Os trabalhadores pobres
Por: Letícia Leão • 12/9/2017 • Trabalho acadêmico • 981 Palavras (4 Páginas) • 942 Visualizações
Obra-Título: HOBSBAWM, E.J. A Era das revoluções. Cap. 11 – Os trabalhadores pobres, pp. 221-237; trad. Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos Penchel; 4ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
Sinopse: No capítulo “Os Trabalhadores Pobres” do livro A Era Das Revoluções de Eric Hobsbawm é abordado o tema da formação da classe trabalhadora, sua condição social, econômica e política no período da Revolução Industrial. Também é comentado os meios de sobrevivência e resistência contra a opressão dos detentores dos meios de produção. Esses meios de sobreviver às condições de miséria que rondavam a massa trabalhadora poderiam ser desmoralizantes, como: alcoolismo e prostituição. Também a organização de movimentos sindicais, o Cartismo e greves, como forma de combater a exploração e conseguir seus diretos. Assim surge a consciência de classe, sentimento de ser coletivo e solidariedade entre o trabalhadores pobres.
Anotações:
“Um dos principais benefícios que eram esperados da empresa privada e da livre iniciativa era a nova maquinaria. [...] De fato, às vezes, os fazendeiros deixavam suas maquinas ao alcance dos revoltosos para que fossem destruídas, e o governo foi obrigado a enviar um circular redigida com palavras ásperas, em 1830, para enfatizar que ‘as máquinas têm tanto direito a proteção da lei quanto quaisquer outros itens patrimoniais’”. (pág. 281)
“[…] como poderiam muitos deles deixar de cair no abismo dos recursos de sobrevivência, em que as famílias penhoravam a cada semana seus cobertores até o dia do pagamento, e em que o álcool era ‘a maneira mais rápida para se sair de Manchester’ […]. O alcoolismo em massa, companheiro quase invariável de uma industrialização e de uma urbanização bruscas e incontroláveis, disseminou ‘uma peste de embriaguez’ em toda Europa.” (pág. 282)
“E ainda assim, ao observarmos este período, sentimos uma grande e evidente discrepância entre a força dos trabalhadores pobres temidos pelos ricos […] e sua verdadeira força organizada […]. A expressão publica de seu protesto era, no sentido literal, um ‘movimento’ mais do que uma organização.” (pág. 299)
“[…] para o homem livre, entrar em uma fabrica na qualidade de uma simples ‘mão’ era entrar em algo um pouco melhor que a escravidão, e todos, exceto os mais famintos, tratavam de evita-lo, e quando não tinham mais remédio, tendiam a resistir contra a disciplina cruel de uma maneira muito mais consistente do que as mulheres e as crianças, a quem os proprietários de fabricas davam, por isso, preferência.” (pág. 290)
Temas para discussão:
É visível que quase todos os problemas e aflições da massa trabalhadora do século XX e XIX permanecem no século XXI. Talvez apareçam de outros modos, mas tem a mesma essência do auge a Revolução Industrial.
- O fato de os fazendeiros deixarem suas maquinas expostas para a destruição seria um medo dos exploradores em relação a força coletiva da massa trabalhadora que crescia e se organizava cada vez mais? E assim apelar uma para o governo punições exemplares para conter o avanço da classe que toma consciência de seus direitos?
- No Brasil, nos anos finais da ditadura militar, um grupo de militares querendo boicotar a abertura política começou a explodir bombas em diversos locais com intuito de culpar grupos organizados de civis. Esse evento tem a mesma finalidade do fato citado acima?
- A dependência química, em 1840 e atual, fizeram e fazem com que as pessoas busquem uma fuga da realidade. Teriam parte dos vícios químicos as mesmas causas do século XIX? Hoje com os trabalhadores tentando acompanhar o mercado que encarece a cada ano, ou os famosos Workaholics, e também as repentinas e contínuas crises econômicas.
- Seriam as Cracolândias um claro exemplo da deterioração de uma classe, muitas vezes qualificada, e que procurou um escape à exploração moderna? Pois nelas encontramos ex-advogados, modelos, empresários, e várias outras qualificações.
- Atualmente a disseminação de movimentos de protestos e reivindicações é muito grande devido a força e rapidez da internet. Porém muito do que é veiculado não sai do virtual e fica apenas como uma vontade não palpável de indivíduos que compartilham da mesmo questionamento. E mesmo quando as ideias saem da indignação e vão para as ruas, não há uma organização de seus objetivos. O que falta para fortalecer os interesses em comum das massas a ponto de se unirem não apenas no virtual? E ao saírem, saírem como um ser coletivo e organizado.
- [pic 1]
- Se os donos das fábricas dessem boas condições de trabalho aos seus funcionários, provavelmente sempre haveria mão de obra querendo trabalhar, pois haveria um modo digno de sobrevivência da classe trabalhadora. Porém, aumentar salários, diminuir jornada de trabalho, dar ferias remuneradas etc., com certeza diminuiria o lucro dos detentores de bens de produção. Agora, mantendo os salários num valor miserável e deixando a massa trabalhadora pobre e sem outra opção de obter venda além de ter que trabalhar nas fábricas gerava mais lucro ainda. Sempre haveria mão de obra, pois as pessoas não viam outra alternativa a trabalhar nas fábricas porque mesmos ganhando uma miséria tinham que se sustentar, então acabavam se sujeitando a essas terríveis condições de trabalho. Os donos lucravam mais por não ter que dividir seu lucro com salários dignos, por fazer as pessoas trabalharem no ritmo do mercado e não na capacidade humana.
- Na realidade atual, será que podemos dizer que há algumas barreiras nas condições dos trabalhadores por conta das grandes empresas visarem cada vez um lucro maior? Ou até mesmos se há uma crescente indiferença das grandes multinacionais para com seus empregados e suas condições de trabalho? E até que ponto se sujeita a massa trabalhadora de hoje para garantir sua sobrevivência?
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