Fichamento Durkheim Cap 1 e Cap 2

Luís Filipe Martins Barros – RA: 21000315
16/06/16

Durkheim – As Regras do Método Sociológico – Capítulo 1: O que é um Fato Social? / Capítulo 2: Regras Relativas à Observação dos Fatos Sociais

Resumo:

        Durkheim inicia o primeiro capítulo de seu livro argumentando que o objeto de estudo da Sociologia deveria ser o fato social, uma classe de fatos que não era abordada por nenhuma outra disciplina até então. Fatos sociais são hábitos, costumes ou tradições que existem externamente ao indivíduo, exercendo uma força coercitiva para que as os membros da sociedade ou de um determinado grupo adotem um padrão de comportamento. Por vezes a natureza compulsiva dos fatos sociais não é percebida à princípio, mas basta tentar resistir a eles que a estrutura social encontra formas de “punir” o transgressor, seja com olhares de rejeição, seja com uma penalidade legal propriamente dita.

        O autor comenta ainda sobre um outro tipo de influência externa ao indivíduo que modifica nossas ações, as correntes sociais, que são formas de emoção coletiva que induzem àquele que estiver próximo a um determinado estado de espírito, como por exemplo no frenesi de louvor que muitas vezes se vê em diversos cultos religiosos.

        No seu segundo capítulo, Durkheim discorre sobre as condutas relacionadas à observação de fatos sociais, da qual a primeira delas é tomar os fatos sociais como coisas, no sentido de que como qualquer outro objeto de estudo de outras ciências, o fato social também pode ser analisado de forma objetiva, colocando de lado preferências ideológicas e tudo o mais que possa interferir em uma visão isenta do fato. Além disso, Durkheim critica seus predecessores ao dizer que estes focaram mais em conceitos do que em objetos propriamente ditos.

        Desta primeira regra o autor deriva alguns corolários que são imprescindíveis para uma correta observação dos fatos sociais. O primeiro deles é descartar qualquer prenoção anterior, pois qualquer crença política ou religiosa, prática moral ou sentimental, irá turvar a visão do sociólogo, que deve ser neutra e desapaixonada, para que não cometa erros ou parcialidades. O segundo corolário é tomar para objeto de estudos grupos de fenômenos claramente definidos pelos efeitos que causam no meio social, porque assim os fatos são classificados de uma forma independente ao indivíduo que os estudou, mas de acordo com a sua natureza intrínseca.

        O corolário final de Durkheim é que o observador deve afastar-se daqueles fatos que provoquem nele reações emocionais que possam interferir com o seu julgamento, ou ao menos procurem abordá-los de forma que não seja levado pelos seus sentimentos, e evitar a subjetivação em suas análises.

Opinião:

Durkheim escreve sua obra em um momento de consolidação dos alicerces teóricos da Sociologia, e como tal, teve importância na sua afirmação como uma disciplina séria. Faz sentido que o autor se preocupe tanto com formalizar os métodos científicos que tornariam possível a padronização dos estudos sociológicos, mas ele peca ao tentar abordar a Sociologia como as outras ciências naturais. A ciência deve ser capaz de estudar o universo em vivemos, formulando princípios gerais que o regem, fazendo experimentos que corroborem a teoria elaborada e então prever, com sucesso, o comportamento futuro dos elementos estudados do meio. A Sociologia não funciona da mesma maneira, já que sociedades e seres humanos não funcionam com base em leis invariáveis, mas são altamente inclinados à subjetividade e sentimentalismo, e tampouco pode a Sociologia prever o comportamento de sociedades como um todo, quanto menos de grupos menores e indivíduos. Pode-se dizer que Durkheim não se libertou completamente de suas prenoções ao tratar de como deveria ser a Sociologia, pois a enxergava mais como uma ciência natural, quando poderia ser mais adequado adotar um método próprio de análise.