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A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO

Por:   •  24/5/2017  •  Resenha  •  694 Palavras (3 Páginas)  •  231 Visualizações

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A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO

Resenha Crítica

Gustavo Hirata 10285140

O filme A Classe Operária Vai ao Paraíso, dirigido por Élio Petri (Militante por muitos anos do PCI),  retrata o cotidiano das fábricas dos anos 70, onde a relação da mão de obra operária era completamente desigual e desvalorizada em comparação ao trabalho. Lulu Massa (Interpretado por Gian Maria Volonté, militante do PCI), o personagem principal, é um operário metalúrgico padrão que se dedica inteiramente ao trabalho. Por cumprir metas e cotas da empresa, é tido como parâmetro para os demais operários da fábrica BAN, que produz peças para motores. Porém, o posicionamento de Lulu submisso ao patronato, faz com que ele tenha uma imagem de “carrasco” para os demais companheiros de trabalho .

A jornada de trabalho é iniciada ao som de um alto-falante, que os incentiva a terem o melhor desempenho e pede para que os operários cuidem da manutenção da máquina, pedindo também para que trate a mesma com amor e carinho. Num âmbito mais profundo, a fábrica pede uma relação fetichista entre homem e máquina. O que não seguido, ao menos pelos mais politizados, que em atitude de protesto cospem nas máquinas.

Além dos conflitos que Lulu sofre dentro da fábrica, o protagonista também sofre conflitos familiares. Sua mulher reclama da falta de libido de Lulu. Para ele, o local de trabalho é visto como uma competição onde ele necessariamente precisa ser o campeão, logo, ele deposita toda a sua energia. Dessa forma, o trabalho se torna quase que uma atividade sexual, isso reflete em seus problemas familiares.

Cada vez mais a fábrica interfere na vida do personagem. Lulu dorme mexendo os dedos como se ainda estivesse trabalhando, ele sonha com a fábrica. Seu despertador é similar à sirene da fábrica. Por ter desenvolvido Úlcera, não come nada durante o almoço e fuma compulsivamente. Lulu envelhece precocemente.

O comportamento obsessivo que Lulu demonstra em colocar ordem em tudo, é o que chama a atenção no filme. Por exemplo, a cena em que ele insiste em alinhar perfeitamente os talheres em cima da mesa, ou o vidro de pimenta que precisa necessariamente estar em pé. Esses são os primeiros sintomas de loucura que seu amigo Militina, a quem o personagem visita no hospício, apresentara semelhantemente.

O velho operário descreve a loucura: “o cérebro, aos poucos some, faz greve”. Militina questiona a fábrica, o capitalismo e a sociedade moderna. Para ele, isso tudo é similar ao hospício em que se encontra.

O filme sofre uma reviravolta, quando Lulu é vítima de um acidente de trabalho e perde um de seus dedos. Esse fato talvez seja o responsável por afastá-lo da loucura. À partir disso, ele começa a questionar toda a sua dedicação com a empresa. Ele passa a poiar as greves sindicais e confrontar o patrão. Em um desses movimentos que ele se envolve, Lulu sofre demissão.

Lulu, agora fora da fábrica, percebe como era manipulado e como o emprego tirava o controle da própria vida. A ideia de que o dinheiro está diretamente relacionado ao controle da própria vida e consumismo como fonte de felicidade está muito presente no filme.

No final, o protagonista é readmitido na fábrica. Agora, Lulu possui uma outra visão sobre o trabalho. Ele não é mais uma máquina, o personagem torna-se humano. Lulu agora conversa, ri, dorme e sonha como um ser humano. Os sindicatos conseguem realizar acordos e revisões nas metas da empresa.

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