Trabalho na Concepção de Locke - Marx
Por: GISELAP • 23/3/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 1.015 Palavras (5 Páginas) • 699 Visualizações
O Trabalho na Concepção de Locke/Marx e o Mundo Globalizado
Gisela Pelegrinelli[1]
Este estudo tem como objetivo analisar o “Trabalho” na concepção de Locke e Marx tendo como referência o mundo globalizado em que vivemos.
Diferentemente de John Locke, que via no trabalho elemento que justificava a propriedade privada de bens, Marx critica a existência da propriedade privada de meios de produção e afirma que o trabalho tem sido para a maioria, fonte de exploração.
Inicialmente, faz-se necessário falar da origem da palavra Trabalho. De acordo com a etimologia, advém do latim tripalium, instrumento de tortura formado por três paus (tri + palus), martírio que acontecia com os escravos para que eles aumentassem a produtividade. Assim, verifica-se que significa algo bem desagradável, basicamente quer dizer castigo.
O tema aqui exposto, Trabalho, é um dos assuntos mais explorados da Sociologia. Nele, estão agregados diversos aspectos da existência humana, como a História, as condições materiais da vida, as ideologias e até mesmo a religião.
Estudiosos apontam que do ponto de vista material, estuda-se o modo como a atividade assalariada está ligada à sobrevivência do trabalhador e, do ponto de vista ideológico, investiga-se como o trabalho deixou de ser uma atividade inferior, a partir da reforma ideológica protestante.
Karl Marx foi um dos principais teóricos do trabalho. No Manifesto do partido Comunista de 1848, Marx e Engels (2005) analisam dois grandes sujeitos históricos – burguesia e proletariado – a partir do movimento geral do capitalismo, no entanto, sem se deterem especificamente em nenhuma formação social particular.
O Manifesto Comunista de 1848 faz uma dura crítica ao modo de produção capitalista e à forma como a sociedade se estruturou através dele. Busca organizar o proletariado como classe social capaz de reverter sua precária situação e descreve os vários tipos de pensamento comunista, assim como define o objetivo e os princípios do socialismo científico.
Todavia, na linha de pensamento econômico de Marx (1974), o trabalho tem de ser tratado com referência a alguma coisa, desvinculando-se da sua utilidade prática imediata. Sua relevância, nesse caso, refere-se à maneira como pode se encaixar em um sistema mais amplo, que é o processo de produção material da existência no capitalismo.
Para Marx (1974), o trabalho é o prolongamento da atividade natural do homem, mais tarde conclui que a força de trabalho é uma mercadoria e que, para viver, o proletário vende ao capital. O mesmo autor, afirma que o trabalho denuncia uma exploração econômica e uma situação em que o homem não se vê no seu trabalho mecanizado e repetitivo, ou seja, não obtém a realização profissional que deveria ter, referindo-se a uma essência do homem que seria suposto o trabalho completar.
No capítulo de O Capital sobre a reprodução simples, Marx (1998, p.51) demonstra que o salário pago ao trabalhador é, na verdade, parte do próprio produto. O trabalho representa um incremento periódico do capital, através da mais-valia, tornando-se um meio para o processo de valorização.
Como explica Marx (1998), o fundo de reserva de capital deveria exaurir-se, em função da necessidade do capitalista de consumir mercadorias. Se tal reserva não se esgota, é porque o trabalho acrescenta um fruto anual ao capital, o qual pode então ser consumido, sem que o capitalista se torne pobre.
Complementando o contexto supracitado, Trabalho e Propriedade, é o trabalho que atribui a maior parte do valor à terra, sem o qual não haveria valor nenhum; é a ele que devemos a maior parte de todos os produtos úteis da terra; por tudo isso a palha, farelo e pão desse acre de trigo valem mais do que o produto de um acre de uma terra igualmente boa, mas abandonada, sendo o valor daquele o efeito do trabalho (...) (John Locke, apud Weffort, 1989 pág 91).
Algo que muitos argumentam contra o pensamento Marxista é o fato de que foi embasado na problemática do proletariado de sua época, que incluía a longa jornada de trabalho, condições precárias nas fábricas, salários baixos e exploração dos trabalhos.
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