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O artigo “Sentimentos de democracia” de Rubem Barboza Filho

Por:   •  25/6/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.114 Palavras (9 Páginas)  •  307 Visualizações

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O artigo “Sentimentos de democracia” de Rubem Barboza Filho, professor do departamento de Ciência Socias da Universidade Federal de Juiz de Fora, trata do tema democracia com o auxilio de dois importantes estudiosos, Charles Taylor e Jürgen Habermans, que elaboraram suas teorias diante da realidade histórica do mundo, tendo em vista as transformações trazidas pela modernidade.

Até o final do século XX (pós 2ª Guerra Mundial) houve muitas transformações no mundo e também um rompimento das expectativas sobre ele. O fenômeno do êxodo rural muda drasticamente a rotina de vida das pessoas, que antes era mais tradicional, subordinado à ordem da natureza vivendo a vida somente para si, sem nenhuma participação da vida pública e política. O próprio ambiente da cidade associado ao sistema capitalista de produção transforma o homem. Essa mudança no estilo de vida interpela as pessoas a participarem da vida pública, tendo em vista que com o advento da vida urbana o número de pessoas aumenta em enormes proporções.

Diante desse novo cenário, há uma necessidade de aumento da produção tanto no campo quanto na cidade, e tem como consequência futura a incorporação das mulheres no mercado de trabalho e rapidamente a busca de mais direitos por parte delas, fazendo com que haja uma equivalência de direitos e deveres entre homens e mulheres, incorporando à elas as mesmas coisas que os homens fazem.

O século XX é marcado também como século das guerras, século de violências impensáveis anteriormente. Todas as invenções humanas se tornam armas (avião, navios...) aumentando a capacidade de matar em larga escala (bomba atômica). Daí nasce regimes de opressão, dominação, e busca de poder. Esse século também é marcado pelos avanços tecnológicos, o homem sai da terra e explora o espaço; criação da internet, desenvolvimento do sistema de informação e de comunicação. Diante dessas drásticas mudanças de vida da humanidade, há uma crise nas instituições herdadas do século XIX. A democracia e os valores vão se perdendo, entrando em profunda crise. Surge uma luta pelos ideais de igualdade e de liberdade, movimentos contra a sociedade burguesa padronizada.

Paralelo a isso a ideia de nação se encontra em crise, todos são iguais independente de qualquer coisa no mundo inteiro. Os estados nacionais não conseguem resistir aos processos internacionais do mercado financeiro, havendo uma perda de controle do Estado. O idioma Inglês passa a ser a língua franca que supre todas as outras línguas. A identidade nacional fica apenas no plano cultural e diante da facilidade de circulação em todos os continentes o conceito de nação cada vez mais se perde. Daí surgem diversas dificuldades: dificuldade em organizar um país multicultural, com voto facultativo objetivando a cidadania para todos, o

multiculturalismo solapa o conceito de sociedade homogênea, e casa grupo tem o seu direito específico diante do multiculturalismo, dificuldade em manter um sistema político representativo onde todos se dizem diferentes entre si e dificuldade de construção de uma unidade política diante da fragmentação.

O sistema representativo tal como herdamos do século XVIII e XIX está em crise, não só no Brasil mas em todo o mundo. O voto obrigatório no Brasil consegue dar um pouco de unidade aos brasileiros. Nesse momento enterra a utopia socialista. E a sociedade volta a ser individualista, sem vida pública, prisioneira do seu mundo privado assim como era na vida rural. Habermans e Taylor enfrentam o desafio de como imaginar uma sociedade democrática diante de tanta fragmentação, nesse mundo contemporâneo e fraturado por tantas transformações, diante desse novo mundo em crise nas relações de produção e na política, sem utopia, com pouco sentido e muita liberdade, sem solidariedade, sem noção de grande indivíduo: sociedade. Ou seja, construir democracia sem apelar para homogeneidade cultural.

O filósofo Charles Margrave Taylor, nasceu em 5 de Novembro de 1931 na cidade de Montreal no Canadá. Formou-se em História na Universidade de McGill em Montreal e em Filosofia Política e econômica na Universidade de Oxford. Atualmente é professor de Filosofia e Ciência Política na Universidade de McGill. Taylor dentre suas obras escreveu "As fontes do self", onde fala sobre a interioridade que cada um deve ter, fala que tendemos a procurar orientações para o bem; e defende, reconstruindo as razões para uma identidade moderna, que a identidade dos cidadãos deve ser formadas dentro de um contexto de caráter moral.

Acerca da democracia, Taylor apresenta uma teoria comunitarista, reconhece que os indivíduos são integrados em contextos culturais e sociais, que são melhor entendidos através das configurações que nos ajudam a comparar o sentimentos que podemos ter, associar e avaliar dentro de uma cultura, chamados bens constitutivos, o que o leva a acreditar na tradição, nos valores tradicionais enraizados, entranhados. Democracia presente mais no coração do que na cabeça dos homens, só é possível voltar à democracia voltando à vida das pequenas cidades, pois atualmente há não só uma fragmentação cultural da sociedade, mas também estrutural.

Para ele a ética procedimental trata a justiça, benevolência e outros valores como obrigação nos afastando do real sentido da moral. O mercado e a democracia ameaçam o sistema democrático. Para Charles Taylor, o sistema democrático se baseia nos costumes e nas tradições. Democracia não pode expressar lado racional. Democracia é associada à tradição. Modernidade ou Sociedade Secular (Século XV em diante) é vista como um desvio,

pois Taylor afirma que o mundo moderno possui configurações problemáticas, distanciadas dos bens construtivos, individualizadas ligadas ao bem, passando dos limites necessários.

Além disso Taylor afirma que algumas correntes ajudam a esquecer parte das configurações morais, como o Naturalismo que sai da análise da ciência natural e passa a dedicar-se a análise do comportamento humano. Outra forma de desprendimento através de correntes é o Expressivismo, em que trata cada ser individualmente como único, afirmando que cada um deve ser tratado e avaliado de forma diferente, uma característica pouco percebida porque já faz parte do mundo moderno.

Antes da modernidade era possível fazer uma avaliação objetiva das ações humanas. Taylor também associa esse desvio com o emotivismo. Não é ética da punição, mas a ética da prevenção para a eudaimonia. O autor também cita que outra forma que ajudou na formação dessa “desmoralização" foi o avanço da ciência como a de Baudelaire, que passo a passo

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