FEMINISMO NEGRO BRASILEIRO IGUALDADE, DIFERENÇA E REPRESENTAÇÃO
Por: Le_ss • 8/11/2018 • Resenha • 2.178 Palavras (9 Páginas) • 307 Visualizações
Resumo do Artigo “FEMINISMO NEGRO BRASILEIRO: IGUALDADE, DIFERENÇA E REPRESENTAÇÃO”, de autoria de Núbia Regina Moreira.
Leandra da Silva Sousa
Pretende-se aqui, destacar os pontos mais relevantes do artigo titulado “FEMINISMO NEGRO BRASILEIRO: IGUALDADE, DIFERENÇA E REPRESENTAÇÃO, de autoria de Núbia Regina Moreira, apresentado no 31º Encontro da Anpocs, ST: 18: Estudos de Gênero: teoria e pesquisa, nos dias 22 a 26 de outubro de 2007, em Minha Gerais, a bem de uma adequada compreensão do pensamento da autora.
Introdução
“[...] o texto apresentará uma rápida caracterização das particularidades do feminismo negro no Rio de Janeiro e São Paulo, focalizando a discussão sobre identidade e representação nos movimentos de mulheres negras desse dois estados. [...] será pontuada uma discussão entre a igualdade e diferença, com suporte teórico analítico feminista, cuja preocupação está em ajustar e adequar a problematização da igualdade à desigualdade e não à diferença.” (p. 2-3).
O movimento de mulheres negras: formação, representação e identidade
“O movimento de mulheres negras no período compreendido entre 1985 e 1995 é fruto de experiências de lutas sociais conduzidas por organizações institucionalizadas e autônomas, que pode ter seu marco no final dos anos 70 quando conforme informação fornecida, um grupo de mulheres no Rio de Janeiro denominado de Nizinga começa a se organizar com o propósito de construir um feminismo que desse conta da história das mulheres negras.” (p. 3).
“O movimento de mulheres negras [...] é fruto da intersecção entre os movimentos negro e feminista e é também o espaço de tensão acerca das especificidades das mulheres negras provenientes da urgência das demandas étnico-racial e de gênero.” (p. 3).
“[...] para algumas mulheres negras que declararam que sua militância política se inicia no movimento negro, a preocupação está em discutir o papel da mulher negra, isto é, inserir nas pautas de discussões e reivindicações dos movimentos negros, as especificidades da condição das mulheres negras.” (p. 4).
“A relação das mulheres negras com o movimento feminista se estabelece a partir do III Encontro Feminista Latino-americano ocorrido em Bertioga em1985, de onde emerge a organização atual de mulheres negras com expressão coletiva como intuito de adquirir visibilidade política no campo feminista. A partir daí, surgem os primeiros Coletivos de Mulheres Negras.” (p. 4).
“[...] o sentimento de rejeição se pautava, segundo Lemos (1997), na banalização por parte do movimento feminista acerca das bandeiras levantadas pelas demandas cotidianas das mulheres negras. ‘Quando nós reivindicávamos creche, o movimento feminista falava: ‘isso não é feminismo; por que mulher tem que estar ligada à criança?’ Claro, as crianças delas têm babá’.” (p. 5).
“[...] contudo é o feminismo que vai dá sustentação político-prática às organizações das mulheres negras, “pois a mulher negra ao perceber a especificidade de sua questão, ela se volta para o movimento feminista como uma forma de armar de toda uma teoria que o feminismo vem construindo e da qual estávamos distanciadas” (BAIRROS, 1988).” (p. 5).
“A tensão entre o movimento de mulheres negras e o feminismo [...] é contemporânea à crítica ao modelo de identidade feminina universal abstrata que se instaura no interior do feminismo mediante as vozes de outras mulheres que não se sentiam representadas por essa identidade.” (p. 6).
“Aliado a essa rejeição ao modelo de mulher universal, assiste-se também, no seio dos movimentos sociais, a um questionamento acerca das diferenças e das identidades que são constituídas com base no ataque à “igualdade”. (p. 6).
“Seguindo esse raciocínio que articula identidade-diferença e representação, compreende-se a produção de outras diferenças frente às possibilidades de construção de uma diferença positiva, mas que emerge no mesmo instante da produção de novas diferenças coletivas.” (p. 7).
“[...] as mulheres negras buscavam no terreno político o espaço de representação que demarcava a sua especificidade de condição de negra em relação ao movimento negro e, principalmente, em oposição ao feminismo.” (p. 7).
“O I Encontro Nacional de Mulheres Negras (1988) foi realizado no interior do Estado do Rio de Janeiro na cidade de Valença, contando com a participação de 450 militantes de 17 Estados da federação.” (p. 8).
“Esse encontro aponta para a construção da visibilidade e da representação da organização das mulheres negras frente à sociedade, ao movimento negro e ao feminismo; sendo esses dois últimos considerados como os espaços de aprendizagem política da maioria das militantes. Contudo, do ponto de vista da organização das mulheres negras, o entendimento e a inter-relação de raça, classe e gênero têm sido objeto de um debate cheio de obstáculos.” (p. 8).
“As questões colocadas pelo feminismo e pela ação do movimento feminista eram de difícil compreensão para a maioria das mulheres negras, por se tratar de debates que atingem setores médios da população sem atingir o setor mais despossuído, onde se encontra a maioria das mulheres negras.” (p. 8).
“Verifica-se, no processo de organização do Movimento de Mulheres Negras e do Movimento Feminista uma cisão: de um lado, como já citamos, a incompreensão das mulheres negras do que seja feminismo e, por outro, uma incompreensão das mulheres brancas das questões específicas das mulheres negras.” (p. 9).
“O II Encontro Nacional de Mulheres Negras, com o tema “Organização, Estratégias e Perspectivas”, reuniu em Salvador 430 mulheres de 17 Estados do país e tinha como principal objetivo a definição de um Projeto Político Nacional que respondesse à situação da mulher negra, levando em consideração a diversidade social, cultural e política da sociedade brasileira.” (p. 9).
“É a partir desse Encontro, 1991, que a questão da unicidade de mulher negra é apresentada.” (p. 9).
“O movimento de mulheres negras demarcava sua identidade (abstraindo outros marcadores) por meio do contato e experiência de vida como racismo. Para efeitos de comprovação, a pele negra, isto é, a condição de negra inscrita no corpo era o elemento identificador dessa mesma condição, que, em contraste com as feministas brancas, determinava a diferença.” (p. 10).
“No ano de 1993, ocorre o I Seminário Nacional de Mulheres Negras como resultado de uma deliberação do II Encontro Nacional de Mulheres Negras, ocorrido em 1991, em Salvador [...].” (p. 10).
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