Resenha de Poder Simbólico
Por: Elias F Marques Júnior • 30/4/2024 • Resenha • 663 Palavras (3 Páginas) • 100 Visualizações
BOURDIEU, P. Sobre o poder simbólico. In: O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. p. 7-16.
Elias Ferreira Marques Júnior[1]
A obra analisada foi construída pelo sociólogo francês Pierre Felix Bourdieu (1930-2002), o qual foi docente da École de Sociologie du Collège de France e que se afirmou como um autor muito procurado nas áreas de sociologia e antropologia. Ele abordou temas como as sociedades tribais, sistemas de ensino, processos de reprodução, critérios de classificação e lógicas de distinção. Seu pensamento foi influenciado por autores como Durkheim, Marx e Weber, produzindo uma síntese destas correntes, que possibilitou a concepção de conceitos como o poder simbólico, a violência simbólica, o capital, o campo e o habitus.
O capítulo analisado nesta resenha trata do poder simbólico propriamente dito, o qual inicia com a explanação sobre como uma ideia, para ter sua compreensão plena, deve ser aplicada em um campo, no qual as referências apreendidas por seus membros são comuns às utilizadas no seu desenvolvimento. Este campo, por sua vez é constituído por um conjunto de regras próprias que regulam de forma invisível as relações de poder, conferindo à camada dominante, por meio dos símbolos, uma capacidade de influenciar as camadas dominadas, exercendo uma violência simbólica, a qual, por vezes, não é percebida nem por quem a pratica nem por quem a sofre, impondo, desta maneira, a forma de conceber o mundo do grupo dominante.
Estes sistemas simbólicos, que englobam elementos como religião, língua, mitos, arte, ciência e, mais recentemente, atividades como o marketing e as mídias sociais, são estruturas estruturadas e estruturantes, pois estas foram desenvolvidas pelas sociedades de gerações anteriores e possuem o papel de formar as gerações que se sucedem. Contudo, é importante salientar a dinamicidade destas estruturas, que podem gradativamente se reestruturar para se adaptar as necessidades das classes geradoras dos conceitos empregados nos campos. Desta maneira, estes elementos são utilizados como um instrumento de dominação, no qual as camadas detentoras de capital simbólico, que designa um prestígio ou honra, seja ele sustentado pelo capital econômico, social, cultural ou por uma combinação destes, permite a inculcação de ideias nas camadas dominadas, de modo a manter o seu poder aparentemente legitimado. Desta forma, a manutenção do poder simbólico fica a cargos dos especialistas que propagam estas ideias, como os cientistas, os artistas, entre outros, os quais geralmente estão a serviço de membros das camadas dominantes, sem, contudo, deixar de buscar uma maior estima para o seu campo, o que elevaria seu poder simbólico.
A partir do processo descrito, percebe-se o surgimento das ideologias concebidas por cada classe, o que configura a visão de mundo que rege os interesses dos membros de um determinado campo. Esta pluralidade observada ocasiona a disputa pelo estabelecimento dos ideais a serem difundidos, mobilizando as lutas de classe, muito discutidas por Marx, todavia, não se prendendo apenas às relações econômicas, mas expandindo-se para as demais esferas significativas da vida social de um indivíduo ou grupo. Portanto, o habitus, ou seja, o modo típico de comportamento de um indivíduo, como ele age e pensa, está diretamente relacionado com os anseios das camadas dominantes, geradora da ideologia vigente, restringindo a possibilidade de produção simbólica.
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