dos hábitos de Vitor, como se adaptar a sentir as variações de temperatura como ums pessoa normal, melhorar sua cogniçao, forma de andar, pois considerava a forma de Victor agir errada.
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