A Contribuição Da Ciência Da Informação No Processo De Construção Do Conhecimento Na Atualidade
Por: Giordana Pozza • 19/10/2023 • Trabalho acadêmico • 2.972 Palavras (12 Páginas) • 45 Visualizações
A CONTRIBUIÇÃO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ATUALIDADE
Fabiane dos Santos Matos
Giordana Pozza Costa
Kamyla Stefania Moura Xavier
Thiago Henrique Kaefer
INTRODUÇÃO
O presente trabalho analisa o processo de construção do conhecimento na sociedade atual diante da emergência massiva das tecnologias de informação e comunicação - TICs e o papel que a área da Ciência da Informação desempenha dentro deste processo. Nesse novo modelo de sociedade, a informação é utilizada intensamente como elemento da vida econômica, social, cultural e política, de modo que a produtividade e a concorrência são geradas em uma rede global de interação, baseadas em comunicação e informação e cujas regras e modos de operação estão sendo construídos em todo o mundo.
Neste contexto, por meio de uma revisão bibliográfica de materiais como livros, artigos e documentos oficiais, em uma abordagem qualitativa, buscou-se descrever a importância e as diversas contribuições da CI para a sistematização do conhecimento humano através da apresentação e análise de conceitos como “conhecimento”, “informação”, “competência informacional” e “sociedade da informação”.
O texto discute as características inerentes a esse novo modelo de sociedade no que tange o desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação e suas consequências para a construção do conhecimento. Além disso, propõe uma reflexão sobre os desafios e dificuldades a serem ainda superados pela área de CI no que se refere às potencialidades de produção, disseminação, acesso e uso da informação.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O processo de evolução dos meios de comunicação que se intensificou no século passado, principalmente após a Revolução Industrial e a Segunda Guerra Mundial, bem como o grande desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido nesse período, levaram à valorização de um novo capital – o conhecimento, fazendo com que surgisse um novo modelo de sociedade. Várias foram as terminologias usadas para definir essa nova sociedade, como Sociedade Pós-Industrial, Sociedade do Conhecimento, Sociedade Digital, Sociedade da Aprendizagem, Sociedade em Rede e, mais recentemente, Sociedade da Informação.
Neste artigo, foi adotado o termo Sociedade da Informação, uma vez que esta está ligada à expansão e reestruturação do capitalismo a partir do final da década de 70; advém de um processo de privatização e ruptura entre capital e trabalho; evolui com as transformações técnicas e organizacionais, passando dos insumos baratos de energia (sociedade industrial) para os insumos baratos de informação (sociedade informacional), tudo através do desenvolvimento e da aplicação de novas tecnologias (CASTELLS, 2002). Convencionou-se, então, relacionar a sociedade em questão ao resultado de uma “revolução da informação” e, com o surgimento de novas tecnologias de informação e comunicação, com a internet como principal rede de acesso, propiciando condições dinâmicas, eficazes e desprovidas de espaço físico à constituição de novos conhecimentos, estabeleceu-se um novo contexto organizacional, no qual a informação torna-se o principal insumo das relações entre os sujeitos e a construção desse conhecimento. Gouveia e Gaio (2004, p.45) definem a Sociedade da Informação como
a sociedade que recorre predominantemente às tecnologias da informação e comunicação para troca de informações em formato digital, suportando a interação entre indivíduos e entre estes e instituições, recorrendo a práticas e métodos em construção permanente. (apud PEREIRA, 2009)
É, portanto, um modelo de sociedade na qual a informação é o elemento fundamental da vida econômica, social, cultural e política e que se volta para um tipo específico de conhecimento, o conhecimento científico.
O conceito de conhecimento, por sua vez, não é um conceito simples ou fácil, trata-se de um processo complexo e dinâmico. Para falar em construção de conhecimento na era da Sociedade da Informação é preciso, primeiramente, entender os conceitos e a relação entre dados, informação e conhecimento. De forma sucinta, pode-se dizer que dado é a unidade básica de um conhecimento, ou seja, é um emaranhado de fatos distintos, decifráveis ou não, relativos a algum evento que, sozinhos, podem não representar nenhuma informação lógica para o indivíduo, mas a medida que passam a ter um significado próprio para aquele que os observa, estabelecendo um processo comunicativo, geram uma informação. Logo, informação seria aquilo que provém da decodificação desses dados, não podendo existir sem um processo de comunicação. Espera-se que as informações adquiridas sejam capazes de exercer um impacto no julgamento ou comportamento de um indivíduo, levando-o a construção de algum novo conhecimento, através da sua interação com outras pessoas e com o meio físico e natural. Essa relação entre dados, informação e conhecimento pode ser resumida conforme a figura abaixo
FIGURA 1 – PIRÂMIDE DO CONHECIMENTO
[pic 1]
FONTE: Madureira (2017)
Como é possível observar na figura 1 acima, um conjunto de dados dentro de um contexto compõe uma informação, e uma ou mais informações imbuídas de significado formam um novo conhecimento.
Em busca de esclarecimentos quanto às possibilidades e limitações da construção de novos conhecimentos, Morin (1999) conclui que o conhecimento é, ao mesmo tempo, atividade (cognição) e produto dessa atividade, estabelecendo-se, assim, o vínculo entre a construção do conhecimento e as várias possibilidades oferecidas pela Sociedade da Informação como ambiente de produção, disseminação, organização e acesso à informação. Não há dúvidas de que a relação com a construção do conhecimento mudou definitivamente nessa nova sociedade, na qual a condição de acesso remoto e em tempo real define todo o seu processo. Castells (2002, p.69) considera ainda que
o que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/ comunicação da informação em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso.
Em outras palavras, informação e conhecimento são as principais fontes de produtividade e competitividade na nova economia e esta dependerá basicamente da capacidade de gerar, processar e aplicar eficientemente a informação baseada em conhecimento através do uso de ferramentas tecnológicas. Sendo assim, conclui-se que nesse novo modelo de sociedade, as diferenças entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento têm por base o grau de utilização do conhecimento e das tecnologias digitais no sistema produtivo da sociedade e, mediante a concentração maciça, nos países mais desenvolvidos, de bancos de dados sobre todo o conhecimento hoje disponível, a competição política e econômica mundial passa a ser não mais em função do volume de matéria-prima ou manufaturados produzidos, mas sim em função do volume de informação e conhecimento que esses países sejam capazes de produzir, armazenar e fazer circular como mercadoria. Corroborando com essa afirmação, Dantas (1996) afirma que
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